A ordem no Brasil é chegar junto contra o México
Durante as duas semanas de treinos antes da estreia na Copa do Mundo contra a Croácia, Luiz Felipe Scolari se irritou tentando acertar a recomposição da marcação do meio-campo quando os titulares eram contra-atacados. O treinador tinha razão quanto a sua preocupação, tanto que o gol croata surgiu assim. O comandante brasileiro pedia que seus comandados parassem a jogada para dar tempo de a defesa se recompor, mas o número de faltas cometidas pela seleção brasileira na estreia mostra que, pelo menos nesse ponto, os comandados não obedeceram Felipão.
Foram apenas cinco faltas cometidas em mais de 90 minutos de jogo — contra 21 do adversário. Desde que reestreou pela seleção brasileira no dia 6 de março de 2013, em amistoso com a Inglaterra, a Seleção não fazia tão poucas faltas. Na ocasião, foram apenas sete, mas o resultado veio com derrota, por 2 a 1, em Wembley.
A média de faltas da seleção brasileira na nova Era Felipão é de 16 por jogo. Mas se computarmos apenas a Copa das Confederações, esse número aumenta para 21 por partida. Na tensa final da Copa das Confederações, contra a Fúria, os comandados de Felipão pararam o jogo em 26 ocasiões, o que provocou muitas críticas da imprensa espanhola que quis associar a derrota por 3 a 0 a uma possível violência brasileira.
O problema no meio-campo brasileiro fez com que Felipão fizesse algumas experiências durante o período de treinos. Uma delas foi a entrada do zagueiro Henrique atuando como primeiro volante e formando uma forte dupla de marcação com Luiz Gustavo. Outra opção, embora não testada, seria colocar David Luiz como volante, posição em que atuou frequentemente na última temporada pelo Chelsea, com Dante entrando na zaga ao lado de Thiago Silva.
No entanto, para o jogo contra o México, a tendência é que Felipão mantenha o time, tentando acertar nos treinamentos e certamente pedindo que o time brasileiro pare mais o jogo quando for necessário.
Posse de bola, um trunfo
Em 15 meses de trabalho, Felipão conseguiu reimplantar característica histórica da Seleção: jogar com a bola. Nas 23 partidas com o treinador, a equipe verde e amarela teve maior posse em 19. Atualmente, a Espanha é a escola de futebol que mais adota esse modelo. Coincidentemente, justamente contra os espanhóis, os brasileiros tiveram apenas 47% do tempo com a bola. No entanto, marcaram três gols e venceram com facilidade.
Em outras duas oportunidades, contra Chile e Bolívia, o Brasil teve menos posse de bola, mas foram convocados somente jogadores que atuavam no país. Contra o México, na Copa das Confederações, cada um teve 50% de posse.
Artilheiro e líder na indisciplina
Neymar é o craque da seleção. No time de Felipão ele é camisa 10, bate pênaltis, faltas, escanteios… Ninguém desde que o treinador reassumiu a Seleção fez tantos gols como ele: 16 em 23 partidas. No entanto, Neymar também é líder em uma estatística preocupante. É o que mais recebeu amarelos, com cinco. O número é maior do que David Luiz, com quatro e Luiz Gustavo, três, sendo que esses dois atuam na marcação.
Esses números são explicados com a exigência que Felipão faz pela marcação na saída de bola. Mas às vezes, Neymar perde a cabeça, como contra a Croácia, quando levou amarelo ao acertar Modric. Neymar precisa pegar mais leve, já que na Copa dois amarelos significam suspensão automática.
O Dia