As relações entre as mídias e as sociedades têm se pautado por trocas simbólicas velozes.
No campo midiático, os contatos – na maioria das vezes- não exigem um repertório complexo, porque o importante é assinalar as formas referenciais da comunicação.
Há comunicações midiáticas de baixo impacto que invadem o cotidiano das pessoas substituindo o diálogo presencial, como o Whatzapp, Twitter e similares.
Essas comunicações mediadas a baixo custo geram a ilusão de uma comunicação direta e sem controle que preenche as retóricas do cotidiano ou, como poderiam dizer os gregos, a Oikonomia- o cuidado e manutenção dos setores privados do lar.
Mas é bom lembrar que toda essa comunicação tem o seu volume de troca simbólica realizado no espaço público, em virtude do rompimento das barreiras físicas e temporais pelas novas tecnologias.
São consideradas comunicações de baixo impactos estes diálogos construídos com a mediação de celulares, tablets, notebooks etc. porque não exigem por parte do Estado – ao menos é o que se espera – um rigoroso controle policial, antidemocrático. Mas elas modificam as formas de convivência no cotidiano.
Uma das modificações provocadas por estas comunicações de baixo impacto no cotidiano é a criação de um ‘individualismo mudo’, no qual o diálogo através da palavra dita, sem a mediação de um médium eletrônico, é quase impossível. Isso pode ser constado em ambientes de espera que buscam a atenção de algum especialista.
Ao entrarmos em um consultório ou escritório empresarial, até mesmo em uma sala de aula, podemos constatar que há uma espécie de ‘dobras do tempo’ – no sentido arquitetônico do Barroco – em que as pessoas consultando seus celulares não estão aptas a responder os nossos cumprimentos, quer sejam de bom-dia, quer sejam de boa-noite.
Nessas relações, contatamos que, desde estas mídias de baixo impacto (ou baixo custo), se desenha uma nova percepção temporal que vai distanciar os indivíduos de suas relações objetiva e criar uma ‘aparente’ subjetividade que gera o paroxismo da indiferença.
O paroxismo da indiferença se dá quando a maioria dos seres humanos (urbanos) abandona a importância do diálogo direto e passa a depender de uma relativa liberdade em dialogar com outras pessoas que não se encontram no mesmo espalho físico a través da mediação eletrônica.
A comunicação de baixo impacto, regida por necessidades ad hoc, gera o outro níveo de subjetividade que isola o presenteísmo dos corpos no espalho físico, ou seja: quem está presente pode ficar incomunicável se não estiver usando seu médium eletrônico para se comunicar como outrem.
Diferente das comunicações de alto-impacto – praticadas pelas mídias de mercado – que negociam informações – inclusive falsificadas – as comunicações de baixo-impacto têm servido para isolar do contexto físico, obrigando-os a um isolamento verbo- visual.
Este é o modelo do paroxismo da indiferença na comunicação cotidiana.
Wellington Pereira