GERAL

A metafísica do poder ou uma campanha já considerada perdida volta a correr risco

tarjaePauloAlves

Nos tempos de blogs, notícias instantâneas e virtualidades, as informações têm a rapidez e a durabilidade de um cometa, mas ninguém tem a paciência de esperar outro Halley, para satisfazer a urgência, a premência e a avidez por novidades e escândalos. Há que se inventar um Halley por semana, quando não por dia. E eu gostaria de tratar hoje de algumas coisas já passadas para os padrões virtualmente atuais.

Então quem é abola da vez o candidato Aécio e suas promessas que não iludem mais nenhum santo, ou o seu Sancho Pança-Tirano-sauro, FHC, que resolveu se revirar no túmulo e sair para explicar o inexplicável? Bastou a campanha do candidato Aécio Neves sair um pouquinho da zona do inesperado conforto de sobrepujar a candidata Dilma, ainda que tecnicamente empatados, dentro da margem de erros, nas primeiras pesquisas do segundo turno, para o seu caboclo bater pena, sair do limbo e publicar uma carta dando conta de que nada do que se diz de corrupção de sua gestão é verídica. Tudo bem. Quer dizer que para aprovar a reeleição do tucano-(de bico)-mor o Congresso Nacional, que não dá prego sem estopa, foi acometido repentinamente de uma crise de gratuidade, resolvera imitar a Madre Teresa de Calcutá e deixara o fisiologismo de lado, decidindo não cobrar bulhufas pela aprovação da emenda constitucional? Sei!?

Segundo um blogueiro do Portal Yahoo (que não se identifica), “Fernando Henrique dá a sua versão para os episódios citados pelo jornalista. A saber, trata-se do ‘Caso Sivam’, ‘Pasta Rosa’, ‘Compra de votos para a reeleição’, ‘Mensalão Mineiro’ e ‘Cartel do PSDB em São Paulo’”. Vejamos parte da carta do caríssimo FHC, (que saudade!) reafirmando sua imaculada re-puta-(a)ção. Lançada na mídia ontem, 20/10, após o  jornalista e historiador Elio Gaspari desferir pedras certeiras no frágil e enorme telhado de vidro do PSDB e afiliados.

a) Quanto ao “caso Sivan”, não só que a contratação da Raytheon se deu no governo Itamar, como que ao governo nunca foi atribuído haver participado de malfeitos. A “prensa” para que o processo andasse se referia à aprovação do mesmo pelo Senado, posto que o relator do caso demorava em se pronunciar.Houve inquérito, o servidor mostrou inocência.

b) A “pasta rosa”, como dito no artigo, se refere a supostos recursos de campanha destinados, antes de meu governo, a candidatos parlamentares de vários partidos; o inquérito, no caso, competia à Justiça Eleitoral e a legislação nas eleições até 1994 era diferente da atual, não sendo fácil, de serem verdadeiras as suposições, tipificar os atos como crimes eleitorais.

c) Quanto à alegada compra de votos para a reeleição, além dos acusados não serem do PSDB e terem sido objeto de inquérito no Congresso que os levou à renúncia, quanto à insinuação vaga de que teria havido envolvimento de um ministro no processo de suborno, o ministro aludido foi espontaneamente à Comissão de Justiça da Câmara e rechaçou as aleivosias. Nunca houve acusação formal ao ministro, que eu saiba.

d) No que se refere ao chamado “mensalão mineiro”, ainda “sub judice”, minha opinião, independentemente de endossar as acusações, foi, desde o início, de que deveria haver apuração e julgamento. Diga-se que, quando surgiu o caso, eu não era mais presidente. e) Por fim, não existe um “cartel do PSDB” de São Paulo na compra de trens ou do metrô. Segundo o relatório técnico do Cade, há acusação a empresas que formaram cartel para operar tanto em obras federais como estaduais. Provavelmente houve suborno de funcionários desses dois níveis de governo, mas não há acusação a partidos.

Só faltou o FHC afirmar que a acusação de Juca Kfouri ao candidato tucano de ter espancado a namorada, Joyce Pascowitch, em 2009, num evento público, foi delírio jornalístico e que o fato de o mesmo candidato ter estacionado em vaga reservada a deficiente físico e despois de ser notado por um jornalista, que o denunciou, após o que o mesmo Aécio “pediu sua cabeça” ao órgão em que o rapaz trabalhava, isso também é pura metafisica. Ora, ora… A assessoria de Aécio ameaçou processar Kfouri, este confirmou a denúncia e ficou por isso mesmo. Aliás, foi com mão de ferro que o governo Aécio conduziu a imprensa mineira, tentando amordaçá-la.

O melhor seria o PSDB assumir-se partido de elite, contra qualquer coisa que vá ao encontro do pobre. Talvez ganharia assim, pois brasileiro odeia pobre e adora elite! Mas enquanto eles continuarem como gato que se esconde e deixa a cauda de foram, parece não ter muita chance de ganhar. Pelo menos nas pesquisas o candidato já começa a descer a ladeira. Político não suporta uma critica. E o PSDB usa de toda a arrogância possível para desqualificá-la. O próprio FHC, quando reinava, ao receber uma crítica, dizia que quem o criticou não era doutor, portanto a crítica não procedia. Aécio não resiste a uma crítica. Quando está na posição de vidraça, (bastou a candidata Dilma fazer-lhe críticas robustas) perde apoio e cai nas pesquisas. Mas a blindagem só existe, candidato, se o vidro resiste a pedradas e a outras coisas do gênero.

Era só o que faltava: um presidente espancador de mulher e ostensivamente desrespeitador dos mais fracos e além do mais vingativo.

Redação DiárioPB

Portal de notícias da Paraíba, Brasil e o mundo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo