A difícil arte da imparcialidade
A tal da imparcialidade é um “trem” que os ser humano inventou, mas não gosta de usar. É que ela é incômoda e desconcertante: incomoda a quem houve e desconcerta a quem diz. Já imaginou você gostar de alguém, defendê-lo e ter de dizer verdades que esse alguém não quer ouvir?
Pois bem, é como eu me sinto diante do governo Dilma. Justifiquei, aqui mesmo neste blog, sua candidatura e o voto dado a ela, Incentivei pessoas a votar, conseguir votos em minha família, reduto em que ela jamais teria tido votos. E, apesar de tudo ainda apoio seu governo. Mas ela não disse ainda a que veio, aliás, a que ficou. Mas quero deixar bem claro, para que não se entenda erroneamente o que digo: o mal que está aí é um mal herdado de cinco séculos. Não foi criado pelo PT, tampouco pelo governo Dilma. Mas caramba! Não temos a esquerda no poder? E para que serve a esquerda? Se for para repeti os erros e aleijões da direita, não serve. Afinal de conta muda-se para melhorar, não para outro grupo sentar no poder e repeti as comilanças da direita parasitária. Afinal, nesse país todo mundo come só não o povo. Segundo o excelente Lima Barreto, no Brasil “Comem’ os juristas, ‘comem’ os filósofos, ‘comem’ os médicos, ‘comem’ os advogados, ‘comem’ os poetas, ‘comem’ os romancistas, ‘comem’ os engenheiros, ‘comem’ os jornalistas: o Brasil é uma vasta ‘comilança’”. Pois é, só não come quem tem fome.
Sabemos que economia não é o forte da Presidenta, mas, meu Deus do céu, porque ela não se acercou de quem entende do assunto? E por que ela não já começou a regular as coisas desde o seu primeiro mandato? Agora tem que fazer tudo a toque de caixa e numa sangria danada sobre a massa trabalhadora, e se esquerda significa o que o PT garganteou por mais de vinte anos, já passou da hora de penalizar também os ricos, e por que não se faz nada. Ora, porque o PT, como todos os outros partidos, governa para os ricos, tá na cara! A herança que ele encontrou foi maldita, mas doze anos… já dava para ter feito mudanças profundas no sistema. E o que foi que se fez? Algumas pequenas concessões. Isso aqui sempre seguiu a “via prussiana[1]”, em termos de mudança, para usar uma expressão de Carlos Nelson Coutinho.
Em termos de economia o que está sendo feito? Duas coisas: cortes no orçamento, que além de pequeno quando chega a seu destino final chega apenas 30 ou 40% e mesmo assim é mal empregado; e aumentar de impostos. Gostaram da novidade? Essa é uma técnica político-econômica tão velha e nociva quanto Portugal. Aliás, veio de lá essa obra-prima, como tudo o que não presta neste país. Ora, isso não é política econômica, pelo simples fato de que isso eu também sei fazer, e não sou político (graças a Deus) nem economista. Precisa-se de algo que melhore a economia. Ao contrário a Presidenta terá sérias dificuldades em seu mandato, porque a sociedade é preconceituosa com o PT e com a mulher, e se lhe der motivo justifica o preconceito.
Repito aqui o que diz a música do Legião Urbana, Que país é esse? Por exemplo, o preço da energia varia de acordo com o clima, engraçado não? Só para quem, recebe! Imoral né? Estamos no século XXI e continuamos como os homens da caverna, dependendo totalmente da natureza. Se chove muito paga-se caro, se tem seca extorque a população. Se dá um trovão balança as estruturas, se relampeja ofusca o Ministério das Minas e Energia, se cai um raio, lá no raio que o parta, temos apagão total. Nessa pisada, o governo terá de inaugurar uma linha direta com São Pedro para se entender diretamente com ele, pois como não está sabendo manejar o Congresso Nacional: o governo e o povo está refém daqueles achacadores. Então, tem de se entender agora com o sobrenatural.
Em país, sério chova ou faça sol, paga-se o mesmo pela energia sem atrelagem climática. Mas sabe por quê? Porque lá existem dois elementos, na política governamental, que por aqui ninguém conhece: planejamento e vergonha na cara. A política brasileira só se planeja quando o assunto é desfalque nas contas públicas e desvio de verbas: nestes casos, a nossa política é organizada, planejada, metódica e sistemática! Capaz de fazer a japoneses e alemães. Taí, em alguma coisa teríamos de ser eficiente!!!
Só lembro uma coisa. Economia em alta e dinheiro no bolso ainda é a panaceia para quase todos os problemas, o país seguindo nessas condições não há oposição que possa achacar o governo, pois este se torna forte. A satisfação ou a insatisfação dos que, de fato, trabalham, ainda é o parâmetro seguro para aferi a eficiência humana de um governo. E para respeitar sua história, o PT não pode, não deve, não lhe é permitido moralmente esquecer este pequenino detalhe: O POVO.
[1] Via prussiana é quando as mudanças sociais são feitas de acordo com a vontade da classe dominante, ou seja, nunca se muda nada, porque a elite só permite as mudanças que não mexa na estrutura, de modo que o controle de tudo continue na mão dela. Diferente do modelo da “via francesa” e da “via russa”, em que as mudanças ocorreram na base, ou ninguém lembra o que aconteceu aos pescoços de Luís XVI e de Maria Antonieta? E ao governo do Czar russo Nicolau II, que apesar de ser apelidado de “o Sanguinário”, viu-se obrigado a renunciar, o que levou à queda da dinastia Romanov. Não suportando assim as pressões populares. Lá sim, ocorreram solutio in radix.