CULTURA

Festival de Música da Paraíba homenageia Zé do Norte

Quem deseja realizar sonhos, tem que correr atrás dos seus objetivos. É o que fez o paraibano de Cajazeiras Alfredo Ricardo do Nascimento, mais conhecido como Zé do Norte (na foto), que será o homenageado na sexta edição do Festival de Música da Paraíba, iniciativa do governo do estado, por meio da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Secretaria Institucional de Comunicação (Secom-PB) e Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc).

Apesar de perder os pais aos 11 anos de idade, jamais desistiu de ser um poeta, compositor, cantor e escritor. Nunca estudou música, mas desde pequeno gostou de acompanhar os cantores e cantorias. Zé chegou a se formar em enfermagem e cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Ao passar por várias emissoras de rádio pelo país, o cajazeirense publicou o livro ‘Brasil Sertanejo’.

De acordo com a jornalista e professora de Sociologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em Cajazeiras, Mariana Moreira Neto, Zé do Norte traduz por meio da música que a Região Nordeste é ativa e fértil em criatividade. Não foi à toa que vários cantores conhecidos do país gravaram as músicas de Zé do Norte, como afirma Mariana. O paraibano nasceu no dia 18 de dezembro de 1908, em Cajazeiras, e morreu no dia 2 de outubro de 1992, no Rio de Janeiro (RJ).

Infância pobre

O menino Alfredo Ricardo, órfão de pai e de mãe, teve uma infância muito pobre. Trabalhou na enxada, apanhou algodão, conduziu tropas de burro. Gostava de cantar desde a infância, mas sem imaginar que isso pudesse ser meio de vida. Em 1921, foi para Fortaleza (CE) e alistou-se no Exército, indo servir no Rio de Janeiro. Convidado, atuou em programa de rádio, obtendo grande sucesso com uma embolada de sua autoria. Acabou sendo levado para a Rádio Tupi onde cantou adotando o pseudônimo de Zé do Norte, em 1940.

Em 1941 ele foi para a Rádio Transmissora Brasileira (atual Rádio Globo) e participou de programas, como ‘Desligue, Faz Favor’ e ‘Hora Sertaneja’. Passou depois para as rádios Fluminense, Clube do Brasil, Guanabara, atuando como animador, organizador, cantor e declamador. Nesse tempo, Zé do Norte lançou em programa de rádio o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga, o futuro Rei do Baião.

Seu livro ‘Brasil Sertanejo’ foi publicado em 1948 e cinco anos depois atuou como consultor do linguajar nordestino e compositor no filme ‘O Cangaceiro’, de Lima Barreto (1953). Sua música ‘Mulher Rendeira’ (sobre motivo atribuído a Virgulino Ferreira, o Lampião) ficou mundialmente conhecida após ser incluída no filme de Barreto.

Entre suas mais de 100 composições, a segunda mais famosa é ‘Sodade Meu Bem, Sodade’ (1953), regravada por vários intérpretes, como Nana Caymmi, Pena Branca e Xavantinho, Socorro Lira, Marcus Lucenna, Xangai e Maria Bethânia. Suas músicas foram interpretadas por uma gama variada de artistas, incluindo Raul Seixas (ele gravou uma bela versão de ‘Lua Bonita’, no disco ‘A Pedra do Gênesis’, de 1988), Caetano Veloso (ele inseriu a música ‘Sodade, Meu Bem, Sodade’, no disco ‘Transa’, de 1972, ao longo da execução de sua música It’s a Long Way, muito embora não tenha dado os devidos créditos ao autor), Geraldo Azevedo (‘Meu Pião’) e Joan Baez.

Festival de Música

A sexta edição do Festival de Música da Paraíba terá premiações que somam um total de R$ 30 mil. Além das três canções vencedoras, será premiado o melhor intérprete e a canção escolhida por votação pela internet.

A competição será realizada nos dias 26 de maio (primeira eliminatória) e 27 de maio (segunda eliminatória), na Praça Dom Adauto (Praça Xamegão), em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba. A final será no dia 3 de junho, no Teatro de Arena, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa.

O festival pretende incentivar a criação musical e revelar talentos, além de promover intercâmbio cultural entre artistas de João Pessoa e dos outros municípios da Paraíba, para o fortalecimento da cultura do estado. As inscrições no festival foram feitas de 6 de fevereiro a 6 de março de 2023 por um formulário de inscrição online. Foi permitida apenas uma única música por artista inscrito.

Uma comissão irá realizar a análise dos documentos das inscrições dos participantes. Para análise da canção serão convidados três curadores de outros estados para a seleção de 30 canções finalistas e dez suplentes.

O VI Festival de Música da Paraíba será transmitido pela internet e contará com a presença física do público. Será disponibilizada uma ajuda de custo de R$ 500,00 para candidatos selecionados que não residirem nas cidades sede das eliminatórias e final. Essa ajuda é para transporte, hospedagem e alimentação dos concorrentes.

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