JUSTIÇA

Bento Albuquerque mentiu em carta a árabes e disse que joias entraram para o acervo brasileiro

Na carta, ex-ministro de Bolsonaro omitiu a apreensão das joias pela Receita Federal e afirmou que elas haviam sido incorporadas ao acervo brasileiro "de acordo com a legislação"

O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque enviou uma carta ao príncipe da Arábia Saudita, Abudulaziz bin Salman Al Saud, afirmando que as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, dadas pela monarquia saudita ao casal Jair e Michelle Bolsonaro, haviam sido incorporadas ao acervo brasileiro, mas omitiu que, na realidade, elas haviam sido retidas pela Receita Federal.Segundo o jornal O Globo, na correspondência, datada de 22 de novembro de 2021, Bento Gonçalves afirma que as joias haviam sido incorporadas ao acervo brasileiro “de acordo com a legislação nacional e o código de conduta da administração pública” e também agradece a participação como representante do governo brasileiro em um evento no evento Oriente Médio.

As joias foram apreendidas pela Receita Federal em 2021, quando um assessor do então ministro  tentou entrar com os objetos escondidos em um estojo dentro de uma mochila. Um outro pacote de joias masculinas, contudo, foi entregue à Presidência da República. Em nota, Albuquerque afirmou que “o governo brasileiro tomou as medidas cabíveis e de praxe, como sempre ocorreu, em relação aos presentes institucionais ofertados à Representação Brasileira, integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia, que participou de evento diplomático na Arábia Saudita, em outubro de 2021. Em função dos valores histórico, cultural e artístico dos itens, o Ministério encaminhou solicitação para que o acervo recebido tivesse o seu adequado destino legal”.

A Receita Federal informou que está buscando domicílio fiscal do ex-ministro do governo Bolsonaro para que ele seja intimado a prestar esclarecimentos sobre a entrada ilegal dos objetos preciosos no país. A Polícia Federal também abriu um inquérito para investigar o ingresso irregular das joias no Brasil, além de apurar se os objetos ofertados foram  uma retribuição por alguma vantagem econômica cedida pelo governo brasileiro ao país árabe.

Brasil  247

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