RELIGIÃO

Assembleia de Deus diz em carta que punirá membros que defenderem ‘pautas de esquerda’

Documento associa esquerda à 'destruição da família tradicional' e 'erotização das crianças'.

O Ministério do Belém da Assembleia de Deus de São Paulo afirmou em carta que membros da igreja que defenderem “pautas de esquerda” serão punidos. O caso foi relevado pelo jornal “Folha de S.Paulo” em reportagem publicada na terça-feira (4).

O ministério é um importante braço da Assembleia de Deus em São Paulo e reúne mais de 120 igrejas espalhadas pelo estado.

O documento, ao qual o g1 teve acesso, foi divulgado internamente na terça-feira, durante o plenário da 49ª Assembleia Geral Ordinária da Confradesp (Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo).

A carta associa a esquerda à “destruição da família tradicional”, “erotização das crianças”, “ideologia de gênero”, “liberação das drogas ilícitas” e “censura à liberdade religiosa”.

Carta do Ministério do Belém da Assembleia de Deus diz que membros que defenderem 'pautas de esquerda' serão punidos — Foto: Reprodução
Carta do Ministério do Belém da Assembleia de Deus diz que membros que defenderem ‘pautas de esquerda’ serão punidos — Foto: Reprodução

“[O plenário] não admitirá em seus quadros ministros que defendam, pratiquem ou apoiem, por quaisquer meios, ideologias contrárias aos princípios da palavra de Deus e aos preceitos morais e éticos defendidos pela Confradesp”, diz o texto.

O g1 entrou em contato com o Confradesp por telefone e pela página de contato do site da convenção, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

A divulgação da carta acontece logo após a definição do segundo turno das eleições entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que disputam os votos evangélicos.

Ainda na terça, publicações em redes sociais com conteúdo falso tentaram vincular Lula (PT) ao satanismo. O caso ganhou força em meio a uma polêmica envolvendo um vídeo antigo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa durante visita à uma loja da Maçonaria.

O conteúdo é anterior à primeira candidatura de Bolsonaro à Presidência, em 2018. No vídeo, ele diz que não tinha intenção de concorrer à chefia do Executivo.

Já Lula foi associado a um homem identificado como Vicky Vanilla, que seria satanista. Em nota, o PT disse que não há relação entre o homem e o ex-presidente, e acusa grupos bolsonaristas no Telegram e WhatsApp de compartilharem a mentira.

Vicky Vanilla divulgou um vídeo nesta terça (4) em que afirma ter recebido ameaças e desmentindo o boato.

“Esse pronunciamento faz parte de uma live que fiz e está sendo usado fora de contexto”, diz. “O vídeo está sendo espalhado como uma fake news a meu respeito e a respeito do candidato Lula, que não tem qualquer ligação com a nossa casa espiritual.”

por G1

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