Antônio Barros e Cecéu são satanizados nas redes sociais por terem subido em trio elétrico em apoio a Bolsonaro
Fato em destaque na noite do feriado 7 de setembro se deu por conta da famosa dupla paraibana de forrozeiros Antônio Barros e Cecéu ter subido em um trio elétrico em apoio ao presidente Bolsonaro durante as manifestações do dia. O impacto foi tamanho e vem aumentando o número de postagens nas redes sociais com crescente acirramento.
O jornalista Gil Sabino, editor do projeto Agenda Viva-WSCOM, escreveu para esta editoria sobre o assunto. Leia a seguir:
“Antonio Barros e Ceceu, satanizados por atitude caduca
Eu andava nos anos 80, com o cantor compositor Gonzaguinha. Trabalhava na EMI Odeon, a gravadora da qual era ele contratado, e por conta disso, muita vez estávamos juntos a caminho das emissoras de rádio, jornais, televisões, etc., cumprindo pauta de entrevistas, shows, e outros compromissos. Conversávamos muito sobre tudo. Ficamos amigos.
Trabalhei também com o seu pai, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e até viajamos na turnée nordestina de “A Vida do Viajante”. Trabalhamos também com muito outros artistas, tanto famosos como iniciantes, de forrozeiros e sambistas, a pop stars da mpb, rock, clássicos, todos os ritmos. Tratávamos de divulgar seus discos e shows, e cuidávamos de suas imagens. Assim, aprendemos muito sobre proteger e promover as imagens dos artistas no mercado.
Há artistas politizados, conscientes, com discursos próprios. Pessoas que vieram de situações difíceis de vida, de privação, mesmo, e conseguiram atingir o degrau da fama. Há também àqueles que se dão facilmente só por dinheiro, fama, sucesso.
Seja como for, acreditamos que artistas sem base filosófica não devam envolver-se em campanhas políticas, geralmente passageiras, comprometedoras, de perfil abominável e que promovem desgaste de imagem manchando seus currículos. Deve-se respeitar o público, que contém entre si, pessoas de um e outro lados partidários, mas que alí, seguindo os artistas como fãs que são, independem de cor, de ideologia, ou qualquer questionamento político.
Recentemente temos visto artistas sofrerem decepções por estar apoiando esse ou aquele candidato. Exemplo de Fagner, Lobão, Sérgio Reis e uns sertanejos (que alguns preconceituosamente apedrejam chamando-os de sertanojos ), e outros. Lamentável.
O foco neste feriado de 7 de setembro sobrou aqui na Paraíba para a dupla Antônio Barros e Ceceu, que subiu em um trio elétrico para apoiar o presidente Bolsonaro, e em seguida, Ceceu concedendo entrevista, dizendo que estava alí para defender o Brasil.
Bem interessante e contraditório, uma vez que até outro dia a dupla brigava na imprensa, discutindo o descaso do governo com as questões ligadas a preservação dos direitos autorais, quando se sabe que eles são uma dupla de compositores dos que mais deveriam arrecadar, por conta do número de músicas registradas e gravadas, o que não tem acontecido. São sucessos como “Homem com H, Amor com Café, Bulir com Tu, Por Debaixo dos Panos”, e muito outros que passam a marca de 700 títulos.
Nas redes sociais o impacto foi grande. Gente decepcionada reclamando o posicionamento da dupla, gente disparando adjetivos de baixo calão, outros dizendo que deixariam de ser seus fãs, e por aí. Sim, um volume de muita força e mobilizando muitas opiniões.
Ah! Mas há aqueles que dirão que os artistas são livres para fazer suas escolhas, que tem o direito de assumir ser a favor ou contra tal candidato, tudo bem. Não importa. Estamos no uso da democracia. Porém, sataniza-los ou não, é também um direito. Como assumir as consequências será a parte que caberá a cada um dos artistas que se atirem e exponham seus nomes às grandes massas.
Não sabemos o que levou Antônio Barros e Ceceu a subir no trio bolsonarista. Até que ponto teriam pesado suas razões para chegar a tanto. O que os teria levado a sair de debaixo dos panos para tamanho apoio. O que lamentamos é realmente que a este ponto de suas carreiras tenham tomado uma atitude tão caduca quanto. É isso!”
WScom