COLUNASCRÔNICAS DO COTIDIANO

A SOCIEDADE DO MEDO


A boçalidade sempre foi um eficaz instrumento para tomada e manutenção do poder.  Defendendo posições insustentáveis perante a razão e a ciência de uma forma geral, os boçais se valem da agressividade para tentarem impor medo e assim fragilizar o poder de reação dos que se colocam em situação de divergência ao que praticam ou falam. Destilam ódio e ressentimento a todo instante. Estrategicamente tentam incutir na população a sensação de insegurança, levando-a a viver em permanente estado de alerta em razão das ameaças propagadas. Alteram a realidade dos fatos com o propósito de se apresentarem como “salvadores da pátria”.

Induzem ao pânico e desconsideram a ética. Constroem inimigos de acordo com as suas conveniências políticas. A intenção é formar uma opinião pública submissa e dominada, incapaz de exercer qualquer ato de contestação. E, por isso mesmo, se tornando cruel e preconceituosa. Inserir o medo, portanto, é essencial para utiliza-lo como recurso para a implantação de um estado de exceção e mecanismo de ampliação de poder e controle das massas.

Maquiavel dizia que o “príncipe deve instigar o medo nos seus súditos, pois o temor é mais potente e duradouro que o amor, já que os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha”. Procuram legitimar o autoritarismo e a arbitrariedade contra a sociedade. Perigos ilusórios são criados com o intuito de manipular a população em favor dos interesses de grupos dominantes.

Insistem na retórica de que o “inimigo” tem que ser combatido por meio de forças dotadas de violência e de restrição de liberdades. Exploram a histeria coletiva pela ditadura do medo, em nome de uma proteção que não existe. A intimidação é uma velha arma para que os autocratas imponham seus ditames.

É importante, então, que a sociedade reaja e saia desse estado de medo que teimam em estabelecer. A luta dos vocacionados para ditadores é fazer com que a população assuma postura de passividade, impondo falsas ameaças. O desafio de reconstruir caminhos da democracia, com uma sociedade mais justa e igualitária, passa, necessariamente, pela compreensão de que precisamos ser um povo sem medo. O que amedronta os déspotas é o povo nas ruas.

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Rui Leitao

Rui Leitão nasceu em Patos e é radicado em João Pessoa. Jornalista, já foi responsável pela superintendência da Rádio Tabajara. Atualmente atua na Prefeitura da capital. Assinou colunas nos portais Paraibaonline de Campina Grande e Portalbip.

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