MPF denuncia 36 na Lava Jato por corrupção, lavagem e quadrilha
O Ministério Público Federal do Paraná ofereceu nesta quinta-feira (11) denúncias contra 36 investigados na sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal para investigar lavagem de dinheiro e evasão de divisas e que resultou na descoberta de um esquema de desvio de dinheiro e superfaturamento de obras da Petrobras.
Se o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância do Judiciário, aceitar as denúncias do Ministério Público, os investigados passarão à condição de réus no processo. A expectativa é que Moro aceite as denúncias até esta sexta (12).
Nesta quinta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, esteve em Curitiba (PR) para se reunir com a força-tarefa do MPF do Paraná que atua no caso, a fim de discutir quais medidas podem ser tomadas a partir do oferecimento das denúncias.
Nelas, os procuradores da República listaram três crimes imputados aos investigados: corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público Federal, das 36 pessoas denunciadas, 23 são ligadas às empreiteiras Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC (veja abaixo lista com os nomes dos denunciados).
O que dizem as empresas
A Engevix informou que, por meio dos seus advogados, prestará os esclarecimentos necessários à Justiça.
A Mendes Junior disse que não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento.
A Galvão Engenharia afirmou que não irá se pronunciar.
A Camargo Corrêa divulgou nota com o seguinte teor: “A Construtora Camargo Corrêa esclarece que pela primeira vez seus executivos terão a oportunidade de conhecer todos os elementos do referido processo e apresentar sua defesa com a expectativa de um julgamento justo e equilibrado.”
A OAS informou em nota que “ainda não foi formalmente notificada do oferecimento da denúncia pelo MPF e não pode se manifestar”.
Procurada pelo G1, a UTC informou que “os advogados da empresa não tiveram acesso à denúncia e só se manifestarão depois de analisá-la”.
Recuperar R$ 1,18 bilhão
Com as ações na Justiça, os procuradores tentarão recuperar R$ 1,18 bilhão.
(Atualização: ao ser publicada, esta reportagem informou que a quantia a ser recuperada era de R$ 971,5 milhões, conforme anunciou inicialmente o Ministério Público Federal. No início da noite, a assessoria do MPF informou que o valor correto é R$ 1,18 bilhão. A informação foi corrigida às 19h59.)
OS 36 DENUNCIADOS NA OPERAÇÃO LAVA JATO |
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Nome |
Atividade |
Alberto Youssef(preso) |
Doleiro |
Paulo Roberto Costa(prisão domiciliar) |
ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras |
Waldomiro de Oliveira |
dono da MO Consultoria |
Carlos Alberto Pereira da Costa |
representante formal da GFD Investimentos e subordinado de Alberto Youssef |
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado |
apontado como operador das contas de doleiro Youssef no exterior |
Enivaldo Quadrado |
ex-dono da corretora Bônus Banval, atuava na área financeira da empresa GDF e foi condenado no processo do mensalão |
Sérgio Cunha Mendes(preso) |
diretor vice-presidente executivo da Mendes Júnior |
Rogério Cunha de Oliveira |
diretor da área de óleo e gás da Mendes Júnior |
Angelo Alves Mendes |
vice-presidente da Mendes Júnior |
Alberto Elísio Vilaça Gomes |
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José Humberto Cruvinel Resende |
da Mendes Júnior
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Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini |
advogado que teria recebido valores de Youssef |
Mário Lúcio de Oliveira |
diretor de uma agência de viagens que atuava na empresa GDF, segundo delação de Youssef |
Ricardo Ribeiro Pessoa(preso) |
presidente da construtora UTC, que fez empréstimos ao doleiro |
João de Teive e Argollo |
diretor de Novos Negócios na UTC |
Sandra Raphael Guimarães |
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João Ricardo Auler(preso) |
presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa |
Dalton Santos Avancini(preso) |
presidente da Camargo Corrêa |
Eduardo Hermelino Leite, o “Leitoso”(preso) |
vice-presidente da Camargo Corrêa |
Mário Andrade Bonilho |
sócio e administrador da empresa Sanko-Sider |
Jayme Alves de Oliveira Filho |
atuaria com Youssef na lavagem de dinheiro |
Adarico Negromonte Filho |
irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), apontado como emissário de Youssef |
José Adelmário Pinheiro Filho (Leo Pinheiro)(preso) |
presidente da construtora OAS |
Agenor Franklin Magalhães Medeiros(preso) |
diretor-presidente da área internacional da OAS |
Mateus Coutinho de Sá Oliveira(preso) |
funcionário da OAS em São Paulo |
José Ricardo Nogueira Breghirolli(preso) |
apontado como contato de Youssef com a OAS |
Fernando Augusto Stremel Andrade |
funcionário da OAS |
João Alberto Lazzari |
representante da OAS |
Gerson de Mello Almada(preso)
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vice-presidente da Engevix Engenharia
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Carlos Eduardo Strauch Albero |
diretor-técnico da Engevix |
Newton Prado Junior |
diretor-técnico da Engevix |
Luiz Roberto Pereira |
ex-diretor da Engevix |
Erton Medeiros Fonseca(preso) |
diretor de negócios da Galvão Engenharia |
Jean Alberto Luscher Castro |
diretor presidente da Galvão Engenharia |
Dario de Queiroz Galvão Filho |
da Galvão Engenharia |
Eduardo de Queiroz Galvão |
da Galvão Engenharia |
Fonte: Ministério Público Federal |