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Marina Silva: Religião e política ou o fruto indesejável

tarjaePauloAlves

Ao pensar em Marina Silva (candidata à presidência) impossível não ocupar nossas sinapsescom a imbricação entre religião e política. Sim, 1. porque isso é mais que provável acontecer, caso ela venha ser eleita; 2.

Foto: Sérgio Ricardo/Diário PB
Foto: Sérgio Ricardo/Diário PB

porque a forma inflexível e sem sustentação lógica com que ela trata seu programa de governo aponta para isso [em seu discurso ela mistura elementos heterogêneos e inconciliável política e socialmente, mesmo que os discursos de políticos brasileiros não estão voltados à lógica, mas tão somente a ludibriar o eleitor e angariar seu voto (ela quer conciliar nova política e estilo FHC)]; 3. e porque seu aspecto físico, estético e fisionômico revela-o incontinenti.

E isso é algo que deveríamos evitar a qualquer custo: união entre religião e política. Ambas são feitas de violências e as igrejas sempre justificam suas barbáries em nome de do Divino, sob o manto obscuro da vontade de Deus. Isso fica mais complicado em se tratando dos pentecostais e neopentecostais, que afirmam comunicarem-se diretamente com Deus. Quanta pretensão! Logo, se a candidata eleita for, tudo que ela fizer, quem não concordar, que se entender com Deus. Dá para ti, caro leitor?

Os autodenominados “evangélicos” querem fazer os incautos assimilarem que ética só é possível com religião. Lamento informar que ética e religião se é que tenham alguma relação causal, há séculos estão divorciadas. Tomemos como exemplo a França. No tempo em que a monarquia era influenciada pela Igreja, a corrupção, o autoritarismo, o privilégio de alguns e a miséria da maioria compunham a paisagem social do país; atualmente que se expurgouDeus e a religião da política e da sociedade, a sociedade vive no fausto e com certa justiça social. Contudo, não estou dizendo que se deve abandonar a ideia de Deus, nem que se abandone a religião, que por ventura alguém tenha. Simplesmente que se tenha a maturidade e a honestidade de se traçar uma clara linha divisória entre religião e política e não permitir que uma invada o espaço da outra. Na religião deve pontificar a Fé, na política, a Ética. Fé e ética pode até se entreajudarem, mas sem imposição nem perseguições: os recursos provindos dos impostos são pagos por todos. Dizia Henri de Lubac, grande teólogo francês, do século XX, que se um dia deixasse de acreditar em Deus continuaria acreditando no homem.

E, segundo São João, o amor a Deus se comprova na expressão do amor ao próximo. Ao texto: Se alguém disser: ‘Amo a deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1Jo 4,20). E esses ditos “evangélicos” odeiam a todos que não façam parte do grupo deles. Em termos de fé prefiro seguir São Tiago, este sim escreveu Epístola de valor, mas parece que quase todos que se dizem cristão a esqueceram, os pastores então… só sabem julgar e condenar. Vamos a Tiago: Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria capaz de salvá-lo? […] Assim também a fé: se não se traduz em ações, por si só está morta. Pelo contrário, assim é que se deve dizer: ‘Tu tens a fé, e eu tenho ações! Mostra-me a tua fé sem as ações, que eu te mostrarei a minha fé a partir de minhas ações!’ (Tg 2, 14.17-18).

Tenho muito receio, quando percebo que a política(gem) nacional está sendo invadida por ditos pastores e outras gentes afins. Todos sabemos que eles lá estão,usando o nome de Deus, a boa fé e a ignorância da população,maquiavelicamente “cavando” dinheiro e poder para mandar na sociedade. E se isso acontecer vamos ter de retornar ao século XVI: ensinar nas escolas públicas o Criacionismo, as mulheres terão de usar saião pelo tornozelo e cocó na cabeça, os homens voltarão a vestir paletó ou casaca, os homossexuais serão obrigados a dar meia volta ao armário, e ninguém poderá sorrir: o riso é a manifestação do demônio! Só será permitido orar, entrar em transe, gritar histericamente, cair no chão e andar em jatinho pejado de dólares, e quem recalcitrar terá como destino a fogueira. Sim, porque eles são ungidos, os outros são ímpios, e eles “têm carta precatória de Deus” para limar quem não reza pela cartilha deles.

Mesmo os menos informados já deve ter ouvido alguma coisa sobre a Igreja Católica e a Idade Média, período do apogeu político dessa. Mas quero informar a todos que as atrocidades desse período longe de estão de terem sido privilégio da instituição católica; os protestantes queimaram gente à vontade, sobretudo nos Estados Unidos para onde foram expurgados os puritanos que ninguém os suportava mais na Inglaterra. Para quem tenha curiosidade e não quer se lançar a uma pesquisa mais extensa, basta ler o livro As bruxas de Salémde Arthur Muller, ou dar uma olhada no filme homônimo, pois eles também são filhos de Adão e se isso é verdade são irmão de Caim. Ou seja, eles também destruíram a vida para aumentar a Glória de Deus. Aliás, de todos os frutos produzidos na terra, o mais horrendo é aquele, cuja árvore é o conúbio espúrio entre política e religião.

Todos nós temos que aprender que religião além de ser de foro íntimo, isto é, não se deve impor a ninguém, como bem escreveram os filósofos E. Kant e F. Hegel, ela não salva ninguém (Mt 7,21). Ademais, o que eu jamais aceitarei é que este paísse torne uma republiqueta fundamentalista. Eu já estou bem crescido para ser teleguiado por um analfabeto que frequente o púlpito. Se esta mulher chegar ao poder A Noite de São Bartolomeu poderá ter uma versão nos trópicos.

Aliás candidata, diz o evangelho que a verdade vos libertará (Jo 8,32), como a senhora se auto intitula evangélica, presenteie-nos com a verdade sobre o que de fato envolvia o avião em que viajava o então candidato do seu atual partido: Eduardo Campos. Todos esperamos.

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Redação DiárioPB

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