PHAN reconhece feira de Campina Grande como patrimônio cultural do Brasil
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu nesta quarta-feira (27) reconhecer a feira de Campina Grande como patrimônio cultural imaterial do Brasil. A notícia foi dada pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB) em suas redes sociais.
“Saindo agora do Iphan, onde acabamos de ter uma grande vitória. A feira de Campina Grande foi reconhecida como patrimônio cultural do Brasil”, resumiu.
De acordo com Cássio, foi um momento de emoção quando o conselheiro Ulpiano Meneses leu a conclusão de seu voto.
“Foi um relatório denso, duro, mas afetuoso. Foi um instante de profunda emoção.
Além do senador, estiveram presentes o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), a presidente da Câmara da cidade, Ivonete Ludgério (PSD) e os deputados federais Damião Feliciano (PDT) e Veneziano Vital do Rêgo (PMDB).
O pedido de reconhecimento pelo Iphan foi feito formalmente há dez anos, em uma articulação entre a Prefeitura Municipal de Campina Grande e grupos de feirantes e fregueses. A partir daí, foi iniciado um intenso processo colaborativo de diálogos e pesquisas, que agora reúne as principais referências culturais presentes na Feira campinense, além de propostas para sua salvaguarda.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para as questões relativas ao patrimônio brasileiro material e imaterial.
História
Cerca de 75 mil metros quadrados dão a base da Feira de Campina Grande, que se amplia para além de seus limites, entre ruas e barracas, nos dias de mais movimento. De segunda a sábado, o movimento caótico de pessoas e mercadorias atrai pelo tamanho, relevância e diversidade. É por isso que se diz que tudo o que se procura é possível encontrar na Feira. Frutas, hortaliças, cereais, ervas, carnes, animais (vivos ou já abatidos), roupas, flores, doces, artesanato, acessórios para pecuária, comida regional e um extenso leque de serviços, que trazem consigo os personagens que dão vida ao lugar: seleiros, mangaieiros, flandreleiros, barbeiros, balaieiros, raizeiros, fateiros – e tantos outros mestres, com seus saberes e ofícios tradicionais.
Para além do comércio intenso, a Feira de Campina Grande é também um lugar de referência, de criação, de expressão, de sociabilidade e de identidade do povo nordestino. As trocas mercadológicas se misturam às trocas de significados e sentidos, tornando-a um lugar onde se concentram e reproduzem práticas culturais. É ali entre as raízes que curam tudo, entre os pratos de buchada e copos de gelada de coco, entre os gritos das ofertas e o cantar do galo, que também se anunciam as novidades, que desabafam os amigos, que rezam os crentes, que se criam as rimas. E a Feira campinense continua ressoando no cantar dos emboladores de coco, dos repentistas, forrozeiros, cordelistas, violeiros e tantos outros artistas, que fazem da Feira palco das manifestações culturais e tradições de sua terra.
De geração a geração, os saberes e experiências dos feirantes vão sendo transmitidos a filhos, netos e bisnetos, assim como os espaços de comercialização. Herdados como verdadeiros legados familiares, os ofícios vão representando a história daqueles personagens, que dedicam sua vida à Feira e que, por isso, têm nela sua referência fundamental. Sua história é atrelada à dos fregueses, dos produtos e das negociações e Campina Grande vai se tornando ainda maior, pela continuidade de suas tradições culturais.
A Feira de Campina Grande foi mudando de lugar ao longo do tempo, desde seus primeiros caminhos, ainda no século XVIII. Crescendo em importância e dimensões, o espaço da feira passou também a ser objeto de interesse de propostas de requalificação urbana, que deverão, a partir do Registro, ser conduzidos conforme as necessidades das pessoas que a vivenciam diariamente em diálogo com as ações de salvaguarda.
DIÁRIOPB com Assessoria