Governo suspende exportação de 21 frigoríficos investigados na Carne Fraca

Carne FracaO ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou no final da tarde desta segunda-feira (20) que proibiu, preventivamente, a exportação de carnes produzidas por 21 frigoríficos investigados na operação Carne Fraca, da Polícia Federal (veja a lista ao final desta reportagem).

A venda no mercado brasileiro está liberada, afirmou o ministro.

A operação, deflagrada na semana passada, revelou esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e produtores de carnes. Além de pagamento de propina a fiscais e partidos, a PF investiga a aduteração de produtos e a venda de carne vencida e estragada.

Diante da repercussão do escândalo, alguns países anunciaram restrições temporárias à entrada de carne brasileira, entre os quais Coreia do Sul, China e os da União Europeia. Juntos, esses países foram destino de 27% da carne exportada pelo Brasil em 2016.

  • UE: pediu que o Brasil suspenda a exportação de empresas envolvidas
  • CHINA: carnes brasileiras estão retidas nos portos
  • COREIA DO SUL: baniu frangos da BRF; empresa diz que não foi notificada
  • CHILE: suspendeu temporariamente a importação de carnes

O anúncio feito por Maggi se deu após exigência feita mais cedo nesta segunda pela Comissão Europeia para que o governo brasileiro suspenda a exportação das empresas envolvidas na Operação Carne Fraca temporariamente.

“A Comissão garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a União Europeia”, disse o porta-voz da Comissão Europeia Enrico Brivio.

Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as vendas de carne para a União Europeia, Coreia do Sul e China cresceram nos últimos anos e ganharam peso na pauta exportadora brasileira. Em 2013, somaram US$ 2,82 bilhões, o equivalente a 17,8% de toda a exportação de carne do Brasil a outros países. Em 2016, passou para US$ 3,67 bilhões, 27,2% do total.

Apenas para a China, maior comprador brasileiro, as exportações de carne brasileira passaram de US$ 445 milhões, em 2013, para US$ 1,75 bilhão, em 2016.

O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador. O setor vendeu para mais de 150 países no ano passado e agora se preocupa com os impactos negativos do esquema de venda de carne supostamente adulterada.

A ação envolve grandes como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas, mas também frigoríficos menores, como Mastercarnes e Peccin, do Paraná. As empresas negam irregularidades.

Segundo o presidente Michel Temer, apenas 6 das 21 unidades suspeitas de fraudes exportaram nos últimos 60 dias. Em uma tentativa de tranquilizar os países importadores, Temer reuniu embaixadores para jantar em uma churrascaria de Brasília, no domingo (19).

Restrições

De acordo com Maggi, a União Europeia comunicou ao governo brasileiro que a suspensão de compra de carne atinge apenas as 21 investigadas. Quanto à decisão da Coreia do Sul, diz respeito apenas às importações de produtos da BRF.

Ainda de acordo com o ministro, o Egito comunicou sobre a possibilidade de suspender as compras de carne brasileira. Maggi disse ainda acreditar que a Rússia observa a reação da UE para decidir o que fazer.

No total, o ministro disse acreditar que o Brasil deve receber pedidos de cerca de 30 países para esclarecimentos sobre as suspeitas levantadas pela Carne Fraca.

Maggi adotou um tom mais duro ao comentar a decisão do Chile de suspender as importações de carne brasileira. Ele disse que o governo chileno não esclareceu se a decisão atinge apenas as 21 empresas investigadas ou toda carne produzida aqui. E que o Brasil poderá retaliar o Chile se a suspensão for geral.

Qualidade

O ministro reforçou o discurso de que não há risco para a população em consumir carne brasileira. “Não há motivo para preocupação em si. Nosso sistema está funcionando. O que ocorreu é um desvio e essas pessoas estão afastadas”, afirmou.

“Se vocês olharem nos documentos [da operação] nenhum está sob suspeita por adulteração de produtos. Não dá para dizer que a suspeição é sobre qualidade do produto”, completou.

Maggi afirmou que o governo vai intervir nas superintendências de Goiás e do Paraná e que indicará servidores de fora dessas superintendências.

O ministro informou ainda que está sendo feita uma vistoria, nos supermercados, de produtos dos frigoríficos que estão sob investigação e que, se algum problema for encontrado, haverá um “recall.”

“Nós estamos a campo, nos supermercados, recolhendo amostras, mandando para análise e, se detectarmos algum problema, obviamente vamos recomendar a suspensão e recolhimento desses produtos. Mas eu não acredito que teremos problemas com os produtos”, disse.

O ministro informou ainda que a BRF já está fazendo por conta própria o “recall” de seus produtos vindos do frigorífico em Mineiros (GO).

Os 21 frigoríficos

Saiba quais são os 21 frigoríficos investigados, segundo o Ministério da Agricultura:

  1. Frigorífico Oregon (Apucarana-PR)
  2. Frango DM Indústria e Comércio de Alimentos (Arapongas-PR)
  3. Seara Alimentos (Lapa-PR)
  4. Peccin Agro Industrial (Jaraguá do Sul-SC)
  5. BRF (Mineiros-GO)
  6. Frigorífico Argus (São José dos Pinhais-PR)
  7. Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes (Arapongas-PR)
  8. Industria e comercio de Carnes Frigosantos (Campo Magro-PR)
  9. Peccin Agro Industrial (Curitiba-PR)
  10. JJZ Alimentos (Goianira-GO)
  11. Balsa Comércio de Alimentos Eireli (Balsa Nova-PR)
  12. Madero Indústria e Comércio (Ponta Grossa-PR)
  13. Frigorífico Rainha da Paz) (Ibiporã-PR)
  14. Indústria de Laticínios S.S.P.M.A. (Sapopemba-PR)
  15. Breyer & Cia (União da Vitória-PR)
  16. Frigorífico Larissa (Iporã-PR)
  17. Central de Carnes Paranaense (Colombo-PR)
  18. Frigorífico Souza Ramos (Colombo-PR)
  19. E.H. Constantino & Constantino (Londrina-PR)
  20. Fábrica de Farinha de Carnes Castro (Castro-PR)
  21. Transmeat Logística, Transportes e Serviços (Balsa Nova-PR)

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