EDUARDO CAMPOS II: A nova marina ou um avião fantasma?
Gente, herança em política existe! E existem também os beneficiados, dessa herança, que sabem como ninguém capitalizar este espólio. Haja vista a candidata à presidência, em ascensão recente, após o trágico desparecimentodo cabeça chapa de então. Surfando nas ondas sentimentaloides da população, a candidata Marina Silva, que ora substitui o candidato falecido, Eduardo Campos, vai petit a petit tirando o véu, que ocultava sua verdadeira face,desde que se lançou à política.
Ela que vem de uma tradição de movimentos sociais e lutas populares, e sempre se aureolou com o tríplice alo da defesa popular, da integridade ética e da lisura no trato com a republica (coisa pública); agora está qual um gato que se esconde e deixa a cauda à mostra. Sim, porque na trajetória recente há esqueletos demais para poder acomodá-los num único armário. Eles estão aparecendo, para quem quiser ver. Mas, como dizia os antigos… O pior cego é o que não que enxergar…
O maior imbróglio que ela tem que explicar é o fenômeno do avião em que viajava o falecido candidato. Várias perguntas pairam em nossas cabeças e exigem respostas: A quem pertencia a aeronave?Isto é, nos arquivos da Anac o registro figura no nome de quem? (controlado pelo RAB-Registro Aeronáutico Brasileiro) Se não era no nome do candidato, era disponibilizado a ele como doação de campanha? Era fretado? Se sim, quem o pagava? De onde vinha o dinheiro para tais gastos, que eram consideráveis!Porque todos sabemos que dinheiro não se materializa em nossas mãos num passe de mágica. E a mais importante: porque até agora ninguém disse palavra sobre o bendito avião? Isso é o mais inquietante. Vejamos, caro leitor, se um ato ou atitude é legal e lícito ninguém o camufla. Se algum fato é posto encachette, significa que “há algo de poder no reino da Dinamarca”. Interrogada por uma jornalista da rede Globo ela (a candidata) disse nada saber a respeito. Pensei comigo mesmo: danou-se agora, esta mulher (se eleita for) já vai chegar ao Planalto sem saber de nada. Alguém se lembra desta frase um tanto recente?! Agora pensemos um pouco: se esta mulher nada sabia do status do avião em que ela mesma muito viajou, imagine se ela vai saber de alguma coisa que envolva o Palácio do Planalto, quando lá estiver! Eu mesmo, as poucas vezes em que viajei de avião sempre soube a origem do dinheiro com que pagara o bilhete. Por favor, alguém explica a ela o que significa ‘caixa 2’? Sim, porque tudo aponta para essa prática deletéria, que não é novidade na política brasileira (e na da Europa também). E por que os fatos apontam para isso? Pelo simples fato de que esta prática é comum nas campanhas políticas nacionais; e se não fosse caixa 2 ela, ou alguém, já o teria explicado. Geralmente, o que se demora explicar é espúrio. Chercherlafemme, como dizia Zola.
Outra coisa que me fez tremer nas bases em relação à Candidata Marina foi ela fazer tábula rasa da questão de classe no Brasil. Ora, o mundo é uma questão de classe. Patrões x empregados, governo x população, proprietários x deserdados, representantes políticos x representados (que raramente o são). Imagine o Brasil que é uma plutocracia disfarçada. Disse ela que não há elite no Brasil, ou todos são elite: Será que ela quando seringueira,em Xapuri, no Acre,tinha os mesmos recursos e comodidades de que dispõe hoje? Seria ela tratada pela sociedade igual é hoje? Frequentava ela os mesmos salões chics e poderosos em que é hoje recebida? Acho que quando era seringueira ela cortava os céus do Brasil, em jatinhos particulares, não? Afirmar que Chico Mendes era elite, (como fez no debate da Band.26/08) é um sacrilégio para com alguém que pagou com a vida a luta que travou contra a elite para defendera floresta e, em suma, os deserdados. Tenho receio de quem não tem memória nem conserva as posições políticas dos tempos das vacas magras. Porque com a perda da memória costuma ir-se também a ética. Esta no máximo é trocada por uma ética utilitarista; tão ao gosto dos caudilhos sul-americanos. Ou será que teremos que cantar como Caetano “Será que nada faremos senão confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos”?
Além de sua amnésia seletiva, quanto às classes sociais do Brasil, outra coisa que me deixou sem chão foi sua proposta de governança… Bem, caro leitor, para não nos alongarmos, deixemos este ponto para outra conversa. Por enquanto, fiquemos apenas com o trivial, ou seja, um governante ou pretendente a que diz nada saber do que acontece em torno de si, talvez seja mais grave e perigoso do que aquele que assume saber, porquanto, de fato, sabe! Falta apenas a hombridade da verdade. E a mentira deveria ser extirpada dos meios oficiais, pois, como se sabe, se origina de uma falha ética; por isso, ela (a mentira) é a mãe de todos os males. Lembremo-nos de mais uma coisa: a crise do Brasil, e porque não a do mundo, in assentia, é uma crise ÉTICA.