71º Aniversário de Chico Mendes

Chico-MendesFrancisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, foi um seringueiro, sindicalista, ativista político e ambiental brasileiro.

Nasceu em Xapuri (AC), em 15 de dezembro de 1944, filho do migrante cearense Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes.

Começou no ofício de seringueiro ainda criança, acompanhando o pai em excursões pela mata.

Só aprendeu a ler aos 19 ou 20 anos, pois na maioria dos seringais não havia escolas, tão pouco os proprietários de terras tinham interesse em criá-las em suas propriedades.

Lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Seu ativismo lhe trouxe reconhecimento internacional, ao mesmo tempo em que provocou a ira dos grandes fazendeiros locais.

Iniciou a vida sindical em 1975, como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia.

A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento. A tática utilizada pelos manifestantes era o “empate” — manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos.

Organizou também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos, os chamados posseiros.

Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, sendo eleito vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) local. Recebe, então, as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros, o que lhe rende problemas com seu próprio partido, descompromissado com as causas pelas quais Chico Mendes lutava.

Em 1979, usa seu mandato para promover um foro de discussões entre lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal de Xapuri. Acusado de subversão, é preso e torturado mas, sem apoio algum das lideranças políticas locais, não consegue registrar na Polícia a ocorrência da tortura da qual fora vítima. Representantes dos povos da floresta (seringueiros, indígenas e quilombolas) apresentam reivindicações durante 2º Encontro Nacional, em Brasília.

Em 1980, Chico Mendes ajudou a fundar o PT, o Partido dos Trabalhadores, sendo uma de suas principais lideranças no Acre e tendo participado de comícios ao lado de Luis Inácio “Lula” da Silva na região.

No mesmo ano (1980), é enquadrado na Lei de Segurança Nacional como “subversivo” a pedido de fazendeiros da região, que tentaram manchar sua reputação alegando que ele teria incitado o assassinato de um capataz de fazenda por vingança ao assassinato do então presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro.

Em 1981 Chico Mendes assumiu a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT em 1982, não conseguiu se eleger.

Em 1984, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus e absolvido por falta de provas.

Em outubro de 1985, Chico Mendes liderou o 1º Encontro Nacional de Seringueiros, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria.

Sob sua liderança, a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional.

Do encontro saiu a proposta de criar uma “União dos Povos da Floresta”, que buscava unir os interesses de indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservariam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um mecanismo de promover a reforma agrária desejada pelos seringueiros.

Chico Mendes fez, então, uma aliança com os índios amazônicos, o que levou o governo a criar reservas florestais para a colheita não-predatória de matérias-primas como o látex e a castanha-do-pará.

Em 1986, concorreu novamente ao cargo de deputado estadual pelo PT, mas não conseguiu se eleger. Seus companheiros de chapa eram: Marina Silva (Deputada Federal), José Marques de Sousa, o Matias (Senador) e Hélio Pimenta (Governador), que também não foram eleitos.

No ano seguinte, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em Xapuri.

Denunciou-lhes que projetos financiados por bancos estrangeiros estavam levando à devastação da floresta e à expulsão dos seringueiros. Dois meses depois, levou estas denúncias ao Senado dos Estados Unidos e à reunião de um dos bancos financiadores do projeto, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Os financiamentos a tais projetos acabaram sendo suspensos e Chico Mendes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de “prejudicar o progresso”, acusações que não convencem a opinião pública internacional.

Alguns meses depois, recebeu vários prêmios internacionais, dentre eles o Global 500, oferecido pela ONU por sua luta em defesa do meio ambiente.

Ao longo do ano de 1988, Chico Mendes participou da implantação das primeiras reservas extrativistas do Estado do Acre.

Ameaçado e perseguido pelos membros da então recém-criada União Democrática Ruralista (UDR), percorreu o Brasil participando de seminários, palestras e congressos onde denunciava as intimidações que os serigueiros estavam sofrendo.

Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, de Darly Alves da Silva, agravaram-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que, por várias vezes, veio a público denunciar seus intimidadores.

Ele deixou claro às autoridades policiais e governamentais que estava correndo risco de morte e que precisava de proteção, mas seus alertas foram minimizados pela imprensa.

No 3º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), voltou a denunciar sua situação. Atribuiu a responsabilidade pelo aumento da violência no campo ao advento da UDR. A tese que apresentou em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, foi aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes foi eleito suplente na direção nacional da CUT.

Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, porém não sobreviveu até aquela data.

Em 22 de dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía para tomar banho.

Quatro dias antes da morte do ativista, o Jornal do Brasil se recusou a publicar uma entrevista na qual Chico Mendes denunciava as ameaças de morte que havia recebido. A direção do jornal considerou que o entrevistado era desconhecido do grande público e que politizava demais a questão ambiental, optando por não publicar a matéria. Com a consumação das ameaças, o jornal finalmente publicou a entrevista, que seria a última de Chico Mendes, no 1º caderno da edição de natal de 1988, seguida de um editorial na primeira página, algo um tanto incomum.

Após o assassinato do líder extrativista mais de trinta entidades — sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas — se reuniram para formar o Comitê Chico Mendes. Elas exigiam, através de articulação nacional e internacional e de pressão aos órgãos estatais, que os autores do crime fossem punidos. Em dezembro de 1990, a justiça condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e seu filho, Darcy Alves Ferreira a 19 anos de prisão pela morte de Chico Mendes.

DPB

 

Veja também

Sérgio Ricardo entrevista o ator Joallisson Cunha, da série “Cangaço Novo” no Alô Comunidade

 

Redação DiárioPB

Portal de notícias da Paraíba, Brasil e o mundo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo