PODER

Wagner descarta qualquer negociação sobre de 8 de janeiro

Senador critica pressão das redes sociais sobre parlamentares e considera "pirada" a classe política que cogita aprovar a proposta

Em contundente entrevista publicada nesta segunda-feira (15) pelo jornal Valor Econômico, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou ser totalmente contrário ao projeto de anistia que visa beneficiar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O senador declarou que não há espaço para acordos ou negociações em torno da proposta: “Comigo não tem acordo, eu sou contra o projeto da anistia em qualquer hipótese”.

Para Wagner, os atos representaram a maior afronta à democracia brasileira desde o fim da ditadura militar, em 1985. “Depredaram três Casas aqui [na Praça dos Três Poderes], símbolos da democracia. Então, estou pouco me lixando se Bolsonaro vai ser ou não vai ser candidato em 2026”, disse. Ele rejeita a ideia de que sua posição tenha motivação eleitoral, embora reconheça que uma eventual candidatura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serviria de inspiração para os bolsonaristas. Segundo Wagner, se Jair Bolsonaro for candidato, “será o mais fraco” entre os nomes da oposição.

Pressão das redes e base parlamentar fragmentada

Ao comentar a adesão de 146 deputados da base governista ao pedido de urgência para a tramitação da proposta de anistia, Wagner culpou a influência das redes sociais. Mostrando seu celular ao repórter, disse: “Isso tem a ver com isso aqui, uma gente que é escrava da rede social, que ouviu ‘assine, assine, assine’”.

O senador também criticou o pragmatismo parlamentar em torno das emendas: “Os deputados se movimentam em torno do governo ou das emendas? Esse que é o problema. Alguns têm mais de R$ 80 milhões [em emendas parlamentares]”. Segundo ele, há uma percepção generalizada entre os parlamentares de que esses recursos representam “direitos adquiridos”.

Contra comparações com a anistia de 1979

Wagner rejeitou comparações entre a proposta atual e a Lei da Anistia de 1979: “Vivíamos na ausência da democracia. Terminava uma página da história brasileira. Agora o que foi que virou na página? A única coisa que virou é que a gente conseguiu impedir um golpe, que tinha como proposta matar o presidente da República, o presidente do TSE, o vice-presidente”. Para ele, se o Congresso aprovar a anistia, “a classe política pirou”.

Críticas à PEC da Segurança e avaliação do governo

Na entrevista, o senador também falou sobre segurança pública e a chamada PEC da Segurança. Ele defendeu o debate em torno do tema, mas rejeitou a retórica de “bandido bom é bandido morto”: “Vou perguntar aos nossos queridos irmãos religiosos se eles vão pregar ‘bandido bom é bandido morto’. Só isso. Precisa saber o que a sociedade quer”.

Sobre a baixa aprovação do governo Lula em pesquisas recentes, Wagner identificou o preço dos alimentos como principal fator negativo. “Dói muito mais no povo a carestia do que as pautas identitárias”, afirmou. Apesar disso, acredita que a situação pode se reverter: “Faço a mesma leitura que fiz em 2005. Lula estava morto politicamente e se reelegeu em 2006”.

Projeções para 2026 e relação com aliados

Wagner vê a eleição de 2026 como um desafio que exigirá articulação e aliança com setores moderados do Congresso. Ele defende uma frente ampla e não descarta disputas internas no PT, especialmente na Bahia, onde ele, o ministro Rui Costa e o senador Angelo Coronel (PSD) poderão disputar duas vagas ao Senado.

Para ele, Lula ainda é o nome mais forte para a eleição presidencial de 2026: “Ele não é esquerda tradicional. Quando se diz que ele é um cristão justiceiro, esse é o mote dele. Tem fé, tem uma referência da mãe fortíssima e empolga pela justiça social, até porque ele foi sofredor da injustiça social na pobreza”.

Wagner encerra afirmando que o presidente Lula sabe usar a política como principal ferramenta de articulação. “Ele já tinha gratidão ao Davi [Alcolumbre]. O Hugo [Motta] ele não conhecia. O Lula sabe que a grande ferramenta, a grande arma dele, é o exercício da política”.

Com Brasil 247

Redação DiárioPB

Portal de notícias da Paraíba, Brasil e o mundo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo