Violência obstetrícia será investigada pelo CMSJP
A Comissão Permanente de Acompanhamento da Atenção Integral à Saúde (CPAAIS), do Conselho Municipal de Saúde de João Pessoa (CMS-JP) deverá se reunir no próximo dia 24, a partir das 9h30, para definir uma agenda de visitas às maternidades da capital paraibana. Uma das primeiras visitas da comissão ocorrerá à maternidade do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), no campus 1 da UFPB, devido às denúncias de violência obstetrícia feitas essa semana por um estudante de Fisioterapia da instituição através do Facebook.
Segundo a postagem do aluno, ele havia presenciado uma médica obstetra realizar uma episiotemia (incisão efetuada na região do períneo, área muscular entre a vagina e o ânus, para ampliar o canal de parto) numa paciente, cujo bebê já estava coroando. Em seu relato, o estudante diz que assistiu a tal médica segurar uma tesoura e comentar com suas colegas de profissão, gesticulando. “Olha aqui minha humanização! Olha, minha humanização”, teria dito a médica cujo nome não foi revelado.
MORTE MATERNA
Esse é o segundo episódio, em menos de 30 dias, envolvendo denúncias sobre saúde pública para as mulheres gravidas. O CMS-JP também está investigando o caso deAdjane Ferreira, 29, falecida depois de um ataque cardíaco em casa depois de ser liberada, sem passar por observação médica. O óbito foi registrado no último dia 4 em João Pessoa e piorou a estatística da mortalidade materna na capital paraibana. Agora temos dez mulheres que morreram devido a complicações durante ou logo após o parto.
Depois que a denúncia sobre o caso do HULW veio à tona, várias mulheres postaram desabafos relacionados aos maus tratos sofridos no momento do parto. Uma pesquisa acadêmica revelou que a violência obstétrica está levando mulheres em melhores condições sociais a optar pelo parto doméstico assistido.
O drama exibe ainda uma ferida difícil de cicatrizar: a formação dos médicos e o descompromisso dessa categoria com seu próprio código ético. A desumanização da medicina e sua crescente mercantilização. O CMS-JP vai provocar o Conselho Regional de Medicina (CRM) para discutir a questão.
Por Dalmo Oliveira da Redação