Vergonha alheia
É uma situação muito constrangedora quando recebemos em nossa casa um visitante que insiste em desobedecer às regras que estabelecemos para serem observadas no ambiente em que vivemos. Torna-se uma presença incômoda no espaço intimo de nossa convivência, porque oferece exemplos que contrariam a disciplina imposta aos que moram conosco. Ainda mais quando essas inobservâncias às normas, contribuem para colocar em risco nossa sanidade mental e física.
Esse comportamento do visitante desregrado é, no mínimo, uma atitude que pode ser considerada como falta de educação. Ele precisa saber que deve se adaptar à rotina da casa que lhe hospeda e não o contrário. A boa visita é aquela que tem bom senso e não causa situações desagradáveis aos anfitriões, respeitando os limites por eles determinados.
O hóspede imoderado costuma ser protagonista de gestos inconvenientes que se transformam em vexames. Afinal de contas ninguém é obrigado a aceitar de bom grado os maus costumes que marcam sua personalidade. Pior quando esse comportamento inadequado é manifestado por alguém que pertence à nossa família ou, por alguma razão, alguém que assume condições de nos representar. Somos, então, colocados numa situação de embaraço que nos envergonha, porque pode passar a impressão de que somos iguais a ele. Experimentamos o sentimento chamado “vergonha alheia”. Vemos a nossa “identidade social” afetada pelo desajustado comportamento de quem possa estar nos representando, mesmo a nosso contragosto. Só nos resta lamentar.
Rui Leitão