Uma tarde de xadrez lúdico
JOSÉ MÁRIO ESPÍNOLA
Na tarde deste dia 1º de abril, a mentira não aconteceu para o xadrez da Capital, passou muito longe: realizamos com sucesso o 8º Capivarol.
Para aqueles que são neófitos, o torneio Capivarol é uma série de torneios enxadrísticos que fazemos em minha casa, aqui no apartamento 900 do Edifício Rembrandt, situado no bairro mais aprazível de João Pessoa.
O título, Capivarol, foi tomado de um almanaque que circulava na nossa infância, com pequenas histórias e muitos exercícios mentais, como: quebra-cabeças, palavras cruzadas, muitas charadas, além de informações históricas e geográficas.
Era um consolo para as crianças que eram obrigadas a tomar o tônico infantil que servia para tudo o que era fraqueza, segundo a propaganda da época: tuberculose, raquitismo, reumatismo, sífilis, anemia, fraqueza nervosa, ventosidade e espinhela caída. Recebíamos o almanaque com as lágrimas ainda escorrendo pela face. Eram inesquecíveis.
No folclore do xadrez, se refere à palavra capivara, que é como carinhosamente se denomina aquele jogador que um dia já foi fraco, que já perdeu muitas partidas, sofrendo muito com seus maus resultados nos torneios, mas que nunca deixa de ser otimista.
Mas todo enxadrista, por mais forte que seja, algum dia já foi capivara. O capivara tem algumas frases peculiares. Costuma dizer: “Eu tava ganho”; ou: “Se não fosse o tempo…”; ou também: “Pelo menos eu quase dei um mate no Grande Mestre”; ou ainda: “Quantos ‘bye ausentes’ eu posso pedir neste torneio?“; ou, finalmente: “Eu perdi, mas dei o maior trabalho ao adversário…”
São coisas assim que fazem parte do perfil dos queridos capivaras, que todos nós somos ou fomos um dia. Pois todo GM também já teve o seu dia de capivara.
Voltando ao nosso evento, desde os tempos em que o nosso querido enxadrista José Severino Magalhães que hoje deve estar realizando partidas simultâneas lá no céu, com São Pedro e os anjos, frequentava o xadrez do restaurante Tábua de Carne. Era um grupo muito bom. Além dele, tínhamos Umbelino, Edson Loureiro, Klebber Maux, Petrov, Genivaldo, Anchieta, entre outros.
À época, decidi fazer periodicamente uma tarde de sábado em minha casa, onde podíamos unir xadrez, boa música e bom papo. E muito humor, além de acepipes. Este 8º Capivarol foi dedicado ao inesquecível Zé Severino.
Compareceram quatorze enxadristas: Dutra, Bira, Eny, Targino, Jorge, Einstein, Loureiro “Bigode”, John Morais, Genildo, Rodrigo Canônico, o tricolor gremista Alci, dois Mestres FIDE: Chiquinho Cavalcanti e Marcos Valério. E este capivara que aqui vos escreve.
Ao longo do torneio recebemos as visitas ilustres dos enxadristas Ronald Farias e Tenente Rebeca, que prometeram não faltar ao próximo torneio.
A premiação merece destaque: Campeão: uma bela medalha e uma garrafa de Bacardi Carta ORO. Ficou com o MF Chiquinho Cavalcanti, que retornou ao tabuleiro literalmente com chave de ouro. Vice-campeão: o MF Marcos Valério levou a medalha e uma garrafa de Cachaça do Conde, PRATA. Terceiro lugar (bronze) ficou com Rodrigo Canônico, que recebeu a medalha e um delicioso vinho Almaden, de cor BRONZE!
Foram premiados com medalhas: Loureiro: quarto; Dutra: quinto; John: sexto; Alci: sétimo; Jorge: oitavo; Genildo: nono; e Einstein: décimo.
O torneio conta pontos para a graduação em MC: Mestre Capivara!
O certame decorreu no melhor clima de harmonia, em que predominou o espírito esportivo. Não faltou a boa gastronomia, que um evento dessa natureza exige. E nenhum vizinho reclamou!
Como das outras vezes, este ano o 8º Capivarol contou com o apoio exaustivo de minha esposa Ilma, do meu filho Ricardo, de Jôze e dos netos José Ricardo e Maria Ilma, além do apoio total da nossa anja da guarda Andréa.
Não faltarão outros Capivaróis, para comemorarmos a vida de uma forma enxadrística lúdica.
DiárioPB com CARLOS ROMERO