UEPB integra ranking de universidades brasileiras com maior participação feminina no campo da pesquisa
Nos últimos anos, a Universidade Estadual da Paraíba tem se notabilizado pela qualidade das pesquisas científicas desenvolvidas pelas mulheres nas diversas áreas do conhecimento. As mulheres pesquisadoras nunca estiveram tanto em evidências por seus estudos e feitos como nos dias atuais e tiveram o que comemorar no último dia 11 de fevereiro, quando foi celebrado o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, data implementada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, para dar luz à luta feminina pelo espaço igualitário na ciência e nas pesquisas científicas.
A participação das mulheres na ciência representa uma quebra de paradigmas, uma vez que, por muito tempo, elas não tiveram esse espaço. E a presença feminina nas pesquisas desenvolvidas na UEPB colocou a Instituição entre as 30 universidades do país com maior representatividade de mulheres na pesquisa científica. Os dados são do Ministério da Educação (MEC) e foram divulgados no último dia 12 de fevereiro, pela Revista Quero. Eles mostram a ciência sob comando feminino na Instituição. No quadro de pesquisadores da Universidade, as mulheres representam 63,1% do total e garantem a 18ª posição da UEPB no ranking, estando a frente de importantes IES com maior estrutura orçamentária.
Os números apresentados pela revista são do Censo da Educação Superior de 2018, levantados pela equipe do “Quero Bolsa” e consultados pela Revista Quero. Para realizar a lista, foram selecionadas as universidades que possuem mais de 300 alunos sendo beneficiados por algum tipo de bolsa de participação em pesquisa durante a graduação. As informações completas do levantamento podem ser conferidas clicando no link .
Pesquisadora da UEPB, a professora Silvana Santos, do Departamento de Biologia, fala com entusiasmo sempre que o assunto é ciência. “Eu sou uma das muitas mulheres brasileiras que se apaixonaram pela Ciência”, enfatiza, com orgulho, a docente. Formada em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado pelo Programa de Genética de Biologia Evolutiva da referida instituição, Silvana ressalta que, na história da ciência, a mulher sempre conseguiu destacar-se, só que com menos espaços que o homem e enfrentando resistência.
Uma das pesquisas coordenadas pela professora Silvana investigou a relação de variações genéticas com bipolaridade. No projeto “Genética do Sertão”, ela descobriu a causa genética de duas novas formas de deficiência intelectual autossômica recessiva, ou seja, a deficiência intelectual em filhos de primos. Silvana procura administrar o tempo entre o cuidar dos filhos, ser mulher e fazer ciência. “Ser mulher e mãe são desafios que nos ensinam a administrar o tempo e o foco. Acho que isso gera uma vantagem evolutiva em relação aos homens. Aprendemos que temos um determinado tempo para fazer um tanto de atividades e isto induz o desenvolvimento da competência de dirigir nossa atenção para a resolução de um problema sem se distrair facilmente”, diz.
Outra pesquisadora de destaque na UEPB é a professora e engenheira do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Instituição, Weruska Brasileiro. As pesquisas da docente são desenvolvidas na área de saneamento, especialmente no tratamento de águas residuárias, visando a produção de energias sustentáveis. Em seus estudos, ela busca desenvolver técnicas que tornam viáveis o uso da água para o consumo humano com baixo custo.
Nessa semana especial, a professora destacou a ciência como essencial para o desenvolvimento sustentável do planeta e enfatizou que, hoje, “temos diversos desafios a vencer, pois são inúmeras doenças que ainda não têm tratamento e as mudanças climáticas estão provocando desastres atrás de desastres”. A população do planeta, conforme enfatiza a pesquisadora, aumenta em taxas exponenciais, requerendo maior produção de alimentos para atender a todos. Com isso, os recursos naturais estão exaurindo.
“Mas a ciência permite desenvolver tecnologias que podem sanar as dificuldades que o mundo atual possui. Diante de todo esses desafios, para promover um mundo melhor diante de todas as dificuldades que o mundo moderno nos apresenta, é preciso um trabalho conjunto de homens e mulheres para que possamos vencer as dificuldades que estamos enfrentando. É impossível alcançar o desenvolvimento sustentável diante da imensidão dos desafios sem a participação da mulher na ciência”, destaca Weruska.
Para ela, felizmente as mulheres estão conseguindo se impor e mostrar sua importância no desenvolvimento da pesquisa científica. “Em um ambiente puramente masculino, em especial na área de Exatas, os caminhos se tornam mais longos, mas felizmente tangíveis com a determinação e garra da mulher”, afirma, acrescentando que, no âmbito da UEPB, esse papel se torna fundamental para a sociedade, pois o perfil científico e tecnológico desenvolvido na Instituição é de uma pesquisa aplicada com retorno direto para sociedade. “Como mulher e pesquisadora, fazer parte desse quadro é gratificante e motivador para continuar fazendo ciência e estimular as meninas a fazerem ciências”, conclui a docente.
Conquista e responsabilidade
A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UEPB, professora Maria José Lima, destacou que 56% dos pesquisadores da UEPB que responderam a um questionamento recente elaborado pela PRPGP são mulheres e estão em plena atividade. Além disso, 58% dos grupos de pesquisas cadastrados junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são liderados por mulheres. “Então, a gente percebe que, realmente, a UEPB tem um contingente de mulheres bastante grande atuando na pesquisa”, frisa.
Para ela, o crescimento das mulheres cientistas na Instituição é uma conquista, mas também uma responsabilidade a mais para elas, que também cumprem suas obrigações com a família e não deixam de atuar em casa. “A gente sempre lutou enquanto mulher para ter mais espaço, sermos mais vistas e valorizadas na sociedade. A gente está sendo, mas é de uma grande responsabilidade esse destaque pelo desempenho que temos que apresentar para corresponder a essas expectativas”, comenta a pró-reitora.
Projeto incentiva participação feminina na Física e na Engenharia Civil
Não bastasse o envolvimento do corpo docente e discente feminino da própria Instituição envolvidos com pesquisa, a Universidade Estadual da Paraíba também estimula o interesse pela ciência das alunas que ainda não ingressaram em uma universidade, por meio de ações extensionistas. Uma destas ações é o projeto “Meninas na Física e na Engenharia Civil”, desenvolvido através do Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde (CCTS), em Araruna.
A iniciativa é voltada a estudantes a partir do 6º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, com a finalidade de conscientizar jovens estudantes do sexo feminino sobre a importância da aquisição de conhecimentos científicos e tecnológicos e envolvê-las cada vez mais nestas atividades. O projeto é coordenado pela professora Alessandra Brandão e reúne um grupo de professores da Licenciatura em Física, ofertando atividades científico-culturais para quase mil meninas, alunas de cinco escolas públicas dos municípios de Araruna, Tacima e Cacimba de Dentro.
O êxito do projeto o levou a ser, inclusive, contemplado, em 2018, em edital de financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que visa estimular a formação de mulheres para as carreiras de Ciências Exatas, Engenharias e Computação no Brasil, através de atividades que despertem o interesse das jovens estudantes para as carreiras científicas e venha a combater a evasão de garotas nos cursos de graduação destas áreas, o que ocorre principalmente nos primeiros anos dos cursos.
“Envolvemos as meninas em teatro científico, escrita de tirinhas sobre ciências, produção de conteúdos nas redes sociais do projeto, além de capacitações, oficinas de astronomia e visitações a nossos laboratórios, dentre outras atividades”, explica professora Alessandra Brandão.
Ascom UEPB