Sport perde por 1 a 0 e vê Bahia levar a terceira taça da Copa do Nordeste
Não se brinca em uma final de campeonato. E não se fecha os olhos para os erros. De planejamento da diretoria e do treinador. Da cúpula leonina que disse uma coisa e fez outra, desgastando os jogadores em partidas menos importantes ao longo da temporada, entre elas algumas do Estadual, e perdendo jogador por conta disso para a hora da decisão. E do técnico Ney Franco que inventou uma escalação nunca utilizada e treinada apenas por uma hora e meia para decidir uma Copa do Nordeste. A fatura custou caro demais. Com uma atuação patética, o Sport foi dominado do início ao fim pelo Bahia. A derrota de 1 a 0 foi até barata na Arena Fonte Nova. Mas dói no torcedor do mesmo jeito. Bahia, campeão por méritos. Sport, vice também por incompetência.
O jogo
O Sport não entrou em campo para disputar a final no primeiro tempo. Atuação horrorosa na conta do técnico Ney Franco, que inventou para a decisão um esquema com três zagueiros, nunca utilizado pelo time principal na temporada e testada por ele por apenas uma hora e meia no treino na véspera da decisão. O resultado disso foi o óbvio. Uma equipe perdida em campo, com os jogadores mal posicionados e dando ao Bahia o cenário ideal para dominar as ações.
Uma das consequências do esquema com três zagueiros foi atrair os jogadores do Bahia para o campo de defesa leonino, já que a trinca formada por Henriquez, Matheus Ferraz e Durval se posicionava praticamente à frente da linha de grande área. O que gerou um buraco no meio de campo, com os volantes distantes.
Assim, dominando o setor de criação, o Bahia não encontrou dificuldades para chegar com perigo à meta de Magrão, quase sempre no mano a mano. E não demorou muito para abrir o marcador, aos 11 minutos. Após receber lançamento, o atacante Edigar Junior driblou Durval e só teve o trabalho de tocar por cima de Magrão.
A situação era tão favorável ao Bahia que os rubro-negros têm que agradecer o fato de descerem para os vestiários sofrendo apenas esse gol. Muito pelo fato dos donos da casa também não fazerem uma boa partida. Mesmo assim, Régis ainda assustou Magrão e um chute da entrada da área e Edigar Júnior, de peixinho, mandou no travessão.
Para piorar, aos 32, Rogério, dono do único chute em gol do time pernambucano, recebeu o segundo cartão amarelo por querer ludibriar o árbitro em lance de pênalti e foi justamente expulso. Ney Franco, passageiro da partida, apenas observava tudo à beira do gramado, inerte e sem esboçar qualquer mudança na equipe.
Segundo tempo
O treinador do Sport resolveu esperar o intervalo para fazer a necessária mudança na equipe. E quando fez, voltou a errar, tirando o lateral-direito Raul Prata, um dos poucos do time com atuação razoável na partida, para colocar em campo o atacante Marquinhos, cujo última partida havia sido no dia 2 de março. Com a mudança, Henriquez assumiu a ala direita. Desnecessário.
Não demorou muito para o treinador rubro-negro fazer sua segunda mudança. Aos seis minutos, Everton Felipe entrou na vaga de Fabrício. Uma espécie de tudo ou nada. E o time que entrou em campo com um esquema muito defensivo, se expôs de vez.
O roteiro da partida, porém, seguia o mesmo. Com o Bahia se sentindo tão à vontade em campo que em certos momentos mostrou certa displicência com a final. Perdendo a chance de garantir o título diante de tamanha facilidade em chegar à meta de Magrão.
Goleiro que aos 12 minutos salvou em novo chute de Edigar Júnio, após boa jogada de Allione em cima de Durval. A essa altura, o Sport estava na roda, com direito a Mena e Matheus Ferraz salvarem quase em cima da linha. E Allione desperdiçando um contra-ataque cara a cara com Magrão.
Aos 34 minutos, Ney Franco deu sua última cartada com a entrada do centroavante Leandro Pereira, que não entrava em campo desde 20 de abril, na vaga do volante Ronaldo. Mantendo os três zagueiros em campo o jogo todo. E Juninho, o amuleto dos últimos jogos, no banco de reserva. Falta de inteligência que cobrou seu preço. E foi caro.
Diário de Pernambuco