Reforma política: “Distritão” é oportunismo das elites e reforça personalismo
Pesquisador da Fundação Escola de Sociologia e Política de SP analisa proposta de voto distrital no Brasil
A proposta de reforma política que vem sendo discutida no Congresso Nacional é um “remendão numa colcha de retalhos”, que acirra distorções já presentes, reforça personalismo dos políticos e diminui a importância dos partidos. Essa é a avaliação do pesquisador da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) Rafael Castilho, que recentemente concedeu entrevista ao Seu Jornal, programa da TVT.
Para ele, o voto distrital não vai acabar com a figura do “puxador de voto”. Tem candidato que chama atenção no horário eleitoral e essa espetacularização irá aumentar, porque o candidato vai precisar de voto”, explica.
Rafael afirma que os principais prejudicados com a reforma serão os partidos pequenos. Ele alerta que um dos pontos que deveria ser discutido são as coligações. “A reforma política deveria enfrentar a questão da coligação transferir o tempo de televisão. São partidos que não têm afinidade ideológica. Por exemplo, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) faz parte do mesmo governo que o PSDB. Se a reforma focasse (sic) nisso já daria uma grande mexida no quadro eleitoral, mas não foi feita”, critica.
O pesquisador também explica os parlamentares aproveitam o clamor popular por mudanças na política para fazer a reforma, que segundo ele, será apenas para interesses próprios, sem espaço para novos representantes populares. “Nesse sistema distrital ganha: aquele que já está estabelecido na política ou quem tem capacidade de comunicação de massa.” Assim, o pesquisador denuncia o oportunismo das elites no Congresso Nacional, bem como a influência profunda dos meios de comunicação na eleição destes candidatos.
Com RBA
Foto: Divulgação