Reforma do Teatro Santa Roza será entregue nesta quinta-feira
O governador Ricardo Coutinho entrega à população, nesta quinta-feira (22), a mais nova e abrangente reforma da história do Teatro Santa Roza, palco da cultura de João Pessoa e da Paraíba. A solenidade está prevista para as 19h, com encenação da peça “Como nasce um cabra da peste”. O teatro, patrimônio material do Estado e uma das riquezas culturais mais importantes da Paraíba, recebeu intervenções em todo o prédio e contou com investimento total de quase R$ 4,5 milhões.
“Vamos finalmente entregar o Teatro Santa Roza completamente reformado”, afirmou Ricardo Coutinho no programa radiofônico ‘Fala Governador’. Ao total, a área de recuperação no teatro é de 2.243,22m². O valor do investimento da primeira etapa foi de R$ 883.976,60 e na segunda, R$ R$ 1.710.483,41. A terceira e considerada a mais importante etapa, que consistiu na compra e montagem da caixa cênica – o “coração” do palco teatral – bem como cenotecnia, iluminação e sonorização, teve investimento de R$ 1.866.426,05, totalizando R$ 4.460.886,06 para reformar o mais antigo teatro de João Pessoa, quinto mais antigo do Brasil e patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).
Restauração – Foram realizados no processo de reforma: recuperação na coberta do teatro, polimento no piso em taco de madeira, recuperação nos lambris, recuperação e/ou substituição de janelas e portas inclusive dos camarins, restauração da fonte lateral, revisão na rede elétrica com especial atenção aos lustres do salão, revisão na rede hidro sanitária, modernização da instalação de prevenção e combate a incêndio, recuperação dos banheiros, troca de todo o sistema de climatização, bem como colocação de um novo grupo gerador, retirada com substituição da coberta em telha canal do palco externo, novo projeto de iluminação da fachada e do entorno teatro e toda sua pintura interna e externa.
Na conclusão da reforma, com a cenotecnia e sonorização, a obra foi contemplada com novo revestimento cênico, varas de luz, equipamentos de luz, área para guarda de equipamento, área para dimmerbox, substituição de varandas e passarelas na caixa cênica, iluminação de serviço dentro da caixa cênica, nova escada elicoidal para acesso as varandas e passarelas, novo urdimento, sistema de microfone wireless uhf, polarização cardioide, transmissor de mão slx, receptor wh30, seleção de 960 frequências e resposta de 50hz a 16khz, misturador de seis canais com dois amplificadores de 120wrms digital, mixer de áudio digital de 32 canais de áudio, oito canais analógicos auxiliares.
Patrimônio – Em novembro deste ano, o Teatro Santa Roza completou 127 anos de existência, reunindo, neste mais de um século história, momentos importantes da sociedade paraibana. O espaço foi palco de acontecimentos políticos, históricos e culturais. Esta nova reforma deverá levar o espaço a outro patamar de utilização.
Adriana Pio, diretora do Santa Roza, explica que justamente pelo tombamento, com a reforma, não haverá mudança na capacidade de público ou alteração na estrutura da edificação do teatro. Porém, é um equipamento com ótima capacidade de atender ao público e apresentações artísticas. A plateia está configurada com 427 assentos; sendo 224 dispostos nos camarotes dos dois pavimentos, 194 no térreo, três para deficientes físicos, três para obesos e três no camarote do governador do Estado.
Para Simone Guimarães, diretora da Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan), esta é mais uma obra que coloca a Paraíba na rota cultural nacional. “Esta obra foi feita com zelo, cuidado, pensando no patrimônio que o teatro representa, incluindo orientação do Iphaep. A climatização é toda nova, as novas cortinas recuperaram o glamour original do espaço, entre várias restaurações. Tudo para proporcionar à população grandes apresentações”, relatou a superintendente.
História – O Teatro Santa Roza foi palco de importantes acontecimentos artísticos e históricos da Paraíba, como a assembleia que concebeu a bandeira do Estado; a sessão da Assembleia Legislativa que mudou o nome da capital estadual de Paraíba para João Pessoa – em homenagem ao então presidente (governador) assassinado em 26 de julho de 1930; e ainda funcionou como cineteatro no período de 1911-1941.
A Fundação Joaquim Nabuco, entidade vinculada ao Ministério da Educação, informa que a pedra fundamental para a sua construção foi oficialmente lançada em 2 de agosto de 1852, por meio da Lei Provincial nº 549, durante o governo de Francisco Teixeira de Sá. A edificação ficou sob a responsabilidade da Sociedade Particular Santa Cruz, sendo suspensa em 1882, por falta de recursos financeiros.
A obra foi retomada durante o governo provincial de Francisco da Gama Roza, de onde vem o nome “Theatro Santa Roza”. Existe uma polêmica do “S” e do “Z” na grafia da palavra Roza. Uns defendem que deve continuar com Z por ter sido uma homenagem ao então governador Francisco da Gama Roza e outros, com S, que é a forma etimologicamente correta, proveniente do latim rosa. Há ainda quem defenda que o nome do político Gama Roza se grafava com ‘S’, como a historiadora Fátima Araújo, que lançou um livro sobre a história do Teatro. Atualmente, no entanto, a grafia da fachada segue com ‘Z’.
O espaço foi inaugurado no dia 3 de novembro de 1889, ocasião em que foi apresentado o drama “O Jesuíta – ou O Ladrão de Honra”, de Henrique Peixoto. Doze dias depois da inauguração do teatro, foi proclamada a República no país e Francisco da Gama Roza perdeu seu mandato.
Venâncio Neiva, o primeiro governante republicano da Paraíba, mudou o nome do local para “Teatro do Estado”, ato posteriormente revogado. O político João Pessoa, então candidato à vice-presidência do Brasil, quis mudar a sua localização por considerar aquela área, na época, marginalizada. Todavia, ele foi assassinado antes de conseguir executar o seu plano.
O edifício – que por dentro assemelha-se à proa de um navio – está voltado para o sul e situado no antigo Campo do Conselheiro Diogo, hoje Praça Pedro Américo, centro de João Pessoa. O Teatro é um monumento representativo da arquitetura civil de seu tempo, tem estilo neoclássico com influência greco-romana.
Para a construção das paredes foram utilizadas pedras calcárias e para os camarotes e revestimento interno, madeira do tipo Pinho de Riga – hoje considerada madeira nobre. Na época do Brasil Colônia e Império era usada como lastro de rolete em navios que vinham da Europa e descartada quando as embarcações chegavam ao cais do porto de destino, sendo reaproveitadas na construção civil.
Para um teatro com mais de 120 anos, é natural que ao longo desse tempo tenha passado por várias reformas e restaurações, porém todas as intervenções arquitetônicas tiveram a preocupação de conservar o estilo original. O teatro, tombado igualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é considerado ícone da cultura paraibana e patrimônio do Estado, vinculado à Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc).
Programação futura – Assim como ocorre no Espaço Cultural de João Pessoa, a diretoria do Santa Roza – juntamente com a Funesc e Secretaria de Estado da Cultura (Secult) – afirmou que em breve será lançado um edital de ocupação que ajudará a compor a programação cultural do teatro após a reforma.
Secom/JP