Quem é a medida do quê ?
Eis que esta semana abro a televisão, como diz o matuto, e ouço a pérola jornalística de que o TSE, numa manobra do juiz Dias Toffoli, deu ganho de causa para o honorífico candidato eleito por São Paulo, senhor Paulo Salin Maluf, assumir sua cadeira no Congresso Nacional, sufragado que foi por mais de 250 mil votos, precisamente 250.131. Abocanhando o 8º lugar dos mais votados no estado de São Paulo. Sabe lá o que é isso? Acho que esse tipo de anomalia só mesmo no Brasil. E olha que em 2014 ele quase dobrou tal feito. Foram mais de 497 mil votos, detendo o 3º lugar de mais votado em São Paulo, é bom que se frise. Ah! É bom lembrar também que o imaculado candidato teve o voto de ninguém menos que Gilmar Mendes, quem não se lembra deste num outro recente julgamento no Supremo? Segue a linha, não? Realmente, o esforço popular para ser instituída e aprovada a Lei da Ficha Limpa fracassou. A (in)justiça está acima. Agora lembro uma piada que havia no período do governo FHC. Dizia-se que o então presidente chegara à Bolívia e fora, com o chefe de estado local, passar em revista a tropa e se espantara com a existência do Ministério da Marinha num país em que não há mar, o presidente boliviano respondera: e o Brasil não tem Ministério da Justiça?
O Leitor deve estar entre bege e marfim fosco, perguntando por que cargas d’água insisto eu em remexer o monturo. Agora pergunto eu: quem não lembra a grita do Sul e Sudeste injuriando, discriminando, agredindo, violentando os nordestinos responsabilizando-os pela vitória da Presidenta Dilma Rousseff em sua reeleição? E continuo perguntando: quem se (in)digna sufragar um candidato tipo Paulo Maluf tem moral para exigir excelência de votação de outros eleitores? Respondo eu: isso só pode sair de alguém do Sul ou do Sudeste ou de algum espírito raquítico e alma condenada que queira imitá-los. Por acaso sulista e sudestinos são a medida dos brasileiros? Quem os instituiu? Por que motivo? Com qual objetivo? São perguntas que não querem calar e ficam sem respostas. Eles não as têm nem para os seus problemas, como a falta de água em que vivem, causada pelos governos do PSDB, é bom que se frise, o xodó deles. Agora temos aqui uma versão reversa e tupiniquim do que afirmava Protágoras de Abdera? Dizia ele: “O homem é a medida de todas as coisas”. Ideia que naufragou, pois que o instituiu? O próprio Protágoras, que, por ser também homem, legislava em causa própria. Mas a Protágoras rebate Xenófanes de Cólofon que dizia: “Mas se mãos tivessem os bois, os cavalos e os leões./ E pudessem com as mãos desenhar e criar obras como os homens,/ Os cavalos semelhantes aos cavalos, os bois semelhantes aos bois,/ Desenhariam as formas dos deuses e os corpos fariam/ Tais quais eles próprios têm.” Trocando em miúdo; se os animais raciocinassem como os humanos e tivessem mãos criariam deuses à sua imagem e semelhança. Assim, estão os paulistas e companhia. Querendo tutelarem os nordestinos, isto é, escravizá-los. Eles se autoproclamam o umbigo do Brasil, mas fazendo uso do método, cuja lógica minha mãe, que era analfabeta, mas sábia, era doutora. Dizia ela “Quem gaba o toco é a coruja”, ou seja, quando você se autocoroa o reinado torna-se espúrio, não tem validade. Os súditos é que têm de coroar o monarca; caso conhecido de autocoroamento é o de Napoleão. Não preciso dizer como terminou tal reinado. Gostaria apenas que os nordestinos se acordassem e pusessem essa gente no lugar que a ela compete.
Porque se ficarmos apenas na qualidade dos votos sufragados a determinados candidatos, os nordestinos não perdem. O que, por exemplo, fez o PSDB de positivo pelo Brasil? E o último candidato deste partido, o que de diferencial em si oferecia? Só os saudosos da Ditadura pós 64, como ficou evidente em manifestações recentes, é que sufragariam tal candidato. Se dermos uma rápida olhada em alguns dos candidatos eleitos por São Paulo e Rio de Janeiro, daria para eles se envergonharem. Em 2010, sua excelência o imitador de palhaço Tiririca recebeu dos paulistas cultos a bagatela de 1.353.820 votos. Em 2014, a cena se repetiu, o dublê de palhaço foi agraciado por 1.016.796 votos. Se passarmos ao Rio, o quadro não muda muito. O surrealista Bolsonaro ficou em 1º lugar como mais votado no estado, com a singela quantia de 464.572 votos. Veja, caro leitor, quando os cariocas, liderados pelo mocinho Lobão, imploravam pelo retorno da ditadura não estavam brincando, não. A partir desses parcos exemplos, afere-se que nós, os nordestinos, temos muito que aprender com os sudestinos! Alguém duvida?