PT faz representação criminal contra a Globo na PGR
O Partido dos Trabalhadores, presidido pela senadora Gleisi Hoffmann, apresentou nesta quinta-feira, 17, representação criminal à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, solicitando que sejam investigadas as denúncias de que a Rede Globo praticou crimes em série, valendo-se de empresas e bancos em paraísos fiscais, para obter vantagens ilícitas na compra de direitos de transmissão de torneios internacionais de futebol.
A ação do PT tem como base as revelações feitas à Justiça dos Estados Unidos pelo empresário argentino Alejandro Burzaco, que citou o pagamento de propinas de US$ 15 milhões a dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol, da Conmebol e da Fifa.
“É inexplicável para o Brasil que o escândalo da FIFA seja investigado judicialmente nos Estados Unidos, na Suíça, na França e em outros países, há três anos, e tudo o que temos aqui seja uma suposta ‘investigação interna’ em que a Globo tenha apurado em silêncio e absolvido a si mesma”, disse o PT em material divulgado em sua página.
Leia a nota do PT na íntegra abaixo:
O Partido dos Trabalhadores decidiu apresentar à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, Representação Criminal para que seja apurada oficialmente a notícia de que a Rede Globo praticou crimes em série, valendo-se de empresas e bancos em paraísos fiscais, para obter vantagens ilícitas na compra de direitos de transmissão de torneios internacionais de futebol.
A representação tem base nos depoimentos do empresário argentino Alejandro Burzaco à corte de Nova Iorque. O delator coloca a Rede Globo no centro do escândalo da FIFA mencionando pagamento de propinas de US$ 15 milhões a dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol, da Conmebol e da Fifa.
O delator citou nomes, valores, locais de encontro, contratos, configurando sem dúvida os chamados “indícios robustos” de prática criminosa, expressão que os comentaristas da Globo gostam de utilizar, de forma leviana, para se referir às acusações por delações contra o PT e contra Lula.
É inexplicável para o Brasil que o escândalo da FIFA seja investigado judicialmente nos Estados Unidos, na Suíça, na França e em outros países, há três anos, e tudo o que temos aqui seja uma suposta “investigação interna” em que a Globo tenha apurado em silêncio e absolvido a si mesma.
O monopólio da Globo na transmissão de torneios nacionais e internacionais, supostamente obtido por meios ilícitos, faz um tremendo mal ao futebol brasileiro, uma paixão nacional que mobiliza milhões de torcedores e impulsiona grandes negócios, especialmente nos setores de publicidade e comunicações.
Atuando como dona da bola, a Globo impõe seus interesses comerciais, estipulando datas e horários de jogos, prejudicais os atletas, os clubes e o público; determinando quais partidas e de quais clubes serão transmitidas e quais serão ignoradas; interferindo diretamente nas decisões das federações estaduais e da Confederação Brasileira de Futebol.
O Ministério Público, que apresentou seis denúncias contra Lula com base exclusivamente em notícias de jornal jamais confirmadas ou provadas, que se mobiliza para investigar a morte do cachorro da ex-presidenta Dilma, não pode ficar inerte diante de fatos que realmente escandalizam a sociedade.
Temos certeza de que a abertura dessa necessária investigação terá efeito pedagógico para a Rede Globo e a mídia que a segue. Em primeiro lugar, porque será respeitado o princípio da presunção da inocência, que a Globo sistematicamente atropela ao acusar, julgar e condenar Lula e o PT.
Também será adotado certamente o equilíbrio editorial. Os argumentos da defesa e as eventuais provas de inocência da Globo não serão censurados no “Jornal Nacional”, diferentemente do que ocorre em relação ao PT, Lula e Dilma, que tiveram até a prisão pedida em editoriais e artigos de sua rede.
A Globo aprenderá também que, no devido processo legal, quem acusa tem de provar e ninguém pode ser condenado com base apenas em delações premiadas.
E talvez aprenda, finalmente, que deve prestar contas de seus negócios à Justiça e de suas decisões editoriais ao público, pois, mesmo sendo uma empresa privada, opera, comercializa e lucra muito por meio de uma concessão que pertence ao país e não à família Marinho.
O PT considera que a investigação oficial do escândalo FIFA no Brasil é essencial para combater o crime e a impunidade, além de ser um gesto fundamental para devolver o futebol ao povo brasileiro.
Brasília, 16 de novembro de 2017
Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores
Brasil 247