Ao menos 10 prefeitos já denunciaram o esquema. Dos 10 citados, ao menos três confirmaram que, em algum momento, escutaram pedidos de propina em troca da liberação de verbas.
Na prática, os pastores faziam a ponte entre prefeitos e o ministro Milton Ribeiro e, em troca de recursos para a Educação dos municípios, pediam uma quantia de propina.
Em áudios divulgados na última segunda-feira (21/3), o ministro Milton Ribeiro confirma o direcionamento e afirma que faz isso a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, continua, em reunião com prefeitos.
Repercussões
Na última quinta-feira (24/3), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o ministro Milton Ribeiro, em razão do suposto envolvimento no esquema de facilitação de verbas. A investigação foi um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O inquérito busca apurar “se pessoas sem vínculo com o Ministério da Educação atuavam para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado à pasta”.
A ministra pede que sejam ouvidos por autoridades policiais, em até 15 dias, Milton Ribeiro, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e os prefeitos Nilson Caffer, de Guarani D’Oeste (SP), Adelícia Moura, de lsraelândia (GO), Laerte Dourado, de Jaupaci (GO), Doutor Sato, de Jandira (SP), e Calvet Filho, de Rosário (MA).
Os suspeitos de envolvimento no esquema de favorecimento devem “esclarecer o cronograma de liberação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e os critérios adotados”.
Por Folha de São Paulo/Metropoles