O Parlamento da Hungria votou na segunda-feira (28) para “banir” temporariamente seis parlamentares da oposição do prédio e cortar seus salários depois que eles usaram sinalizadores de fumaça durante um protesto na câmara contra uma lei que proíbe marchas do Orgulho LGBTQ+.
É a primeira vez que legisladores são impedidos de entrar na câmara desde a transição da Hungria para a democracia, em 1990, de acordo com a assessoria de imprensa do Parlamento.
O Parlamento, dominado pelo partido nacionalista e socialmente conservador Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, aprovou a proibição das marchas do Orgulho em 18 de março, desencadeando protestos e atraindo críticas em Budapeste.
No dia da votação, o parlamentar independente Ákos Hadházy e dois parlamentares do pequeno partido Momentum acenderam sinalizadores de fumaça. Três outros parlamentares do Momentum também se espalharam pela câmara e exibiram fotos de Orbán e do presidente russo, Vladimir Putin, se beijando durante a votação.
Os parlamentares que protestavam também tocaram o hino nacional da Rússia, em gesto que pretendia destacar os paralelos entre as medidas de Orbán contra minorias sexuais e aquelas adotadas pelo governo de Putin.
O Parlamento aprovou na segunda-feira a decisão do presidente da Câmara, László Kövér, membro do Fidesz, de banir os parlamentares que portaram os sinalizadores de fumaça por 12 dias úteis e retirar-lhes seis meses de salário. O Parlamento também apoiou a decisão de Kövér de banir os outros três parlamentares por seis dias e negar-lhes quatro meses de salário.
O Parlamento se reunirá por mais 11 dias em sua sessão de primavera antes das férias de verão, o que significa que três dos legisladores não poderão retomar seus assentos até o outono.
Os três deputados que empunhavam sinalizadores de fumaça realizaram um protesto “provocativo e antissocial” que representou um risco à saúde e ao fogo, segundo o texto das resoluções no site do Parlamento. Obstrução de uma sessão parlamentar é “uma das infrações disciplinares mais graves”, diz o texto.
Todos os seis legisladores apresentaram uma petição ao Comitê de Imunidade do Parlamento, buscando a anulação de sua punição e argumentando que a decisão do presidente não tinha justificativa factual nem legal.
Orbán, que enfrenta um duro desafio de um novo partido de oposição antes das eleições de 2026, criticou a comunidade LGBTQ+ e também prometeu reprimir o financiamento estrangeiro à mídia independente e às ONGs na Hungria.
Reportagem de Anita Komuves