Paraibano começa com promessa de equilíbrio e briga boa por vaga na Série D

belo campaeãoO Campeonato Paraibano é o primeiro estadual do país a começar em 2018. Neste domingo, quatro jogos abrem a 108ª edição da competição, mais uma vez polarizada pelo trio de ferro – Botafogo-PB, Treze e Campinense. Só que, desta vez, com um regulamento propício às surpresas, ainda mais contando com o investimento feito pelos clubes sertanejos. Assim, o Paraibano promete ser um campeonato equilibrado e cheio de emoção.

É lógico que os grandes saem na frente. Com mais poder de investimento, eles foram às comprar com gosto. O Botafogo-PB, atual campeão, trouxe o zagueiro Gladstone (ex-Cruzeiro) e o atacante Nando, um dos artilheiros do futebol nordestino nas últimas temporadas defendendo o ABC. Mas a grande aposta é mesmo o meia Marcos Aurélio, que teve uma passagem de destaque pelo Coritiba e disputou a Série B do ano passado pelo Luverdense.

Já o Treze, atual vice-campeão, repatriou o ídolo Marcelinho Paraíba. Depois de um belo campeonato em 2017, o veterano de 42 anos foi defender a Portuguesa na Série D e na Copa Paulista. De volta, promete ser o maestro de um time recheado de bons jogadores, como o goleiro Saulo (ex-Sport) e o atacante Reinaldo Alagoano, que veio do rival Campinense.

O Campinense, por sua vez, fez contratações menos badaladas. O clube viveu um processo eleitoral conturbado e isso acabou prejudicando um pouco o planejamento. Ainda assim, a Raposa aposta na velha máxima de formar bons times com poucos recursos. E deu essa missão a Celso Teixeira, um técnico acostumado a extrair o melhor de um elenco limitado. No ano passado, por exemplo, ele foi o grande responsável por levar o Treze à final do Campeonato Paraibano, quando ninguém apostava muito nisso.

Mas o que torna mesmo o Paraibano imprevisível é o fato do Sertão também vir forte. Campeão da segunda divisão, o Nacional de Patos fará companhia a Sousa e Atlético de Cajazeiras nesta temporada. E os três resolveram investir para, no mínimo, brigar por uma vaga na Série D do ano que vem.

O Canário manteve a base da Segundona, reforçado de jogadores como o goleiro Pantera (campeão da Copa do Nordeste de 2013 pelo Campinense) e pelo atacante Lúcio Curió (ex-América-RN, que retorna ao futebol paraibano).

Semifinalista do ano passado, o Atlético de Cajazeiras espera repetir a dose e dar um passo adiante. A vaga na Série D bateu na trave e agora essa é a meta estabelecida pela diretoria do Trovão Azul. Para isso, manteve a bem sucedida parceria com empresários paulistas e trouxe o zagueiro Fábio Bilica, com passagens por times como Grêmio e Udinese, para ser o xerifão da defesa. O lateral Alyson, retornando de empréstimo ao Botafogo-PB e os atacantes Mosquito e Jó Boy são os outros destaques da equipe treinada pelo competente Índio Ferreira.

O Sousa aposta basicamente na tradição. Único time sertanejo a ser duas vezes campeão paraibano (1994 e 2009), o Dinossauro quer apagar a péssima campanha do ano passado, quando flertou com a zona de rebaixamento praticamente todo o campeonato. Para isso, trouxe o técnico Cleibson Ferreira para começar um trabalho praticamente do zero.

Os outros times têm ambições mais modestas. Escapar do quadrangular da morte já seria um motivo para comemorar. O que não quer dizer que podem surpreender, como fez o Serrano no ano passado. De candidatíssimo ao rebaixamento, o Lobo da Serra brigou até o fim por uma vaga no G-4 e por pouco não alcançou às semifinais. O Auto Esporte, por sua vez, aposta na tradição de quem já foi sete vezes campeão paraibano. CSP e Desportiva montaram times caseiros, mas acreditam que o entrosamento pode fazer a diferença.

Regulamento pode ajudar times a surpreenderem

Que Botafogo-PB, Treze e Campinense são os grandes favoritos, isso ninguém discute. Mas o regulamento adotado este ano pode ser uma armadilha para os grandes e ajudar os times de menor investimento a beliscar uma vaguinha nas finais.

Os dez times foram divididos em dois grupos de cinco, baseado na classificação do ano passado. No Grupo A, ficaram os clubes que terminaram em posições ímpares – 1º, 3º, 5º, 7º e o 1º da segunda divisão; no Grupo B, os pares: 2º, 4º, 6º, 8º e o 2º da Segundona. O resultado disso? Um desequilíbrio de forças.

Para se ter uma ideia, o Grupo A reúne 57 títulos estaduais: Botafogo-PB (28), Campinense (20), Auto Esporte (6), Sousa (2) e Nacional de Patos (1). No Grupo B, apenas Treze (15 títulos) e Atlético (1) já sentiram o gostinho de serem campeões, e vão medir forças com Serrano, CSP e Desportiva.

Pelo regulamento, os times de um grupo enfrentam os do outro, em jogos de ida e volta. Os campeões de cada chave passam direto para as semifinais. Os segundos e terceiros colocados se enfrentam numa espécie de repescagem, com jogos dentro da própria chave. Os vencedores passam para as semifinais.

Em relação a rebaixamento, os dois últimos de cada grupo vão para o quadrangular da morte, com jogos de ida e volta para se definir os dois que caem para a segunda divisão.

Campeonato Paraibano começou em 1907. Ou foi em 1917? Ou 1919?

Falar da história do Campeonato Paraibano é um desafio. Isso porque são vários asteriscos ao longo dos anos e a FPF não faz nenhum esforço para dirimir as dúvidas. A começar pelo ano da primeira competição. Muitos cravam 1917, quando o Pio X se sagrou campeão de um campeonato minimamente organizado; outros apontam para 1919, quando surgiu a Liga Desportiva Parahyba, precursora da atual Federação.

Mas, nos últimos anos, os historiadores vêm considerando mais a hipótese do primeiro campeonato ter sido realizado em 1908, quando finalmente os times existentes à época se organizaram para uma disputa. Essa é a linha também adotada neste guia.

Ainda assim, existem outras polêmicas. O campeonato de 1922 não aconteceu, mas o Pytaguares é reconhecido como campeão daquele ano por ter vencido o Torneio Início. Em 1930 e 1951 o campeonato de fato não aconteceu. Em 1975, o título foi dividido por Botafogo-PB e Treze, mas até hoje o Campinense briga na Justiça para tirar a taça do Galo e ser proclamado campeão. Em 1985, ano do quarto centenário, o campeonato não foi decidido por falta de datas; e em 2002, o Botafogo-PB questiona o título do Atlético de Cajazeiras, que teria escalado um jogador irregular. Para a Federação, vale o que foi decidido em campo.

Sendo assim, eis os campeões paraibanos ano a ano:

Campeões Paraibanos (de 1908 a 2017)

Ano Campeão Vice Artilheiro
1908 Parahyba FC
1909 Parahyba United
1910 Atlético Parahybano
1911 Parahyba Sport
1912 Red Cross
1913 América
1914 Brasil
1915 Cabo Branco
1916 Brasil
1917 Pio X
1918 Cabo Branco
1919 Palmeiras-PB Cabo Branco
1920 Cabo Branco São Paulo-PB
1921 Palmeiras-PB Cabo Branco
1922 Pytaguares
1923 América Cabo Branco
1924 Cabo Branco
1925 América Cabo Branco
1926 Cabo Branco
1927 Cabo Branco
1928 Palmeiras-PB
1929 Cabo Branco
1930
1931 Cabo Branco Internacional-PB
1932 Cabo Branco Pytaguares
1933 Palmeiras Cabo Branco
1934 Cabo Branco
1935 Palmeiras-PB Botafogo-PB
1936 Botafogo-PB Palmeiras-PB
1937 Botafogo-PB Felipéia
1938 Botafogo-PB Palmeiras-PB Alírio (União) – 8 gols
1939 Auto Esporte Treze
1940 Treze Botafogo-PB
1941 Treze Felipéia
1942 Astréa Treze
1943 Astréa Cabo Branco
1944 Botafogo-PB
1945 Botafogo-PB Felipéia
1946 Felipéia União
1947 Botafogo-PB Ipiranga
1948 Botafogo-PB Auto Esporte
1949 Botafogo-PB Auto Esporte
1950 Treze Botafogo-PB
1951
1952 Red Cross Botafogo-PB
1953 Botafogo-PB Auto Esporte
1954 Botafogo-PB Auto Esporte
1955 Botafogo-PB Auto Esporte
1956 Auto Esporte Botafogo-PB
1957 Botafogo-PB Auto Esporte Delgado (Auto Esporte) – 11 gols
1958 Auto Esporte Íbis
1959 Estrela do Mar Auto Esporte
1960 Campinense Paulistano Zezinho Ibiapino (Campinense) – 18 gols
1961 Campinense Treze Pedro (Treze) – 10 gols
1962 Campinense Treze Tonho Zeca (Campinense) – 12 gols
1963 Campinense Treze Cocó (Campinense) – 11 gols
1964 Campinense Treze Ruiter (Campinense) – 16 gols
1965 Campinense Botafogo-PB Ireno (Campinense) – 17 gols
1966 Treze Campinense Ireno (Campinense) – 11 gols
1967 Campinense Treze Farias (Campinense) – 13 gols
1968 Botafogo-PB Treze Ireno (Campinense) – 20 gols
1969 Botafogo-PB Treze Nide (Treze) – 16 gols
1970 Botafogo-PB Santos-PB Dissor (Botafogo-PB) – 14 gols
1971 Campinense Botafogo-PB Edgar (Campinense) – 15
1972 Campinense Treze Edgar (Campinense) – 15 gols
1973 Campinense Treze Vandinho (Treze) – 17 gols
1974 Campinense Treze Clóvis (Nacional de Patos) – 19 gols
1975 Botafogo-PB e Treze
1976 Botafogo-PB Desportiva Borborema Edílson (Atlético de Sousa) – 16 gols
1977 Botafogo-PB Campinense Jorge Demolidor (Botafogo-PB) – 22 gols
1978 Botafogo-PB Nacional de Patos Magno (Botafogo-PB) – 15 gols
1979 Campinense Botafogo-PB Adelino (Treze) – 19 gols
1980 Campinense Botafogo-PB Hélcio Jacaré (Treze) – 15 gols
1981 Treze Campinense Joãozinho Paulista (Treze) – 30 gols
1982 Treze Campinense Lula (Treze) – 22 gols
1983 Treze Campinense Dentinho (Botafogo-PB) – 42 gols
1984 Botafogo-PB Campinense Carlinhos Mocotó (Botafogo-PB) – 19 gols
1985 Não foi decidido Carlos Roberto (Botafogo-PB) – 15 gols
1986 Botafogo-PB Treze Garrinchinha (Nacional de Cabedelo) – 13 gols
1987 Auto Esporte Botafogo-PB Vamberto (Nacional de Patos) – 20 gols
1988 Botafogo-PB Treze Nei (Botafogo-PB) – 14 gols
1989 Treze Botafogo-PB Rocha (Treze) – 35 gols
1990 Auto Esporte Nacional de Patos Menon (Nacional de Patos) – 17 gols
1991 Campinense Nacional de Patos Orlando (Campinense) – 15 gols
1992 Auto Esporte Treze Aguinaldo (Botafogo-PB) – 35 gols
1993 Campinense Auto Esporte Marcos Pitombinha (Treze) – 35 gols
1994 Sousa Atlético de Cajazeiras Missinho (Botafogo-PB) – 26 gols
1995 Santa Cruz-PB Sousa Roberto Michelle (Sousa) – 40 gols
1996 Santa Cruz-PB Botafogo-PB Gílson Jacaré (Socremo) – 15 gols
1997 Confiança de Sapé Botafogo-PB Vamberto (Botafogo-PB) – 16 gols
1998 Botafogo-PB Campinense Marcelo Santos (Botafogo-PB) – 24 gols
1999 Botafogo-PB Treze Bia (Sousa) – 17 gols
2000 Treze Botafogo-PB Rincón (Treze) – 10 gols
2001 Treze Botafogo-PB Val Araguaia (Treze) – 15 gols
2002 Atlético de Cajazeiras Botafogo-PB Binho (Campinense) – 16 gols
2003 Botafogo-PB Atlético de Cajazeiras Paulinho Guerreiro (Atlético de Cajazeiras) – 17 gols
2004 Campinense Treze Adelino (Campinense) – 19 gols
2005 Treze Nacional de Patos Ânderson (Nacional de Patos) – 11 gols
2006 Treze Botafogo-PB Théo (Treze) – 12 gols
2007 Nacional de Patos Atlético de Cajazeiras Edmundo (Nacional de Patos) – 18 gols
2008 Campinense Treze Fredson e Júnior Mineiro (Sousa) – 14 gols
2009 Sousa Treze Edmundo (Sousa) – 18 gols
2010 Treze Botafogo-PB Edmundo (Botafogo-PB) – 24 gols
2011 Treze CSP Cléo Paraense (Treze) – 15 gols
2012 Campinense Sousa Warley (Campinense) – 22 gols
2013 Botafogo-PB Treze Warley (Botafogo-PB) – 14 gols
2014 Botafogo-PB Campinense Carlinhos (Santa Cruz-PB) – 17 gols
2015 Campinense Botafogo-PB Rafael Oliveira (Botafogo-PB) – 15 gols
2016 Campinense Botafogo-PB Rodrigão (Campinense) – 9 gols
2017 Botafogo-PB Treze Rafael Oliveira (Botafogo-PB) – 17 gols

Quem briga pelo título em 2018

O Campeonato Paraibano de 2018 tem a volta de duas importantes cidades: Patos e Guarabira, que não jogaram a competição nos últimos anos. Assim, todas as regiões estão representadas. Conheça os 10 clubes que vão disputar o estadual a partir deste domingo.

G1/PB

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