ONU: ‘desastre de Brumadinho deve ser investigado como crime’
O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak, afirmou que o rompimento de uma barragem de contenção de minérios da Vale em Brumadinho, na última sexta-feira (25), deve ser investigado como “um crime. “Esse desastre exige que seja assumida responsabilidade pelo o que deveria ser investigado como um crime. O Brasil deveria ter implementado medidas para prevenir colapsos de barragens mortais e catastróficas após o desastre da Samarco de 2015”, disse Tuncak em entrevista à BBC News Brasil.
O rompimento da barragem em Brumadinho já deixou ao menos 58 mortos e mais de 300 desaparecidos, segundo dados divulgados pelas autoridades. Em 2015, uma barragem da mineradora Samarco que tem a Vale como uma de sus controladoras – localizada em Mariana (MG), rompeu e deixou 19 mortos e causou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues. O desastre foi considerado a maior tragédia ambiental do país.
Para Tuncak, “os esforços contínuos no Brasil para enfraquecer as proteções para comunidades e trabalhadores que lidam com substâncias e resíduos perigosos mostram um desrespeito insensível pelos direitos das comunidades e dos trabalhadores na linha de frente”. Ainda segundo ele, o Brasil deveria ter promovido um maior controle ambiental após o desastre de Mariana, mas foi “completamente pelo contrário”, ignorando até mesmo os alertas feitos pela ONU sobre o assunto.
Para o especialista, “é particularmente preocupante que especialistas ambientais e membros da comunidade local tenham expressado preocupação sobre o potencial de rompimento da barragem de rejeitos” e o fato de o país ter simplesmente ignorado os alertas feitos. Em julho do ano passado, um grupo de cinco Relatores Especiais da ONU e um Grupo de Trabalho do Conselho de Direitos Humanos expressaram formalmente ao governo brasileiro suas preocupações com a atividade de mineração no país. Ainda segundo a ONU, o governo do então presidente Michel Temer teria simplesmente ignorado as solicitações de visitas feitas pelos relatores.
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Brasil 247