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ONU alerta para uma nova agricultura em clima hostil

ONU livroFome zero no mundo até 2030? A meta ambiciosa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) tem agora um obstáculo de peso: as mudanças climáticas. E o aquecimento global demanda uma revolução nas lavouras, alerta a entidade.

“As secas não podem ser evitadas, mas é possível impedir que elas levem a crises de fome se forem tomadas medidas apropriadas”, alertou o diretor da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva. Neste domingo é o Dia Mundial da Alimentação.

A ONU aproveitou a data para pedir ações urgentes que permitam adaptar a agricultura às mudanças do clima no planeta e evitar que o aquecimento global cause mais crises de fome. Hoje, quase 800 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer.

Diante de fenômenos naturais extremos cada vez mais intensos e mais frequentes, como o último Furacão Matthew, que destruiu parte do Haiti, Graziano indicou que a adaptação e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas são fundamentais, especialmente para os pequenos agricultores, que necessitam ter acesso a inovações tecnológicas e a programas sociais.

Calcula-se que mais de 80% da população que passa fome vive em países que sofrem desastres naturais e degradação ambiental. O Papa Francisco afirmou, em mensagem lida pelo observador permanente da Santa Sé na FAO, que as instituições nacionais e internacionais devem agir com solidariedade para garantir uma distribuição justa dos alimentos, “até quando a lógica do mercado segue outros caminhos”. “

Da sabedoria das comunidades rurais podemos aprender um estilo de vida que pode ajudar a nos defender da lógica do consumo e da produção a qualquer custo”, disse.

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, lembrou que o combate à pobreza e à fome é uma questão política, da mesma forma que o assunto da imigração, por isso que criticou os que fazem prevalecer na Europa “os egoísmos nacionais”. “Não é aceitável que um jovem na África tenha em seu celular acesso à mesma informação que um europeu e que não tenha o mesmo direito à alimentação”, frisou.

Documento divulgado nesta sexta-feira propõe ações em sete áreas: reflorestamento, agricultura, manejo de animais, uso de recursos, pesca, cadeia alimentar e desperdício. Os efeitos do clima descontrolado têm impacto também no preço dos alimentos, ressalta a publicação. “Sem segurança alimentar, é impossível o desenvolvimento econômico e social.”

Quer ajudar? Veja como

As dicas de sempre, como economizar água, estão lá. Mas a FAO dá outras dicas.

– Mude o paladar

Seja mais vegetariano. A pecuária consome muito mais recursos do que lavouras e destrói hectares de florestas

– Fisgue novos peixes

Em vez de bacalhau e atum, espécies ameaçadas, experimente cavalinha e arenque, bem mais abundantes. Virá do mar e dos rios boa parte dos alimentos no futuro.

– Seja orgânico

Vá mais às feirinhas. A agricultura familiar ajuda a manter a saúde do solo: pequenas produções permitem que o chão retenha mais carbono, o que ajuda a equilibrar o clima.

– Compre o feio

Desapegue dos padrões de beleza nos sacolões e leve para casa frutas e legumes amassados ou disformes. O gosto é o mesmo, e você vai ajudar a combater o desperdício.

 – Sobras e potinhos

Cozinhou demais e sobrou muita comida? Não jogue fora: congele. Mas fique de olho no refrigerador. Arrume os recipientes de modo a deixar os mais antigos na frente dos recém-armazenados.

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