Óleo que atinge a costa brasileira chega ao arquipélago de Abrolhos
As manchas de óleo continuam a se espalhar pelo litoral do Nordeste brasileiro. A Marinha confirmou neste sábado (2) que fragmentos de óleo foram encontrados no arquipélago de Abrolhos, litoral sul da Bahia. É a área com maior diversidade de vida marinha no Atlântico Sul. Oficiais da Marinha e representantes do Ibama vão reforçar o monitoramento da região.
Um vídeo divulgado pela Marinha do Brasil mostra pequenas manchas de óleo no mar. O grupo de acompanhamento e avaliação formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo e Ibama, que faz o monitorando do óleo no país, removeu fragmentos de óleo na Ponta das Baleias, em Caravelas, e na ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos. A região com a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul.
“É um desastre para esse ecossistema, para todo o ecossistema recifal do Brasil desde o Maranhão até a Bahia e Abrolhos, que é o último refúgio de corais verdadeiro, de recifes verdadeiros em Abrolhos. Isso é um desastre incalculável”, afirma Zelinda Leão, professora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia.
A Marinha monitora a região dos Abrolhos diariamente, mas desde o dia 12 de outubro intensificou o monitoramento na área de 22 mil quilômetros quadrados em torno do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. São oito navios, sete aeronaves e oito botes.
“Nós estamos combatendo algo inédito, que não existe precedentes na literatura, e não é só a Marinha que fala isso. É a Marinha, o Ibama, a Petrobras, a consultoria internacional que nós temos. Então, não considero que houve uma falha ou que deu errado. Simplesmente nós estamos atuando de acordo, nas nossas possibilidades, e com esse fato, repito, inédito e de difícil identificação”, diz o almirante Silva Lima, comandante do 2º Distrito Naval.
“É um trabalho como a gente tem feito no restante do litoral, a diferença é que em Abrolhos pela especificidade, pela riqueza da biodiversidade daquela região, está havendo um esforço mais concentrado ali”, conta Rodrigo Alves, superintendente do Ibama/BA.
Neste sábado (2), em Caravelas, pequenos fragmentos começaram a aparecer na barra. “Os voluntários estão espalhados por toda a região. Na Praia do Aracaré, a missão de um grupo é proteger o estuário do Rio Caravelas, um dos maiores da Bahia, que tem cem hectares. Eles estão utilizando boias para fazer uma contenção e impedir que os pequenos fragmentos entrem nos manguezais”, conta Kátia Petersen.
“O manguezal é importantíssimo. Uma vez que o óleo entra, tem que limpar imediatamente porque depois a lama vai cobrindo e fica praticamente impossível de se detectar o óleo lá dentro”, diz o professor e voluntário André Schmidt.
“É desesperador, porque a gente precisa, a gente necessita disso aqui. É ganhar pão de muitas pessoas, é o lugar que a gente nasceu, que a gente mora e é desesperador”, afirma a voluntária Ana Clara Torres.
Jornal Nacional