INTERNACIONAL

O que se sabe sobre a investigação e do papel de Trump no esquema de suborno

Formalmente acusado, o ex-presidente dos EUA deve comparecer ao tribunal na terça-feira (4)

Uma investigação de um ano sobre um suborno envolvendo o ex-presidente Donald Trump e a atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels o levou a ser acusado formalmente por um grande júri de Manhattan por seu suposto papel no esquema, de acordo com várias fontes familiarizadas com o assunto.

A denúncia foi protocolada sob sigilo e será divulgada nos próximos dias. As acusações não são conhecidas publicamente neste momento, disse uma fonte à CNN.

No início de março, Trump havia anunciado nas redes sociais que previa que seria preso em conexão com o caso, embora um porta-voz do ex-presidente tenha dito à época que sua equipe não havia recebido nenhuma atualização do escritório do procurador distrital de Manhattan, que lidera a investigação.

A acusação contra Trump é histórica, marcando a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos e um importante candidato presidencial é acusado criminalmente.

Veja abaixo o que você deve saber sobre a investigação do suborno.

Em que pé está a investigação?

Agora que o grande júri acusou formalmente Trump, o escritório do promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, entrará em contato com os advogados do ex-presidente para discutir a rendição para enfrentar a acusação.

Nas semanas que antecederam a acusação, os promotores do escritório de Bragg pediram a Trump que comparecesse ao grande júri que investigava o assunto.

O pedido representou a indicação mais clara na época de que os investigadores estavam se aproximando de uma decisão sobre se deveriam dar o passo sem precedentes de indiciar o ex-presidente.

A decisão do grande júri certamente enviará ondas de choque por todo o país, empurrando o sistema político americano – que nunca viu um de seus ex-líderes confrontado com acusações criminais, muito menos enquanto concorre novamente à presidência – em águas desconhecidas.

Pagamentos

A investigação do promotor de Manhattan começou com o antecessor, Cy Vance, quando Trump ainda estava na Casa Branca.

Refere-se a um pagamento de US$ 130 mil feito pelo então advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, a Stormy Daniels no final de outubro de 2016, dias antes da eleição presidencial daquele ano, para silenciá-la de ir a público sobre um suposto caso com o ex-presidente uma década antes. Trump negou o caso.

Em causa na investigação está o pagamento feito a Daniels e o reembolso da Organização Trump a Cohen.

De acordo com documentos judiciais da própria promotoria federal, os executivos autorizaram pagamentos a ele totalizando US$ 420 mil para cobrir seu pagamento original de US$ 130.000 e obrigações fiscais e recompensá-lo com um bônus.

A investigação do promotor de Manhattan paira sobre Trump desde sua presidência, e é apenas uma das várias investigações que o ex-presidente enfrenta ao fazer sua terceira candidatura à Casa Branca.

Os possíveis crimes em jogo

Pagamentos secretos não são ilegais. Já falsificar registros comerciais é uma contravenção em Nova York.

As acusações não foram tornadas públicas, mas antes da acusação, os promotores estavam avaliando se deveriam acusar Trump de falsificar os registros comerciais da Organização Trump pelo reembolso do pagamento a Cohen, que disse ter adiantado o dinheiro a Daniels.

Os promotores também avaliam se devem acusar Trump de falsificação de registros comerciais em primeiro grau por falsificar um registro com a intenção de cometer outro crime ou ajudar ou ocultar outro crime, o que, neste caso, poderia ser uma violação das leis de financiamento de campanha.

Isso é um crime de Classe E e acarreta uma sentença de no mínimo um ano e até quatro anos.

Para provar o caso, os promotores precisariam mostrar que Trump pretendia cometer um crime. A Organização Trump observou os reembolsos como uma despesa legal em seus livros internos. Trump já havia negado conhecimento do pagamento.

Caso raro

A decisão do grande júri marca um raro momento na história: Trump é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos e o primeiro grande candidato presidencial acusado formalmente de um crime.

O ex-presidente disse que “nem pensaria em deixar” a corrida de 2024 se fosse acusado.

A decisão de apresentar queixa não é isenta de riscos nem garante uma condenação.

Os advogados de Trump podem contestar se as leis de financiamento de campanha se aplicariam como crime para tornar o caso um crime, por exemplo.

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Redação DiárioPB

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