GERAL

O que se passa na “Casinha” do Poder Nacional?

congressoHá coisas que nos extasiam, há coisas que nos deixam curiosos, há coisas que nos jogam na apoplexia, mas há outras que nos resvalam no nada: descrentes e sem arrimo. O Brasil, que pensa e ver além dos dados que rolam na mesa, está perplexo e inquieto, ou seja, sem saber o que pensar e o que dizer ao certo, nem que opinião expressar. Diziam os mais velhos que cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém, e eu digo: primeiro nos certifiquemos das coisas para então nos expressarmos, se necessário e quando oportuno for o momento.

O avião que mergulhou nas águas de Paraty (RJ) com cinco passageiros, dentre eles um Ministro do Supremo (Teori Zavascki), no último dia 19/01, mergulhou com ele todo um país que há muito está convulsionado. Foram denúncias, prisões de figurões, complô no Planalto, usurpação do cargo da presidência, e enfim o golpe! Mas não parava por aí. A angústia brasileira como pensavam alguns deslumbrados direitistas, que insistiram no golpe. A crise nacional agudiza-se a cada momento. E agora com a morte deste ministro responsável pela relatoria da famigerada Operação Lava-Jato, nas mãos de quem repousavam os processos de quase oitenta delações premiadas a serem homologadas pelo magistrado desaparecido. Inúmeras interrogações surgem na cabeça das pessoas que querem uma sociedade sadia e de vergonha na cara. Para o quê faz-se necessária o encarceramento de todos os criminosos que ocupam cargos públicos e/ou lucram com a corrupção do Estado brasileiro nas três esferas: federal, estadual e municipal, e os adjacentes.

Todos sabemos que no Brasil o que não faltam são juízes que prolatam sentenças por encomenda e perseguições aos que se negam a essa prática. Assassinatos de juízes que estão investigando poderosos não é coisa rara, sobretudo no Brasil, país onde quem pode mais chora menos e a boca do rifle manda mais do que o direito. Quem não lembra o destino que teve a juíza Patrícia Lourival Acioli, do Rio de Janeiro, que investigava policiais e foi trucidada aos 47 anos, com 21 tiros, em 12 de agosto de 2011? E quem não lembra o destino que deram ao juiz Alexandre Martins de Castro Filho, do Espírito Santo, executado aos 32 anos, em 24 de março de 2003, por investigar crimes e impunidades de grupos extermínio, cuja ponta do iceberg percebida por ele era ninguém menos do que o juiz titular da vara em que o magistrado-vítima despachava? Vale lembrar que Alexandre de Castro além de ser magistrado também era filho de magistrado. Isso é só uma demonstração de que no Brasil, seja quem for, tentou agir contra o crime terá um final não muito desejado. E além desses, tantos outros casos há. A grande juíza baiana Eliana Calmon do STJ, à época corregedora do CNJ, por exemplo, causou espécie ao se referi à caixa preta do judiciário, os juízes ficaram melindrosos, magoadíssimos, outros reagiram violentamente; mas, de qualquer forma, essa caixa preta continua bem lacrada com todos os segredinhos e negociatas bem guardados. Seriam as forças ocultas a que se referia o ex-presidente Jânio Quadros?

Recentemente no Paraná cinco jornalistas passaram por maus bocados simplesmente por terem denunciado no jornal Gazeta do Povo os supersalários de juízes e promotores daquele estado. Como retaliação os juízes e promotores lançaram contra eles dezenas de processos em vários cidades diferentes, de modo que os profissionais passaram a só viajar e não mais podiam trabalhar. Os jornalistas recorreram ao STF para ao menos unificarem os processos, mas a ministra Rosa Weber negou o pedido. Depois o Jornal entrou com novo pedido e aí ela concedeu após ver a repercussão na mídia, (com medo da reação social, certamente).

Então o que pensar da morte do Ministro do Supremo? Será que as forças ocultas evocadas por Jânio Quadros estarão por trás? Teria sido um mero e acidente obra do acaso e da fatalidade? Ou alguém teria dado uma “mãozinha” ao “destino”? Não quero e não gosto de dar azo às chamadas teorias conspiratórias, coisas de desocupados e “enredantes”. Mas questionar-se sobre as possibilidades do que poderia ter ocasionado um acontecimento é saudável e justo.

A favor do acaso tem um mau tempo com uma aeronave pequena e um aeroporto desprovido de instrumentos de navegação aérea; a favor de uma possível premeditação há um piloto experiente (com quase trinta anos de carreira), formador de outros pilotos, que inclusive ministrava palestras sobre como pousar no dito aeroporto em segurança, com o brevê atualizado, a maior parte de sua atuação era exatamente a rota São Paulo-Paraty; uma aeronave tida como nova, com a manutenção em dia, pois o avião era para uso do proprietário, assim, ele não iria brincar com a própria vida; e acima de tudo há um magistrado que se sabe honesto e não titubeava em afastar deputados federais do Congresso (Eduardo Cunha) e mandar prender senador em exercício (Delcídio Amaral). E, por cima, tinha em mãos 77 processos de pedido de delação premiada sendo analisados e prestes a serem homologados, o que se acontecer de os homologarem vai soterrar o edifício da política e de todos os próximos aos políticos nacionais. Se de fato esses 77 presos falarem o que sabem, vai escorrer mais lama em todo o país do que escorreu das barragens da Samarco. A pergunta que não quer calar: por acaso interessava a alguém a eliminação deste ministro?

A priori eu imaginei que poderia muito bem ser uma fatalidade do mau tempo na região, noticiado pela Globo. Mas depois, coisas começaram a acontecer, por exemplo, a Marinha decidiu não mais retirar o avião do mar. Esquivou-se interpondo uma série de dificuldades. E deixando-o a cargo da empresa, cujo proprietário também foi vítima da queda da aeronave. Uma dessas dificuldades alegadas é por ser a região rasa não seria possível aproximar-se navios de grande calado; mas será que não seria possível outro procedimento? Os destroços do avião, do voo 447, da Air France que caiu no Atlântico, na rota Rio de Janeiro-Paris, em 01/06/2009, foram retirados de uma profundidade de quase 4.500 (quatro mil e quinhentos) metros. Esse não seria bem mais dificultoso do que retirar este pequeno avião que está numa região, cuja profundidade é de apenas 5 (cinco) metros?

Ademais, no programa semanal de variedades do domingo à noite, da rede Globo, do dia 22/01/2017, Francisco Zavascki, advogado e filho do ministro morto, revelou que tanto o pai, Teori, quanto os filhos e até os netos estavam sofrendo ameaças através de telefone, das redes sociais… Isso já é algo que preocupa muito mais e aumenta as dúvidas.

Resta a dúvida e as interrogações: o que de fato dificulta a retirada desse avião do mar? Tanto porque parece-me que as mesmas dificuldades que se interpõem à Marinha, no processo de fazer emergir a aeronave, interpor-se-ão à empresa do proprietário da aeronave e a qualquer outra que for executar a tarefa. Resta-nos esperar.

Mas se ninguém conseguir de fato recuperar esse avião, a única saída que resta é chamar o todo-poderoso juiz Sérgio Moro, Júpiter, para os íntimos, para que com todo o seu poder ele possa fazer emergir das águas o avião com um simples estalar de dedos.

Por Paulo Alves

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