Número de crianças no Brasil cai e sobe o de idosos, afirma IBGE
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua, divulgada nesta sexta-feira (24) pelo IBGE, detectou mudanças nas famílias brasileiras. A população está vendo diminuir o número de crianças e aumentar o de idosos.
Nas casas brasileiras, moram 205 milhões de pessoas: um crescimento de 3,4% em 4 anos. E quando se olha no espelho, o Brasil nota o passar do tempo.
Seu Felipe nasceu em 1915, em uma família de sete irmãos, um número que naquele tempo nem chamava atenção. O bisneto dele é o Francesco, filho único, e isso, atualmente, é o que passou a ser comum.
“Infelizmente, hoje em dia está difícil de a gente realmente criar filho. Então, enfim, cada vez a gente está realmente diminuindo mais essa quantidade de filhos para poder dar qualidade de educação às crianças”, disse a mãe do Francesco, a advogada Flávia de Luca Mucciolo.
Nessa família, são quatro gerações vivendo debaixo do mesmo teto, das mesmas tradições. A vida dentro de casa é um retrato das mudanças na família brasileira.
O IBGE está dizendo que Papai Noel vai ter menos trabalho no Brasil. Afinal, os adultos não costumam escrever para ele com tanta frequência e a pesquisa divulgada nesta sexta-feira diz que o número de crianças até 9 anos no país foi ultrapassado pelo de pessoas com mais de 60 anos.
Em quatro anos, idosos e crianças praticamente trocaram de posição. Em 2012, os brasileiros com até 9 anos eram pouco mais de 14% da população nas casas brasileiras. Em 2016, quando a pesquisa foi feita, passaram a ser 12,9%.
Já quem tem 60 anos ou mais representava 12,8% do total. Quatro anos depois, superaram 14%. O IBGE também detectou mudanças ao perguntar aos brasileiros sobre a própria cor.
Mais pretos e pardos
A população que se declara preta, nos termos usados pelo IBGE, aumentou quase 15% em quatro anos. No mesmo período, o número dos que se autodeclaram pardos também cresceu, mais de 6%. Assim, o percentual da população que se declara branca vem diminuindo.
Os especialistas dizem que essas mudanças representam, acima de tudo, um movimento de afirmação de identidade.
“Porque era um fator de desmerecimento você dizer a cor e o movimento trabalhou para valorizar como fator de orgulho, porque a cor deixou de ser apenas ônus. Porque antes era ônus. Ela passou também a ser um fator de direito. Então, juntado o orgulho, a consciência e esse fator de direito é natural que aqueles que se achavam marrom bombom, jambo, agora de forma orgulhosa se consideram como negros”, disse o Ivanir dos Santos, da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).
G1