Nota em apoio ao jornalista Juca Kfouri e de repúdio a seu agressor
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) expressa seu apoio ao jornalista Juca Kfouri e seu repúdio às inaceitáveis agressões praticadas por meio de mensagens em rede social por José Emílio Joly Júnior. Em sua coluna na internet e em jornal, Juca Kfouri aborda principalmente temas esportivos, mas com frequência trata também de temas políticos, inclusive para dar toda a dimensão das questões que envolvem o esporte brasileiro e mundial.
Críticas legítimas do jornalista ao governo Bolsonaro e ao grupo que o cerca provocaram, por parte de Joly Júnior, uma saraivada de mensagens com agressões e ameaças – que ultrapassaram o limite do debate democrático e entraram no terreno criminal.
Ao atacar Juca Kfouri, Joly Júnior usou termos como: “Lembre-se que a Ditadura está no poder e os porões serão reabertos para ‘extinguir’ lixos como você, Juca. Cuidado!”; “Como ex-militar, eu adoraria uma missão para executar imbecis iguais a vocês do UOL e outros lixos”; “Acho que o seu nome já está na lista dos famosos helicópteros dos tempos áureos da Ditadura, onde sobrevoavam por mares distantes! Atenção senhores passageiros para voo panorâmico em alto mar, tomem seus assentos, boa viagem e até nunca mais!!!!”; “Juca.nalha. Sou ex-militar (Pelopes – Pelotão de Operações Especiais), e consigo achar qualquer animal, nem que seja no inferno”.
Frente ao teor criminoso das mensagens, Juca Kfouri corretamente acionou o Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público de São Paulo, e o agressor terá de responder judicialmente por seus atos. A Fenaj apoia totalmente o jornalista e pretende se somar à iniciativa como parte diretamente interessada, pois há uma escalada de agressões e ameaças a jornalistas em rede social em todo o Brasil, e é preciso enfrentá-la para preservar o livre exercício do jornalismo e a própria liberdade de imprensa.
As mensagens de Joly Júnior, por seu teor, suscitam ainda outra questão: como se sabe, os crimes de tortura e morte praticadas por agentes da ditadura militar de 1964 permanecem até hoje não apurados, e portanto impunes, e são crimes imprescritíveis, cuja impunidade prossegue como uma chaga aberta. Nos somamos à demanda do jornalista Juca Kfouri para que a Justiça exija de Joly Júnior que explique o que sabe do uso de helicópteros para assassinar opositores e desaparecer com seus corpos durante o regime militar, como forma de avançar no conhecimento público desta página obscura de nossa história.
Diretoria da FENAJ
UOL