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Na Paraíba, acampamento Arcanjo Belarmino recebe ordem de despejo

Em agosto, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal veio à Paraíba para tratar sobre mais de 20 despejos previstos no estado. / Assessoria MST – PB

O Acampamento Arcanjo Belarmino, localizado em Pedras de Fogo (PB) está sob ameaça de despejo. As 400 famílias da área estão temerosas porque desde agosto que existe uma articulação entre o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal (CDHM), através do deputado federal da Paraíba, Frei Anastácio (PT), para que as famílias não fiquem desalojadas e sem dignidade. Vale lembrar que nos dias 28, 29 e 30 de agosto, a CDHM visitou à Paraíba pelo fato de, no estado, existir cerca de 20 áreas com ordem de despejo e um grande risco de ocorrerem diversos conflitos.

No entanto, nesta terça (22), o deputado Frei Anastácio, assim como o MST ficaram surpresos com a emissão de ordem de despejo para a área. Parlamentares e órgãos envolvidos na mediação de conflitos como a Defensoria Pública da União, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública do estado da Paraíba haviam tratado sobre a inviabilidade de retirar as famílias do acampamento Arcanjo Belarmino ainda durante a visita da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal à Paraíba, numa audiência pública, episódio que parece não ter surtido efeito.

O agricultor Josemar Araújo diz que “o acampamento foi fundado em 17 de julho de 2015, o acampamento era uma fazenda chamada de Santa Tereza. Aqui produziam bambu e depois que trouxemos as famílias para aqui, hoje elas sobrevivem da terra, lutam por essa terra por obrigação e por sobrevivência. O único lar que temos hoje é o acampamento Arcanjo Belarmino”.

Parte da produção do Acampamento Arcanjo Belarmino, doada em 17 de abril de 2019, à comunidade Porto do Capim. / Assessoria MST – PB

“Roça, batata, macaxeira, inhame, tudo produzimos aqui e é para servir o povo e à comunidade”, explica o acampado Edson Silva, ao defender o direito de continuar a viver na área.

Tânia Machado, também acampada na área desde a fundação do Arcanjo, diz que está vivendo melhor a partir da roça e da criação de galinhas que pôde fazer no acampamento.

“Sem a terra não tem como nós sobrevivermos, pois nós vivemos da agricultura”, afirma o agricultor Joeldo Fernandes, também acampado na área ameaçada de despejo.

Para a acampada Ednalva Ribeiro, se tirarem ela do Arcanjo Belarmino, “eu vou passar fome porque na cidade não tem o que comer”.

A área de produção do acampamento Arcanjo Belarmino estava abandonada, as 400 famílias que ocuparam a área da fazenda falida da Usina Santa Tereza, conseguiram ressignificar o local, tornando a área produtiva com plantio de macaxeira, batata doce, milho, hortaliças e feijão.

Nesta terça (22), o deputado Frei Anastácio (PT) usou a tribuna da Câmara Federal para denunciar a situação das famílias do Arcanjo. “A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal ao ir à Paraíba, fez um trabalho onde reuniu-se representantes do governador, do Ministério Público Federal e várias autoridades também do Judiciário e ficou acordado que ia se montar uma equipe para acompanhar, não só Arcanjo Belarmino, mas todas as outras áreas de conflito da Paraíba, mas nada foi feito até agora. Então apelo à Tribuna dessa casa, ao governador do estado, à Justiça da Paraíba, ao Ministério Público Federal e a todos aqueles que estão se associando a essas trabalhadoras e trabalhadores que não deixem acontecer um crime dessa natureza, aonde os trabalhadores que estão senão produzindo, sejam despejados de uma área aonde não tinha nada, senão uma massa falida de bambu. Eu espero que não seja feita uma injustiça tão grave como esta que está sendo anunciada, com o provável despejo emitido essa semana, para esta área, na Paraíba”, discursou Frei Anastácio.

Brasil de Fato/Paraíba

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