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Mulheres fazem protestos contra Trump nos Estados Unidos

vai tomar no cu trumpCentenas de milhares de mulheres e apoiadores se reúnem em Washington e em outras cidades dos Estados Unidos, neste sábado (21), para protestar. A “Marcha das Mulheres” protesta contra os posicionamentos sexistas do presidente Donald Trump, que tomou posse na sexta-feira (20), e também para pedir mais respeito às mulheres, aos imigrantes, aos muçulmanos, aos deficientes físicos. Este protesto também acontece em diversas partes do mundo.

Os organizadores esperavam reunir 200 mil pessoas em Washington e avançar dois quilômetros pelo National Mall, mas a manifestação recebeu mais apoio do que o esperado. A organização diz que 500 mil pessoas participaram na capital.

Por volta das 14h locais (17h, pelo horário de Brasília), os organizadores divulgaram que a manifestação estava tão grande que não seria possível marchar. A Independence Avenue de Washington, uma das maiores da cidade, estava repleta de manifestantes ao longo de mais de 1,5 km, e era impossível cruzá-la.

A marcha também teve que ser cancelada, devido ao tamanho maior do que o esperado, em Chicago, onde 150 mil pessoas foram às ruas, de acordo com o jornal “Washington Post”. Em Los Angeles, a polícia disse que participa~ram mais de 500 mil pessoas. Um porta-voz afirmou que a multidão se “derramava” pelas ruas adjacentes ao perímetro previsto para o protesto. Também foi registrado grande número de pessoas em Boston, Nova York, Miami e Denver.

Em Washington, os manifestantes ouviram vários cantores e oradores, como o cineasta Michael Moore, a atriz Scarlett Johansson, a lendária defensora dos direitos civis Angela Davis e Madonna. “Bem-vindo à revolução do amor”, disse a cantora, encerrando horas de discursos por celebridades e ativistas. “À rebelião. À nossa recusa como mulheres em aceitar essa nova era da tirania”.

Grande parte das mulheres usou um gorro rosa com orelhas de gatinho, fazendo um trocadilho com a palavra “pussy”, que em inglês significa “gatinho” e também é usado em tom pejorativo para se referir ao órgão sexual feminino. A palavra faz referência direta a um áudio de 2005 vazado durante a campanha eleitoral em que o então candidato afirma: “quando você é uma estrela, (as mulheres) deixam você fazer o que quiser. Pode agarrá-las pela…”.

A organização do chamado “PussyHatProject”, liderada por duas costureiras da Califórnia, declarou ter recebido mais de 60 mil gorros para a passeata.

A cantora Madonna se apresenta após discursar na 'Marcha das Mulheres' em Washington (Foto: REUTERS/Shannon Stapleton)

A cantora Madonna se apresenta após discursar na ‘Marcha das Mulheres’ em Washington (Foto: REUTERS/Shannon Stapleton)

‘Nós somos a América’

“A marcha é uma demonstração de nossa solidariedade e nossa crença de que os Estados Unidos devem ser grandes e devem respeitar todas as pessoas, de todos os credos e cores”, declarou à AFP Lisa Gottschalk, uma cientista de 55 anos que viajou da Pensilvânia para protestar.

“Não podemos passar de uma nação de imigrantes a uma nação de ignorantes”, alertou uma das primeiras oradoras, a atriz de origem hondurenha América Ferrera, em referência à promessa de Trump de deportar entre dois e três milhões de imigrantes e construir um muro na fronteira com o México.

“O presidente não é a América. Seu partido não é a América. O Congresso não é a América. Nós somos a América e estamos aqui para ficar”, acrescentou.

“A Marcha das Mulheres enviará uma mensagem clara ao mundo e ao nosso novo governo dos Estados Unidos em seu primeiro dia no cargo de que os direitos das mulheres são direitos humanos”, disseram os organizadores.

Uma das oradoras que mais recebeu aplausos foi Sophie Cruz, uma menina americana-mexicana de seis anos cujos pais se encontram em situação irregular e que ficou famosa em 2015, quando foi abraçada pelo papa Francisco.

“Estamos aqui juntos para formar uma rede de amor que proteja as nossas famílias”, disse no palco, enquanto sua mãe, ao seu lado e vestida com uma roupa indígena, enxugava as lágrimas. “Também quero dizer às crianças que por favor não tenham medo porque não estamos sós (…) Vamos lutar pelo justo!”, pediu a menina.

A atriz Scarlett Johansson pediu: “Presidente Trump, não votei em você, mas apoie minha filha, que, como resultado das suas nomeações, pode crescer em um país que está retrocedendo, não avançando, e que talvez não terá o direito de tomar decisões para o seu corpo e o seu futuro como a sua filha Ivanka teve o privilégio de poder”.

Os organizadores acreditam que aproximadamente 2,5 milhões de pessoas foram às ruas em mais de 600 marchas contra Trump realizadas no exterior.

Ideia do protesto

Tudo surgiu com uma ideia de uma desconhecida advogada aposentada do Havaí, Teresa Shook, que cresceu como uma bola de neve nas redes sociais. “E se as mulheres marchassem em massa em Washington durante a posse?”, perguntou. Quando foi dormir, tinha 40 curtidas”. Quando acordou, mais de 10 mil, e a convocação seguiu crescendo.

As cantoras Cher e Katy Perry e a atriz Julianne Moore também anunciaram sua participação. Também disseram que estariam presentes representantes do movimento Black Lives Matter, uma associação especializada na denúncia de abusos policiais contra os negros.

Esta é a primeira vez em 40 anos que um presidente recém eleito tem uma popularidade tão baixa, de apenas 37%, segundo uma pesquisa da CBS News. A derrota inesperada no dia 8 de novembro de Hillary, que esperava se tornar a primeira presidente dos Estados Unidos, foi um grande golpe para muitas mulheres.

Apoiadores

O grande protesto é apoiado por dezenas de ONGs com valores totalmente contrários aos do presidente republicano de 70 anos. É uma mistura diversa de defensores dos direitos civis, imigrantes, muçulmanos, militantes do meio ambiente, pró-aborto, pró-métodos contraceptivos, das drogas leves, feministas, pacifistas, homossexuais, indígenas.

É apoiada oficialmente pela Anistia Internacional e pela Planned Parenthood, a maior rede de planejamento familiar do país, da qual os republicanos do Congresso querem tirar o financiamento.

Trezentas “marchas irmãs” serão realizadas em outras grandes cidades do país, como Nova York, Boston, Los Angeles e Seattle, assim como no exterior.

A democrata Hillary Clinton, que perdeu para a Trump a chance de ser a primeira presidente mulher dos Estados Unidos, agradeceu aos manifestantes em sua conta do Twitter.

“Obrigada por estar aí, por falar e marchar por nós valores @womensmarch. Mais importante do que nunca. Realmente acho que sempre somos mais fortes juntos”, tuitou.

G1

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