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‘Muito grave, inadmissível e desleal’: Lula repreende ministros por vazamento sobre o caso Janja-TikTok

"Inadmissível que pessoas escolhidas a dedo por mim quebrem minha confiança atacando minha mulher", disse o presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou sua insatisfação e indignação com o vazamento de uma conversa envolvendo ele e a primeira-dama, Rosângela da Silva (Janja), ocorrida durante uma viagem à China, em um jantar reservado oferecido pelo líder chinês Xi Jinping. Um trecho da conversa, que tocou no tema do TikTok, foi vazado para a imprensa e gerou grande repercussão. Segundo Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, em um desabafo a bordo do avião, enquanto retornava ao Brasil, Lula não escondeu seu desconforto com o episódio, classificando-o como “inadmissível” e “desleal”.

O desabafo ocorreu na madrugada de quinta-feira (15), quando a comitiva presidencial estava no meio do trajeto de volta ao Brasil. O presidente, contrariado, se dirigiu aos ministros presentes, deixando claro que considerava o vazamento um episódio grave. De acordo com relatos de membros da comitiva, Lula afirmou que a atitude de quem havia revelado o conteúdo da conversa foi uma violação de confiança. “É inadmissível que pessoas escolhidas a dedo por mim para ir ao jantar quebrem a minha confiança atacando a minha mulher”, desabafou o presidente, acrescentando que isso era “uma deslealdade”. Ele ainda completou que ataques à sua esposa não só a atingem diretamente, mas também o afetam pessoalmente.

Lula disse que não abriria uma CPI nem pediria para checar o telefone celular de ninguém, deixando claro que não tomaria medidas extremas, mas ressaltou que o vazamento, por suas circunstâncias e pela forma como foi feito, era “muito grave”.

O jantar entre Lula e Xi Jinping, ocorrido na terça-feira (13), foi restrito a um número seleto de pessoas. Cinco ministros faziam parte da comitiva que participou da refeição: Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Padilha (Saúde), Simone Tebet (Planejamento), Mauro Vieira (Relações Internacionais) e Rui Costa (Casa Civil).

Após o desabafo de Lula, segundo Mônica Bergamo, Padilha mostrou que havia recebido mensagens de jornalistas sobre o assunto, mas não respondeu. Simone Tebet disse ter recebido telefonemas, mas não retornou, e Mauro Vieira afirmou não ter sido procurado pela imprensa. Fávaro confirmou ter conversado com um repórter, mas apenas para confirmar detalhes da história já apurada, negando colaboração. Rui Costa permaneceu em silêncio no momento, mas depois negou veementemente ser o responsável.

O clima no avião, inicialmente tenso, acabou se suavizando. O ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) fez uma piada, agradecendo por não ter sido convidado para o jantar, o que gerou risos entre os presentes. Outros ministros, sugerindo uma investigação mais profunda sobre o vazamento, comentaram sobre a possibilidade de chamar o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para descobrir quem seria o responsável pela quebra de confiança.

Após o pouso, Lula desembarcou com bom humor, segundo relatos da comitiva. A primeira-dama, por sua vez, mostrou-se tranquila durante conversas com alguns dos ministros, não demonstrando sinais de abalo com a situação.

Brasil, China e a preocupação compartilhada sobre os abusos nas redes sociais – Artigo publicado pelo jornalista Leonardo Attuch, fundador e CEO do Brasil 247, que cobriu pessoalmente toda a agenda da comitiva brasileira na China, mostra que os abusos nas redes sociais são uma preocupação comum dos dois países.

Lula e Janja, ao lado de Xi Jinping, abordaram em reunião com grande preocupação os abusos nas plataformas digitais, especialmente no TikTok, e os impactos negativos na infância e juventude. Durante um jantar entre os líderes, Janja criticou a utilização de crianças por influenciadores para gerar lucro, alertando sobre os danos psicológicos e emocionais causados por algoritmos que promovem a banalidade e a desinformação. Sua crítica foi um alerta legítimo e foi endossada por Lula, que já havia discutido os riscos da desinformação em fóruns internacionais, como o G20 e a ONU. Ele defende uma governança digital global que responsabilize as grandes empresas de tecnologia pelas consequências de suas plataformas.

Xi Jinping, por sua vez, lidera uma agenda de regulação digital que coloca a proteção da infância no centro da discussão. A China já tomou medidas severas para limitar a exploração de crianças nas redes sociais, incluindo a interdição de mais de 11 mil contas que promoviam abusos e a introdução de limites para o uso de aplicativos por menores. Durante entrevista coletiva, Lula mencionou que Xi Jinping sugeriu que o Brasil também avançasse na regulação digital, sem causar qualquer constrangimento, como foi erroneamente noticiado pela imprensa brasileira.

Com Brasil 247

Redação DiárioPB

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