LITERATURA

Morre Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba, aos 99 anos

Recluso e enigmático, o maior contista brasileiro contemporâneo deixa um legado imortal para a literatura nacional

Dalton Trevisan, um dos maiores nomes da literatura brasileira, faleceu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos, em Curitiba. Conhecido como o “Vampiro de Curitiba” por sua obra, sua reclusão e genialidade, Dalton deixa um legado imortal na literatura nacional. A informação sobre sua morte foi confirmada pelo ex-prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, em uma publicação nas redes sociais que posteriormente foi retirada do ar. “Faleceu Dalton Trevisan, 99 anos, um dos maiores autores da literatura brasileira e como ninguém retrata a natureza complexa de personagens e de Curitiba! Até o anúncio de seu falecimento entrará para as lendas do Vampiro!”, declarou Fruet.

Assim como toda a vida de Dalton, sua morte está envolta em mistério. Segundo informações da lista de falecimentos da Prefeitura de Curitiba, o escritor morreu em casa e não haverá velório. O registro ainda indicava que ele seria cremado em um cemitério da Região Metropolitana de Curitiba. Pouco tempo após a publicação, os dados desapareceram do informativo oficial.

Dalton Trevisan nasceu em 14 de junho de 1925, em Curitiba, e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná. Abandonou a advocacia após sete anos para dedicar-se à fábrica de cerâmicas da família e, posteriormente, à sua grande paixão: a literatura. Em 1945, publicou sua primeira obra, a novela Sonata ao Luar, e entre 1946 e 1948 liderou o grupo literário responsável pela revista Joaquim, referência no cenário cultural da época. Em 1965, lançou O Vampiro de Curitiba, obra que o consagrou e lhe rendeu o apelido pelo qual se tornaria conhecido. Autor de uma vasta obra, Dalton foi laureado com os mais importantes prêmios literários, incluindo o Prêmio Camões (2012), quatro Prêmios Jabuti, o Prêmio Machado de Assis, entre outros.

Trevisan era notoriamente avesso à mídia e ao contato público. Recusava entrevistas, não aceitava ser fotografado e mantinha sua vida pessoal em sigilo. Sua casa na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, no Alto da Glória, tornou-se um símbolo do mistério que cercava sua figura. Nos últimos anos, mudou-se para um apartamento na Alameda Doutor Muricy, onde continuava trabalhando em novas edições de seus contos e na organização de seu acervo.

Mesmo em seus últimos anos, Dalton permanecia ativo no universo literário, como relatou a revista Piauí em junho de 2021. A reclusão e o mistério que o rodeavam não diminuíram sua presença marcante na literatura brasileira, sendo lembrado como um dos maiores contistas de todos os tempos.

Redação DiárioPB

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