Moro perde Coaf e pode até pedir demissão
A comissão especial da Reforma Administrativa que reestruturou o governo Jair Bolsonaro impôs uma derrota ao Planalto ao aprovar, nesta quinta-feira (9), a transferência das atividades do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para o Ministério da Economia.
A articulação, com o apoio de parlamentares do centrão e da oposição, resultou no apoio de 14 dos 25 membros do colegiado. O assunto, contudo, ainda deverá passar pelo plenário da Câmara e do Senado antes da sua efetivação.
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, vinha defendendo enfaticamente a permanência do Coaf na sua pasta alegando a necessidade aproximação e integração do órgão às forças policiais e também do ministério público. O objetivo, segundo ele, seria dar maior eficácia ao combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Moro também já tinha ameaçado pedir demissão caso tivesse seus poderes esvaziados. (Leia no Brasil 247). Para muito parlamentares, porém, a ida do Coaf para o Ministério da Justiça poderia resultar no início da implantação de um estado policial no Brasil.
Além do retorno das atvidades do Coaf para o Ministério da Economia, o líder do governo no Senado e relator da MP, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), também aceitou outros pontos questionados pelos parlamentares, como a volta da Funai ao Ministério da Justiça – que Moro já havia dito que não queria “porque não estaria no foco específico do ministério” (leia no Brasil 247) – e o fim do monitoramento das ONGs pela Secretaria de Governo.