Depois de ser internado na última quinta-feira (9) no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Recife, Carlos Antônio dos Santos Freitas, que pesa 420 kg, foi diagnosticado como desnutrido. Segundo os médicos que acompanham o caso, Carlinhos tem deficiência de proteína e precisa passar por reeducação alimentar.
De acordo com Ana Caetano, gerente de atenção à saúde do HC, cada clínica está avaliando o caso para poder começar o tratamento.
Fizemos alguns exames de sangue e a primeira coisa que detectamos é que ele tem índice de proteína baixa. Ele é um gordo desnutrido.
Álvaro Ferraz, chefe do serviço de cirurgia geral do hospital afirma que o déficit de proteína é normal em superobesos de regiões de muito baixo nível social.
Essa deficiência acaba afetando outras coisas, como pele, pelos e o funcionamento de outros órgãos. Ele tem vários problemas associados. A obesidade mexe com o coração, fígado, pulmão, e agora estamos tentando identificar a real situação de todos estes problemas.
A baixa proteína é uma das desnutrições mais difíceis, explica Ferraz.
Vai demorar para recuperar o nível proteico. É um tratamento de longo prazo, de no mínimo dois meses, mas pode levar mais.
Segundo os médicos, o caso de Carlinhos não é tão grave quanto o esperado. Nos primeiros exames de sangue foi percebido que ele não possui anemia, que o nível de glicose está normal e que a pressão arterial do jovem também não apresenta problemas.
O principal problema foi a deficiência proteica, que também causa o baixo colesterol. A parte hormonal ainda não teve resultado. O ponto de partida é tentar mudar a alimentação dele, que era baseada somente em carboidratos. Agora vamos balancear a dieta e futuramente, começar a restringir a alimentação para ele perder peso.
Ana afirma que Carlinhos não é muito fã de saladas de frutas, mas que as enfermeiras estão inserindo este tipo de alimento aos poucos na dieta do jovem.
Por isso, precisamos também trabalhar o psicológico. Ele come muito carboidrato, como biscoito, macarrão, arroz, massas. Ele não comia carne, comia muitos doces. Precisamos readaptar a ingestão alimentar desse paciente, com frutas, saladas, gradativamente. Não podemos mudar tudo radicalmente, para ele não estranhar. Diminuímos a ingestão de carboidratos. Ele antes comida pacotes de biscoito, agora já diminuímos a quantidade, para ele ir se adaptando.
Luciana Siqueira, cirurgiã-geral do HC, ainda conta que os médicos não diminuíram a ingestão de calorias do jovem. Segundo ela, a dieta de 2.000 calorias por dia ainda está muito longe de ser aplicada.
Começamos a colocar mais qualidade na alimentação dele, mas não podemos mudar radicalmente a dieta. Ele hoje está comendo cerca de 10 mil calorias por dia, mas come a cada três horas e já tem alimentos essenciais para a reeducação na dieta.
De acordo com Luciana, a psiquiatria responsável por Carlinhos acredita que ele tem diminuição cognitiva (problemas mentais) grande, e a condição social agravou a situação, porque ele não interagiu com muitas pessoas quando era mais novo.
Além disso, também afirma que Carlinhos só possui infecções tópicas, como as úlceras na pele, por conta de não se mexer muito e não sair do chão há muito tempo.
De acordo com Ferraz, o jovem de 28 anos não apresenta mais a agitação que tinha em casa, por conta dos medicamentos.
Já introduzimos remédios que combatem a ansiedade dele. Ele está muito mais tranquilo. O bom destes medicamentos é que eles também ajudam a controlar o apetite.
Ainda esta semana, Carlinhos começará a fazer atividades físicas, conta o médico.
Ele passará por atividades com profissionais de terapia ocupacional e educação física. Mesmo na cama ele fará alguns movimentos, que ajudarão na aceleração do metabolismo, e consequentemente na perda de peso e no ganho de força muscular.
Ferraz ainda diz que, aparentemente, grande parte do volume da perna dele é água, e pode ser que restaurando o nível proteico dele isso diminua.
A partir daí, poderemos saber como será feita a cirurgia para redução de gordura corporal.
São aproximadamente dez equipes que trabalham no atendimento de Carlinhos. De acordo com o médico, são profissionais das áreas de educação física, terapia ocupacional, nutrição, psiquiatria, psicologia, cirurgia, enfermagem, endocrinologia, cardiologia, dermatologia, infectologia e fisioterapia.
Fonte: R7
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