Mais um escândalo: MEC destinou R$ 26 milhões para compra de kits de robótica para escolas sem água encanada e computador
O presidente Jair Bolsonaro destinou R$ 26 milhões de recurso do Ministério da Educação (MEC) para a compra de kits de robótica para escolas de pequenos municípios de Alagoas que sequer contam com água encanada e computadores.
Mais um escândalo para a conta do governo que “não tem corrupção”, porque não deixa ter investigação. O presidente Jair Bolsonaro destinou R$ 26 milhões de recurso do Ministério da Educação (MEC) para a compra de kits de robótica para escolas de pequenos municípios de Alagoas que sequer contam com água encanada e computadores.
Para além da ausência de critérios de razoabilidade na destinação de recursos públicos, um fato chama a atenção. A empresa contratada para fornecer os kits de robótica para as escolas de Alagoas pertence a aliado de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, que tem sob sua responsabilidade as verbas de relator, o chamado orçamento secreto. Municípios que contrataram o kit robótica com a empresa do aliado de Lira concentram 79% do total gasto pelo governo Jair Bolsonaro com essas despesas em 2021 em todo o país, o que representa R$ 31 milhões.
Os R$ 26 milhões liberados para aquisição do material aos municípios alagoanos representam 68% de todo o orçamento destinado à compra desse item neste ano pelo Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação para todo o país. O segundo estado que recebeu mais recurso para esse fim, foi Pernambuco, com 13%. No ano inteiro de 2021, o FNDE pagou apenas R$ 2,4 milhões para a compra de kits de robótica.
A Megalic, de acordo com a Folha de S.P., pertence a Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, ambos próximos a Lira, e, apesar do contrato milionário, não produz kits de robótica, mas atua no fornecimento de materiais de limpeza e instrumentos médicos.
O jornal esteve em algumas das cidades e constatou que as escolas destinatárias dos kits sofrem com uma série de deficiências de infraestrutura básica: pátio de chão batido, falta de salas de aula, de computadores, de laboratórios, de internet e até de água encanada. Além de obras não concluídas por falta de liberação de recursos federais.
Verbas que deveriam ser aplicadas em questões educacionais mais urgentes e prioritárias estão indo para empresários e políticos ligados ao Centrão. Lula já disse que, com orçamento secreto nas mãos, Lira manda mais na política de investimentos do país do que Bolsonaro.
Educação em risco
Em menos de um mês, esse é o terceiro escândalo ligado a uma das pastas mais importantes para o desenvolvimento do país. O ex-ministro Milton Ribeiro entregou o cargo no final de março, uma semana após a revelação de uma gravação no qual ele afirma que repassava verbas do ministério para prefeituras indicadas por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Na última quarta (06), os pastores faltaram à sessão da Comissão de Educação do Senado Federal para prestar explicações.
Essa semana, diretores do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), indicados por Valdemar da Costa Neto e Ciro Nogueira (presidente do PL, partido do presidente, e ministro da Casa Civil, respectivamente), autorizaram licitação bilionária para a compra de ônibus escolares com preços inflados em R$ 732 milhões. Após denúncia da imprensa, a homologação do pregão foi suspensa por determinação do Tribunal de Contas da União.
A Educação, sob Bolsonaro, está desmoronando.
Fonte: Portal Lula.