Mais um caso de nazismo no futebol demonstra a ascensão dessa ideologia criminosa no Brasil
No programa do Rifando a Bola desta quarta-feira (16), abordamos a atitude da torcida do xavante ao expulsar um torcedor das arquibancadas devido a uma tatuagem nazista, confira!
Durante a partida entre o Brasil de Pelotas e o Novo Hamburgo neste domingo (13), um cidadão foi retirado das arquibancadas do Estádio Bento Freitas, em Pelotas (RS), por possuir duas tatuagens com apologia ao nazismo. A torcida do Brasil de Pelotas se revoltou com a atitude do torcedor e chamou a polícia, que retirou o cidadão das dependências do estádio.
Assim, o clube de Pelotas excluiu o torcedor de seu quadro de sócios e se manifestou nesta segunda-feira (14), por meio das redes sociais, onde exaltou a história do clube no combate contra qualquer ato de discriminação:
“Graças a gerações de xavantes que ao longo de 110 anos nos trouxeram até aqui, o Brasil tem na própria história um instrumento contra qualquer discurso ou ato de discriminação. É por essa consciência histórica que aqueles que se sentem representados pelos discursos de ódio, infelizmente cada vez mais comuns, são e sempre serão repelidos da Baixada. Quem diz isso não é só o clube, como instituição. É a nossa torcida, que sabe reconhecer ao longe quem não tem dignidade para se dizer Xavante.”
Crescimento do nazismo no Brasil
Dessa forma, nós do Rifando a Bola fomos mais uma vez foi obrigados a comentar esse fato que, infelizmente, vem se tornando cada vez mais corriqueiros nos estádios e em nossa sociedade, como disse Brenow Muniz durante o programa. Pois, desde 2018 vem sendo registrados um aumento considerável dos casos de nazismo em nosso país e quem prova isso é a antropóloga Adriana Dias, que faz um levantamento do número de células neonazista no Brasil desde 2016. No caso, células nazistas são grupos de pelo menos três pessoas que se unem para divulgar suas ideias criminosas na sociedade seja de forma digital ou presencial.
Assim, um mapa elaborado por Adriana apontou que as células de grupos neonazistas cresceram 270,6% no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021, e se espalharam por várias regiões do país, impulsionadas pelos discursos de ódio e extremistas contra as minorias representativas, sempre amparados pela falta de punição. Em números, Dias revelou que existem pelo menos 530 núcleos extremistas, que podem conter cerca de 10 mil pessoas ativas operando no Brasil hoje. Segundo a antropóloga, a maioria desses cidadãos se identificam como neonazistas e têm em comum o ódio contra mulheres, judeus, negros e homossexuais.
Coincidentemente ou não, esse crescimento ocorreu no mesmo momento da ascensão de Jair Bolsonaro a presidência da República. E não é por acaso, Bolsonaro faz apologia a ditadura e ao nazismo desde que entrou na política. Como podemos ver no vídeo do programa da “Escolinha do Professor Raimundo”, em 1995, brincando com o fato dele querer a volta da ditadura militar no Brasil:
[KGVID]https://diariopb.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Escolinha-Bozo.mp4[/KGVID]Além disso, em suas pesquisas Adriana Dias descobriu uma carta de Bolsonaro em um site em 2004. Na carta, o então deputado estadual dizia:
“Vocês são a razão da existência do meu mandato”.
Portanto, não é surpresa a ascensão dessa ideologia criminosa com a eleição de 2017. Pois, muitas pessoas com essa ideologia foram incentivadas pelos discursos discriminatórios e de ódio e, dessa forma, saíram dos esgotos para divulgarem suas faces fascistas que pouco eram vistas antes das eleições. E isso tudo apoiado na recente onda de extrema-direita que vem assolando o mundo nos últimos anos, promovendo líderes autoritários e disseminando ideais fascistas pelo mundo.
Está na hora de cumprir a lei!
Em entrevista ao “Fantástico”, programa da Rede Globo, a juíza federal Cláudia Dadico comentou sobre a falta de uma legislação clara sobre esse discurso de ódio no Brasil, como uma barreira para a punição desses criminosos:
“Os casos que tenho acompanhado da Polícia Federal tem tido realmente um esforço grande no sentido de investigar e punir. O que ocorre é que muitas vezes alguns operadores do direito têm uma compreensão da liberdade de expressão que acaba, de certa forma, obstaculizando a punição desses crimes, que claramente não se situam dentro do campo da liberdade de expressão”, disse a magistrada.
De acordo com as leis brasileiras, pode ser preso por um a três anos quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos nazistas. Contudo, o que temos visto é o aumento de casos e a impunidade para esses criminosos que disseminam esse discurso de ódio no país. Como é o caso deste cidadão de Pelotas (RS), que até o momento foi apenas expulso do quadro de sócios do clube. Portanto, o Rifando a Bola não podia deixar de expressar sua indignidade com esse fato e parabenizar a torcida do Xavante pela atitude. Confira abaixo o trecho do programa sobre esse episódio lamentável;
Por Diogo Coelho