Maduro diz que não reconhecerá jurisdição internacional sobre Essequibo
Referendo realizado no último domingo apontou que, para 95% dos venezuelanos, a região rica em petróleo pertence ao país
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reafirmou nesta terça-feira que seu país não reconhecerá, em nenhuma circunstância, a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ), das Nações Unidas, na disputa territorial com a Guiana pelo território de Essequibo, segundo informa a agência Sputnik.
As declarações foram feitas durante a assembleia do Conselho Federal de Governo, Conselho de Estado e Conselho de Defesa da Nação, após críticas dos Estados Unidos ao referendo consultivo.
“Escutem-me Matthew Miller [porta-voz do Departamento de Estado dos EUA], Brian Nichols [subsecretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA], a Venezuela falou com voz clara”, declarou Maduro.
Miller instou a Venezuela e Guiana a resolverem a disputa de maneira pacífica, destacando que tal questão não poderia ser resolvida por meio de referendo. Já Nichols advertiu que Washington poderia revogar o alívio de sanções.
Também na assembleia, Maduro propôs uma lei para estabelecer norma que proíba a contratação com empresas que colaborem nas concessões unilaterais dadas pela Guiana no mar ainda não delimitado. Além disso, solicitou que todas as empresas que receberam concessões da Guiana tenham prazo de três meses para se retirarem das operações no território em disputa.
O presidente venezuelano anunciou ainda a criação da “Zona de Defesa Integral Guayana Esequiba” e designou Alexis Rodríguez Cabello como Autoridade Única de forma provisória.
Mais cedo, o Ministério da Defesa do Brasil confirmou o envio de 20 veículos blindados para o município de Pacaraima, em Roraima, que faz fronteira com a Venezuela. Além dos veículos, o ministro da Defesa, José Múcio, confirmou que 130 homens também serão enviados para reforçar o contingente.
No domingo (3), os venezuelanos votaram “sim” em relação ao referendo consultivo em defesa do território de Essequibo, apoiando a criação de uma nova província, a “Guayana Esequiba”. O referendo teve a participação de mais de 10,5 milhões de cidadãos. O objetivo foi ouvir a população venezuelana sobre a decisão da Guiana de leiloar blocos petrolíferos em território não delimitado. O governo guianense concedeu contratos de perfuração a empresas como ExxonMobil, dos Estados Unidos, Total Energies, da França, entre outras.
A situação na região continua tensa, com implicações geopolíticas significativas. A Venezuela permanece firme em sua posição de não reconhecer a jurisdição da CIJ na disputa por Essequibo, enquanto a comunidade internacional observa de perto os desdobramentos dessa controvérsia territorial.
Com Agência Sputnik e Brasil 247