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Lula celebra sua “melhor visita” ao Japão e mira novo acordo entre Mercosul e o país asiático

Presidente destaca avanço em transição energética e exportação de carne, e afirma que COP30 será marcada por compromissos sérios contra o aquecimento

Lula se reuniu com pesquisadores no Japão (Foto: Ricardo Stuckert)

Após quatro dias de compromissos de alto nível em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como a mais significativa de todas as suas visitas ao Japão a viagem oficial encerrada nesta quinta-feira (27). “Saio do Japão muito satisfeito. Essa foi a visita mais importante que fiz ao Japão, das cinco que já fiz”, declarou o presidente, em coletiva de imprensa antes de embarcar para o Vietnã, segundo destino da agenda asiática.

Durante a visita de Estado, a comitiva brasileira — composta por ministros, parlamentares, empresários e representantes sindicais — firmou dez acordos e cerca de 80 instrumentos de cooperação, em áreas como agricultura, educação, saúde, ciência e tecnologia, comunicações, aviação e transição energética. Um dos destaques foi o anúncio da compra de 15 jatos da Embraer pela All Nippon Airways (ANA), maior companhia aérea japonesa, em um negócio estimado em R$ 10 bilhões.

“É preciso retomar uma relação comercial muito forte com o Japão”, enfatizou Lula. “Queremos vender e comprar. Queremos que as indústrias brasileiras estejam no Brasil produzindo etanol, biodiesel, hidrogênio verde, carro híbrido com tecnologia avançada, para que a gente possa contribuir com a descarbonização do planeta Terra.”

Acordo Mercosul-Japão e carne brasileira na pauta

Entre os compromissos firmados e as ambições futuras, está a possibilidade de um acordo comercial entre o Japão e o Mercosul, bloco que o Brasil presidirá no segundo semestre. “Se depender de mim, vai acontecer o que aconteceu com a União Europeia: vou trabalhar para que a gente possa fazer um acordo com o Japão”, afirmou.

Outro tema central foi a abertura do mercado japonês à carne brasileira. Lula ressaltou que o Brasil possui rebanhos de excelência, livres de febre aftosa, e que o primeiro-ministro japonês prometeu enviar especialistas para inspecionar a produção nacional. “Eu acredito que ainda este ano a gente vai ter uma solução nessa questão da carne”, disse.

Parceria ambiental e energética

No campo ambiental, Lula propôs cooperação para recuperar 40 milhões de hectares de terras degradadas, aproveitando a experiência japonesa no desenvolvimento do Cerrado. “A gente pode transformar essas áreas em zonas produtivas maiores que Portugal”, explicou.

O presidente também reiterou o convite para que empresas japonesas participem da transição energética brasileira. Segundo ele, o Japão avalia adotar 10% de etanol na gasolina, além de começar a produzir biodiesel, abrindo espaço para maior cooperação tecnológica.

Compromisso com a COP30 e críticas à ONU

Lula destacou ainda que a COP30, marcada para 2025 em Belém (PA), será tratada com seriedade. “Não queremos uma COP que seja um festival de pessoas andando como se fosse um shopping de produtos climáticos, ambientais, sem ninguém ter responsabilidade”, criticou. “Queremos uma COP com decisões que possam ser cumpridas.”

Sobre a governança global, Lula voltou a criticar a atual estrutura do Conselho de Segurança da ONU. “Hoje, os membros do Conselho tomam decisões, fazem guerras de forma unilateral e ainda têm direito a veto. A mesma ONU que teve força para criar o Estado de Israel, não tem nenhuma força para criar o Estado Palestino.”

Multilateralismo e combate ao protecionismo

Ao destacar o papel do Brasil na defesa do multilateralismo, Lula denunciou a contradição dos países desenvolvidos. “Na década de 80, todos defendiam o livre-comércio. Agora, os mesmos praticam o protecionismo. Temos que vencer o protecionismo e fazer com que o comércio cresça.”

A visita ao Japão marca os 130 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Ficou acordado que os chefes de Estado se reunirão a cada dois anos, com o objetivo de aprofundar os laços econômicos e estratégicos. Em 2011, o fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a US$ 17 bilhões, mas caiu para US$ 11 bilhões em 2024. A meta agora é recuperar e expandir essa relação.

A viagem segue agora para o Vietnã, onde Lula continuará sua agenda de aproximação com países asiáticos. Confira sua entrevista coletiva:

 

Redação DiárioPB

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