Luiz Couto cita motivos para ir às ruas e lutar pela rejeição do impeachment
Em dois pronunciamentos registrados na Câmara dos Deputados na última sexta-feira, 31, o deputado Luiz Couto (PT-PB) abordou aspectos da atual crise política existente no Brasil. No primeiro deles, Couto citou um texto do professor Pedro Rossi, diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicam, que aborda os motivos pelos quais os brasileiros devem ir às ruas demonstrar o que pensam a respeito do golpe arquitetado para tirar a presidente Dilma Rousseff (PT) do poder.
O estudioso afirma que o combate ao crime não se faz cometendo crimes, mas que o exercício da função de juiz pressupõe equilíbrio e imparcialidade. “A atuação de certos juízes e membros Ministério Público não atendem a esses critérios, muitas ações são meras perseguições políticas e linchamento público.
Apoiar isso, contra quem quer que seja, é apoiar um estado de exceção que pode coagir, condenar sem julgamento, desrespeitar direitos básicos e prender qualquer cidadão”, diz Pedro Rossi, que vê ainda em curso uma campanha obscena da mídia na qual a manipulação não se resume somente à desinformação, mas também trabalha com informações falsas, que estampam manchetes de jornal e vão ao ar no Jornal Nacional. “Se há como apontar um principal entrave ao avanço da democracia no Brasil, esse se chama mídia golpista, codinome Rede Globo”.
Na visão do professor, o discurso anticorrupção mascara o ódio e se destina à desconstrução do Estado Social previsto pela Constituição de 1988, cujo objetivo era um projeto de nação que preserva instrumentos para o Estado atuar na economia (vinculação de fundos, estatais etc.) e apresenta como grande novidade o Estado Social, que garante direitos ao cidadão e atribui deveres ao Estado.
Rossi ainda diz que os avanços democráticos sempre foram obtidos pela esquerda. “Historicamente, a democracia é uma construção que ocorreu nas ruas, desde a derrubada dos poderes do rei na revolução francesa, passando pelos movimentos sufragistas que garantiram o voto universal, mas foram violentamente reprimidos pela direita… até as lutas que deram novo sentido à democracia com a incorporação da noção de cidadania e de direitos sociais, o que consolidou a chamada Democracia Social, hoje atacada ferozmente no Brasil e no mundo”.
10 motivos contra o impeachment – Em seu discurso, Couto ainda citou 10 motivos pelos quais o impeachment da presidente Dilma Rousseff deve ser rejeitado. São eles:
Primeiramente, as quebras de alianças são um dos maiores pontos para percebemos o transcurso do Golpe, dado pelo vice-presidente Michel Temer, pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha e o insatisfeito pela derrota Aécio Neves e seus aliados.
Segundo: o Golpe não é contra a pessoa de Dilma e sim contra o povo e contra o Brasil, pois o que está em jogo é o espaço da democracia que é garantido a todos os trabalhadoras deste país.
Terceiro: a classe rica é a mais favorável ao Golpe, pois seus soldadinhos bem como Rede Globo, capital financeiro/bancos, fundos internacionais de investimentos, empresas transnacionais (principalmente dos Estados Unidos) em aliança com setores do judiciário (burocracia rica do estado) que envolve promotores e juízes, somando ainda partidos políticos como PSDB, DEM, PPS e parcelas do PMDB, são elas que estão por trás da tentativa de destruir a democracia e criar um “Estado de Exceção” no Brasil.
Quarto, sabemos que o golpe é para tomar as principais riquezas e empresas do povo brasileiro, pois seus projetos são destinados a privatização e transformá-los em negócios particulares e lucrativos aos grandes empresários.
Quinto, o golpe irá piorar a vida do povo, pois seu objetivo é impor o rebaixamento dos direitos sociais e trabalhistas e retirar os ganhos. A terceirização, o desemprego, a precarização e os padrões de desigualdade social serão aprofundados.
Sexto, é preciso que nos posicionemos todos contra um estado de exceção que foi criado para prejudicar o projeto político da esquerda brasileira e os avanços sociais. Neste período do vale tudo jurídico, um juiz grampeia a presidenta da República, expõe as gravações na TV e depois de todo o estrago, pede desculpas como se isso pudesse remediar o crime cometido por ele contra a Pátria.
Em sétimo, é vergonhoso para o Brasil estar em todas as manchetes internacionais com sua jovem democracia ameaçada por um golpe urdido nos bastidores dos setores economicamente poderosos, como se nossas instituições não fossem capazes de resistir a esta armação.
Em oitavo, se vivemos hoje uma crise econômica, o que poderemos esperar do cenário pós-Golpe? Mais instabilidade e fragilidade de um eventual governo que não teve um voto, cujo maior feito terá sido trair a democracia para se apossar da cadeira presidencial.
Em nono, é importante não perder de vista que impeachment se dá quando um presidente comete um crime de responsabilidade. Dilma Rousseff não cometeu crime algum. A alegação principal no pedido de seu afastamento éde que ela teria autorizado pedaladas fiscais, o que vários presidentes fizeram antes dela, sem qualquer sanção.
Finalmente, em décimo lugar, o povo brasileiro sabe que Dilma não é Collor. Nossa presidente é guerreira. Uma lutadora pela democracia mesmo nos anos de chumbo da ditadura. Contra ela não pesam denúncias de corrupção. A base de apoio de Dilma e do PT não está nos gabinetes.
Está nas ruas, nos trabalhadores e trabalhadoras que viram sua qualidade de vida melhorar nas gestões do PT. Graças a Dilma e Lula, as minorias sociais hoje têm vez e voz. Da maneira como está posto, o pedido de impeachment é inconstitucional e é golpe. O povo brasileiro não aceita e vai demonstrar isso em todo o país nas ruas. Lutando, mais uma vez, pela salvaguarda de seus direitos, pelo respeito ao voto da maioria e pela manutenção da democracia em nosso país.
Da redação com assessoria