Lewandowski: presidente do INSS foi afastado por suspeita de crimes
Ministro da Justiça diz que crimes levaram ao afastamento de cinco dirigentes do INSS e à apreensão de bens de luxo

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (23) que o afastamento da cúpula do INSS foi determinado pela Justiça após o avanço das investigações da Operação Sem Desconto, que apura o desvio de R$ 6,3 bilhões em benefícios previdenciários desde 2016. A ação foi deflagrada pela Polícia Federal com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Por determinação judicial, foram afastados cautelarmente, por suspeita de envolvimento nesses crimes, que são vários, o presidente do INSS, o diretor de Benefícios de Relacionamento com Cidadão, o procurador-geral junto ao INSS, o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente e o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios”, afirmou Lewandowski em coletiva de imprensa.
O ministro destacou ainda a gravidade do esquema, que resultou na apreensão de bens de alto valor durante as diligências. “Foram apreendidos muitos bens, carros de luxo de alto valor, dinheiro em espécie, joias e quadros”, relatou.
Segundo Lewandowski, o afastamento foi solicitado pela própria Polícia Federal, com base em um inquérito instaurado em junho de 2024. “A Justiça entendeu pelo afastamento. Houve notícias da imprensa, no final de 2023, análise do TCU, ações da CGU, reportando as sucessivas fraudes, e houve continuidade sem que houvesse ações mais efetivas no sentido contrário. Tudo isso levou ao afastamento não só do presidente, mas dos servidores citados”, explicou.
A dimensão da fraude foi reforçada pelo ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, que apresentou os resultados de uma auditoria feita em 1.300 aposentadorias e pensões com indícios de desconto irregular. “Não é 100% de desconto ilegal, sobre o valor de R$ 6,3 bilhões. A amostra que fizemos deu 97%, de pessoas que não estavam de acordo com isso”, afirmou.
Segundo Carvalho, embora parte dos valores possa ter sido autorizada, os dados demonstram que a grande maioria dos beneficiários não consentiu com os descontos aplicados em seus pagamentos. “Fizemos essa amostragem. Mas dá para dizer com tranquilidade que a maioria deles não tinha autorizado”, completou.
A Operação Sem Desconto está em fase inicial, e novas diligências não estão descartadas. Os servidores afastados, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, ainda não se manifestaram publicamente.