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Jornalistas de Alagoas entram em greve contra redução salarial e ataques a direitos

Jornalistas dos principais veículos de comunicação de Alagoas entraram em greve por tempo indeterminado contra o ataque dos donos empresas aos direitos dos trabalhadores – o que inclui uma proposta de reduzir em 40% o piso salarial pago atualmente à categoria.

A greve teve início na terça-feira (25), quando dezenas de jornalistas de várias empresas se dirigiram às 4h da manhã para as portas das TVs Gazeta (Rede Globo), Pajuçara (Rede Record) e Ponta Verde (SBT) para protestar e conversar com os profissionais que entram nesse horário.

Antes da greve, houve uma série de tentativas de negociação, em que os trabalhadores reivindicaram reposição inflacionária e as empresas responderam com redução do piso. Foram seis reuniões em que as emissoras não cederam em seu objetivo de precarizar o trabalho.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), 90% da categoria parou suas atividades, incluindo, além das emissoras de rádio e TV, também o pessoal dos impressos.

“As empresas estão propondo reduzir o piso salarial de R$ 3.565,27 para R$ 2.150,00; implantação do banco de horas; teletrabalho e compensação de jornada. Não vamos aceitar”, afirma o presidente do sindicato, Izaias Barbosa.

Resistência

O que acontece em Alagoas pode se repetir em outros estados, alerta a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga.

“Não podemos aceitar a redução do piso salarial aqui, porque não podemos aceitar a redução do piso salarial em canto nenhum”, disse ela. “Isso torna a luta dos jornalistas alagoanos uma luta emblemática, uma luta nacional”, conclui.

Mais de 50 sindicatos, associações, partidos, coletivos, políticos, movimentos e estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) declararam apoio à greve. O apoio social fez a hashtag #QuemPagaFazAoVivo entrar nos Trending Topics no Twitter do Brasil na terça-feira.

Desrespeito

As empresas de comunicação de Alagoas acumulam um histórico de desrespeitos aos trabalhadores. Em novembro de 2018, a Organização Arnon de Mello, de propriedade do senador Fernando Collor de Mello, demitiu 30 dos 45 jornalistas do jornal Gazeta de Alagoas.

No lugar, contratou estagiários por R$ 100 de bolsa e auxílio transporte. O valor é inferior ao que o mercado paga no estado: de R$ 400 até um salário mínimo. A empresa também não indenizou os demitidos nem deposita FGTS desde 2006.

O ataque aos jornalistas acontece num contexto maior de ofensiva contra os direitos dos trabalhadores.

“Infelizmente, nós chegamos no momento em que a classe trabalhadora está na resistência; está brigando para não perder mais, invés de brigar para ganhar mais e mais. É um momento difícil para classe trabalhadora brasileira, é um momento difícil para classe trabalhadora do mundo”, explicita Maria José, da Fenaj.

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