GERAL

J’ACCUSE TAMBÉM

professora agredidaNão podemos, isto é, não devemos opinar sobre tudo que ocorre, mas há fatos que nos arrancam do torpor em que nos envolve a estafante faina diária. Eis que ontem, olhando algum site de notícias, deparo-me com determinada manchete: “Aluno espanca professora após ser punido por explodir um mictório”. Até aí “tudo bem”, em se tratando de Brasil, que é a terra de ninguém, professor ser desrespeitado, espancado e até assassinado, por algo que se convencionou chamar de aluno, virou lugar comum.

Mas esse caso é impressionante, a professora Carla Valéria de Oliveira, 41 anos, professora da rede pública no Estado de Sergipe, também diretora da escola. Foi brutalmente espancada por um… aluno (a lei não me permite usar outra palavra) e o tal aluno tem apenas 16 anos, ou seja, ele é classificado como um anjo, porém não concordo que seja um Querubim, só se for anjo do partido de Lúcifer. Veja, ela é maior ele menor, mas este tem mais força e mais malícia do que aquela, porquanto ele venceu. Então se alguém tem muita força, tem de ter juízo o suficiente para controlá-la, para não cometer desatinos. O leão tem mais força que os humanos. Logo, os dois não podem ocupar o mesmo espaço. Isso é lógica elementar só quem não percebe isto são os administradores do estado, da sociedade, das escolas e outras almas caridosas.

Por falar nisso, gostaria de saber o que significa escola; qual sua função e seu escopo na sociedade, dita humana. Por que se for lugar de estudar e aprender, aperfeiçoar qualidades e tornar-se cidadão; e se o país quiser buscar os trilhos de uma sociedade digna, equilibrada e justa, tem que parar na próxima estação, fazer mea culpa, e retomar a discussão para saber se esse tipo de criatura tem o direito de ir à escola. Mesmo que a Constituição Federal garanta o direito de todos irem à escola, há de ficar patente que um direito só é tido como tal, quando não atenta contra a vida de outrem. Por mais que queiramos ter direito sobre a vida do outro, isso não se constitui direito nem natural nem adquirido. Um direito é sempre um beneficio para o alcance da felicidade e esta nunca se coaduna com qualquer prática que seja danosa a si mesmo ou a quem quer que seja. As pessoas que de alguma forma dirigem a sociedade, algum dia já parou para pensar para aonde está indo esta sociedade? Qual será o seu destino?

Alguns professores dizem erroneamente que os pais jogam os filhos na escola para que os professores o eduquem. Não é verdade. Se assim o fosse os professores teriam poder para educá-los, mas mesmo assim não conseguiriam, pois educação só os pais podem e têm por obrigação de dar aos filhos. E educação de verdade se faz apenas até, no máximo, aos 4 ou 5 anos. E consiste em deixar claro à criança que têm coisas que se pode e tem outras que não se pode fazer, e se ultrapassar este limite há uma preço a pagar. Mas o que os professores têm de ser é respeitados, pois quando o dito aluno não respeita os professores é porque essa palavra não faz parte do dicionário da família em casa. Num bom português: ele não respeita os pais, ou os pais não se fazem respeitar.

Como Zola, tomo a liberdade de dizer: eu acuso. Acuso esse psicologismo que propala que os pais não podem contrariar os filhos, assim estes podem fazer o que muito bem entender, confundindo libertinagem com liberdade. Só acrescento que esses pseudoprofissionais, nem entendem de educação na prática, nem conhecem os grandes e bons teóricos da educação e da psicologia. Leiam, por favor, Paulo Freire, Macavenco, Vygotsky, o próprio Freud. Simplificando, a educação nada mais é do que um embate/diálogo entre Id (a criança) e o Superego (o pai, o educador) para se chegar ao Ego que equivaleria a um adulto equilibrado, consciente e respeitoso.

Acuso o pedagogismo bon marché que, a reboque do tal psicologismo, constrangem os educadores a serem permissivos e até perniciosos, praticantes do laisser-faire, laisser-passer, para agradar o discurso fácil que compõe a pauta do dia.

Acuso os pais que não aprenderam a educar os filhos, porque ficam temerosos achando que exercer a autoridade de pais, estão sendo autoritários. Vale um lembrete-alerta: a escola, desmoralizada e coagida como está, vai passar a mão na cabeça do seu filho, sim, mas o mundo não o vai. E muitos pais de adolescente, que se achava senhor, sabem do que se aqui está tratando.

Acuso o Estado que, por meio de leis e mais leis (é só o que sabe fazer), solapou o poder de pais e mães, impedindo-os de educar seus filhos para um futuro, por vezes árduo, mas digno. Pois diz o evangelho que o caminho fácil e a porta larga levam à perdição. (se alguém não aceita o Evangelho como ajuda no comportamento de vida do ser humano, pode desconsiderar esse argumento). Dinheiro e vida fáceis costumam levar pelo mesmo caminho. Que o diga os jovenzinhos pobres que vão na onda de uns e outros, lançam-se e busca de dinheiro fácil e encontram o fim aos 14, 15 ou 16 anos.

Julgo que o Estado não tem direito algum de ditar a educação dos rebentos de nenhuma família, aliás, não há manual de educação. Cada pai e mãe devem encontrar o seu método de educação. Sem interferência de cima para baixo.

Diante desse quadro lamentável nacional, pergunto: sabe, caro leitor, qual será o castigo desse mostro tido como anjo? Nenhum! O estado inoperante, negligente, ineficiente e corrupto compactua com esse tipo de besta-fera para se afetar humanista. E eu pergunto mais uma vez: você consegue divisar traços de humano nessa criatura? Se alguém o consegue eu parabenizo! Ou é muita boa vontade ou então é pacto de semelhança.

Redação DiárioPB

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