Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo e liberação de reféns
Negociações sobre uma segunda fase do acordo começarão no 16º dia da primeira fase, segundo o acordo
Mais cedo, a emissora egípcia Al Qahera News, citando uma fonte egípcia informada, relatou que um acordo de cessar-fogo em Gaza foi alcançado e uma declaração conjunta será emitida em breve.
“Um acordo foi alcançado por meio dos esforços dos mediadores que colocará fim ao sofrimento do povo palestino em Gaza… Uma declaração conjunta será divulgada em breve”, disse a fonte.
Aqui estão os principais elementos do acordo de cessar-fogo, segundo a autoridade citada pela Reuters.
- Uma fase inicial de seis semanas de cessar-fogo inclui a retirada gradual das forças israelenses da região central de Gaza e o retorno de palestinos deslocados para o norte de Gaza
- O acordo exige que 600 caminhões de auxílio humanitário sejam autorizados a entrar em Gaza durante todos os dias do cessar-fogo, 50 deles transportando combustível, com 300 dos caminhões alocados para o norte
- O Hamas libertará 33 reféns israelenses, incluindo todas as mulheres (soldados e civis), crianças e homens com mais de 50 anos. O Hamas libertará primeiro as mulheres reféns e os menores de 19 anos, seguidos pelos homens com mais de 50 anos
- Israel libertará 30 detentos palestinos para cada refém civil e 50 detentos palestinos para cada soldado israelense que o Hamas libertar
- Israel libertará todas as mulheres e todos palestinos com menos de 19 anos detidos desde 7 de outubro de 2023 até o final da primeira fase. O número total de palestinos libertados dependerá dos reféns libertados e poderá ficar entre 990 e 1.650 palestinos detidos, incluindo homens, mulheres e menores
- O Hamas libertará os reféns em um período de seis semanas, com pelo menos três reféns libertados a cada semana e o restante dos 33 antes do final do período. Todos os reféns vivos serão libertados primeiro, seguidos pelos corpos dos reféns mortos
- A implementação do acordo será garantida por Catar, Egito e Estados Unidos.
- As negociações sobre uma segunda fase do acordo começarão no 16º dia da primeira fase e deverão incluir a libertação de todos os reféns restantes, incluindo soldados israelenses homens, um cessar-fogo permanente e a retirada completa dos soldados israelenses
- Uma terceira fase deverá incluir a devolução de todos os cadáveres restantes e o início da reconstrução de Gaza, supervisionada pelo Egito, pelo Catar e pela ONU.
As Forças de Defesa de Israel lançaram a “Operação Espadas de Ferro” na Faixa de Gaza e impuseram um bloqueio total ao enclave em outubro de 2023.
O número de mortos na Faixa de Gaza devido aos ataques indiscriminados israelenses ultrapassou 46 mil desde 7 de outubro de 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza.
Em outubro de 2023, Israel foi alvo de uma operação militar sem precedentes com foguetes lançados da Faixa de Gaza, governada pelo movimento palestino Hamas. Além disso, militantes palestinos invadiram as áreas fronteiriças, abriram fogo contra militares e civis e fizeram reféns. Cerca de 1,200 pessoas foram mortas durante o ataque.
Mais de 250 pessoas foram capturadas no ataque e levadas para a Faixa de Gaza, de acordo com as autoridades israelenses.
As ações de Israel foram alvo, em dezembro de 2023, de uma queixa na Corte Internacional de Justiça (CIJ), apresentada pela África do Sul. Pretória pediu a adoção de medidas provisórias contra autoridades israelenses diante de ações consideradas genocidas. A África do Sul alegou que os ataques e omissões de Israel na Faixa de Gaza violam obrigações sob a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Israel alega estar se defendendo de ataques terroristas e contesta a ação. O governo brasileiro declarou apoio ao processo sul-africano.
Em janeiro de 2024, a CIJ ordenou que Israel tomasse todas as medidas necessárias para prevenir o genocídio na Faixa de Gaza, punisse os defensores do genocídio contra os palestinos e garantisse o fluxo de ajuda humanitária para o povo de Gaza. No entanto, não obrigou Israel a interromper a ofensiva, como havia solicitado a África do Sul na ação judicial. Diversos países, incluindo o Brasil, apoiam o processo contra Israel.
Em novembro de 2024, a CIJ emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e lideranças do Hamas, citando crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negam cometer crimes de guerra.
Negociações de cessar-fogo no Cairo, Egito, e em Doha, Catar, se intensificaram nas últimas semanas.
Brasil 247